É claro que as ações da Intel subiram cerca de dois dígitos desde o anúncio da nomeação de Tan em março, mas isso não é nada comparado a rivais como a Nvidia, que viu suas ações subirem 50% no mesmo período, ou a Advanced Micro Devices, que saltou 60%.
Portanto, quando a Intel divulgar seus resultados após o fechamento do mercado nesta quinta-feira (24), seu CEO precisará conquistar os céticos, traçando um caminho claro para a lucratividade e o crescimento da receita, o que se traduzirá em ganhos significativos no preço das ações.
“Espero que este relatório forneça algumas respostas”, disse Joe Tigay, gestor de fundos do Rational Equity Armor Fund. “Ainda há uma grande oportunidade na Intel, mas, embora ainda possuamos algumas, reduzimos nossa posição para investir em outras ações de chips.”
Antes da divulgação, as ações caíam cerca de 3%.
Corte de custos na Intel
Os investidores ficaram animados quando a Intel nomeou Tan para substituir o ex-CEO Pat Gelsinger. Mas a expectativa diminuiu, já que Tan cortou custos, mas ainda não traçou uma nova direção para a fabricante de chips, que sofreu com perdas de participação de mercado e gastos em novas fábricas caras.
Wall Street espera que a Intel registre um prejuízo de 31 centavos por ação no segundo trimestre, com receita de US$ 11,9 bilhões, uma queda de 7% em relação ao ano anterior, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. E a empresa sediada em Santa Clara, Califórnia, não deve apresentar lucro ou crescimento de receita até meados do próximo ano.
Tan prometeu cortar despesas operacionais e reduzir os gastos de capital em cerca de US$ 2 bilhões este ano. Mas, até agora, a empresa informou a cerca de 4.000 de seus funcionários — apenas 4% do seu quadro total — que seus cargos serão demitidos. Wall Street afirma que muito mais é necessário.
“O próximo evento de resultados tem tudo a ver com um caminho crível para a lucratividade do ponto de equilíbrio”, escreveu KC Rajkumar, analista da Lynx Equity Strategy, em nota de pesquisa. “Mas é preciso mais do que apenas cortes de custos. A receita também precisa crescer.”
A chave para a Intel é lucrar com a construção de infraestrutura de inteligência artificial, talvez a maior bonança que a indústria de semicondutores já viu. Mas esse mercado é dominado pela Nvidia, e avançar será desafiador. Os investidores também querem saber se grandes clientes estão se inscrevendo para usar as fábricas da Intel e se seus chips projetados internamente estão de volta à conquista de participação de mercado.
O mercado não está otimista quanto às perspectivas da empresa. Dos 52 analistas acompanhados pela Bloomberg que cobrem a Intel, apenas quatro recomendam a compra das ações, enquanto 42 recomendam a manutenção e seis recomendam a venda. O preço-alvo médio de 12 meses de US$ 21,93 sugere uma queda de quase 7% em relação ao preço de fechamento da Intel na quarta-feira, de US$ 23,49.
A analista da Bernstein, Stacy Rasgon, que recomenda a ação como equivalente neutro, resumiu a gravidade das questões que a Intel enfrenta em uma nota de pesquisa a clientes em 21 de julho.
“Os números da Intel realmente importam neste momento?”, questionou Rasgon. “Novos produtos podem reverter a situação das ações ou é tarde demais?”