No interior empoeirado do sul da Austrália, dezenas de caminhões equipados com sondas imponentes, que perfuram o solo através de mais de 2 quilômetros de profundidade, buscam um dos minerais mais cobiçados do mundo: o cobre.
O depósito de Oak Dam, descoberto por geólogos da BHP em 2018, é um raio de esperança para o CEO Mike Henry, que prevê que a demanda global pelo metal usado em cabos e instalações elétricas dobrará nas próximas décadas com a transição energética, e quer que sua empresa produza mais. O projeto também é uma raridade.
“Globalmente, poucas empresas conduziriam campanhas de perfuração dessa magnitude, nessa profundidade”, disse Michael Fonti, principal geólogo de exploração da BHP no local, apontando um diagrama do depósito em forma de cone.
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Fonti passou mais de duas décadas em locais muito parecidos com este, trabalhando mais recentemente na Olympic Dam, uma vasta e desafiadora operação de cobre e urânio da mineradora. Mas mesmo para a BHP — uma empresa de US$ 140 bilhões que gerou quase US$ 12 bilhões em fluxo de caixa livre no último ano fiscal — grandes projetos do zero como esse são cada vez mais incomuns. São as aquisições, não as descobertas, que viram notícia.
A narrativa de alta do cobre, que impulsionou os preços para níveis recordes em maio, é bem compreendida. A eletrificação, populações mais prósperas e um setor de tecnologia em expansão e faminto por energia são vastas novas fontes de demanda. Um veículo elétrico requer aproximadamente três vezes o volume de cobre que entra em um carro convencional, e a transição energética não acontecerá sem que haja suprimentos suficientes do metal avermelhado para redes elétricas, baterias e chips.
Tudo isso deveria estar provocando um aumento na atividade de prospecção e mineração, para garantir que o fornecimento acompanhe a demanda, especialmente à medida que minas grandes e estabelecidas envelhecem. Mas não está — e isso pode tornar esse metal tão necessário extremamente caro.
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As mineradoras estão em uma contenção de gastos há mais de uma década, para se recuperar dos excessos do boom anterior. Durante anos, os investidores exigiram retornos generosos, não crescimento da produção e certamente não mais risco. E agora que as companhias poderiam voltar a gastar mais com novos projetos, custos elevados, processos de licenciamento lentos e outros obstáculos estão pressionando os maiores produtores do metal a comprar rivais — não a construir do zero.
A BHP, mesmo com seu esforço para construir o cinturão de cobre no sul da Austrália, não é exceção.
Em teleconferência de resultados no mês passado, Henry disse que a empresa seria oportunista em relação a aquisições e que elas não seriam feitas às custas da exploração.
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Mas, em menos de dois anos, a BHP comprou a produtora de cobre e ouro OZ Minerals por US$ 6,4 bilhões; tentou, sem sucesso, comprar a concorrente Anglo American por US$ 49 bilhões, em grande parte por suas minas de cobre na América do Sul; e, em julho, concordou em comprar a mineradora de cobre Filo em parceria com a Lundin Mining, em uma aposta em um projeto em desenvolvimento na fronteira entre Argentina e Chile.
“A mineração é cíclica, e um fator-chave que impulsiona a tendência de comprar em vez de construir é o ponto em que estamos no ciclo”, disse Campbell Cooper, consultor do banco de investimento Greenhill & Co. “Os últimos anos também viram uma aceleração no custo de construção de capacidade nova de mineração. Pode-se dizer que esse custo pode não estar totalmente refletido nos preços das ações, tornando a compra mais atraente.”
Resumindo, construir do zero é preocupantemente arriscado e desanimadoramente caro.
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