As vendas da Nvidia na China assumiram novos níveis de complexidade, e os investidores esperam uma leitura mais clara quando a fabricante de chips divulgar seus números nesta quarta-feira (27).

As vendas da empresa no maior mercado de semicondutores do mundo têm sido uma fonte de confusão para Wall Street.

Projeções de receita para o terceiro trimestre da empresa estão com uma diferença de aproximadamente US$ 15 bilhões, o dobro da distância entre a maior e a menor estimativa do segundo trimestre e a mais ampla em termos percentuais em pelo menos uma década, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

A receita da Nvidia na China tem sido um problema desde que o governo Biden restringiu a venda de chips de inteligência artificial avançada no país em 2022.

Mas os negócios se complicaram ainda mais com o presidente Donald Trump, que interrompeu as vendas de chips para a China em abril e reverteu a ordem no início deste mês, com a condição de que o governo dos EUA recebesse 15% dos lucros.

E agora Pequim está supostamente incentivando empresas locais a evitarem o uso dos processadores H20 menos avançados da Nvidia. As ações da Nvidia caíram até 1,5% no início do pregão de quarta-feira.

“Isso complica a configuração”, disse Matt Stucky, gerente de portfólio de ações da Northwestern Mutual Wealth Management, antes dos resultados. “A incerteza para mim será se eles conseguirão ou não incluir as receitas da China, e se isso corresponde ou não às estimativas de consenso.”

Nvidia é dor de cabeça para analistas

A discussão sobre as vendas da Nvidia na China está causando dores de cabeça para analistas de Wall Street. Por exemplo, Christopher Rolland, analista da Susquehanna, está resistindo a incluir as vendas dos chips H20 da Nvidia, que foram projetados para a China, em seu modelo. Timothy Arcuri, do UBS, afirma que a inclusão das vendas na China pode elevar a previsão da Nvidia em até US$ 3 bilhões.

Os investidores já estão receosos quanto à exposição das fabricantes de chips à China. Há algumas semanas, as ações da Advanced Micro Devices despencaram mais de 6% depois que a empresa não apresentou uma perspectiva clara para suas vendas na China, ofuscando a projeção geralmente sólida para o negócio.

Como a maior beneficiária da febre da IA, os lucros da Nvidia também serão observados de perto para uma leitura dos gastos com a tecnologia.

“Os investidores esperam que tanto os resultados quanto as projeções sejam alguns bilhões melhores do que o consenso”, disse Brian Colello, estrategista de ações da Morningstar Investment Services. “Há tanto dinheiro rápido no mercado que, se houver apenas um número principal que não corresponda, provavelmente causará uma reação volátil de uma forma ou de outra.”

Além disso, o relatório pode ter implicações importantes para o mercado em geral, dada a posição da Nvidia como a empresa mais valiosa do mundo.

Com uma capitalização de mercado de US$ 4,4 trilhões, a empresa tem uma participação de 8,1% no S&P 500, o que significa que a ação tem o poder de influenciar todo o mercado.

Os operadores de opções estão precificando uma movimentação de cerca de 6% em qualquer direção para as ações da Nvidia no dia seguinte aos resultados, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Wall Street espera que a Nvidia registre uma receita de US$ 46,2 bilhões no segundo trimestre e um lucro ajustado por ação de US$ 1,01, ambos um aumento de cerca de 50% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Para o terceiro trimestre, as estimativas de consenso projetam uma receita de cerca de US$ 53,5 bilhões e um lucro ajustado por ação de US$ 1,21.

Analistas e investidores aguardam ansiosamente as declarações do CEO Jensen Huang sobre a China, incluindo o desenvolvimento do chip B30, que pode substituir o chip H20.

É claro que as vendas na China não são o principal destaque para a Nvidia, já que a demanda por seus chips Blackwell em outros mercados parece ser tão forte que a empresa poderia superar as estimativas sem qualquer contribuição do país.

Com o preço das ações da fabricante de chips subindo cerca de 1% em relação à máxima histórica e quase 35% desde o relatório de lucros do primeiro trimestre em maio, uma perspectiva forte para a China pode ser fundamental para manter a alta.

“A história geral da Nvidia ainda pode se desenrolar”, disse David Wagner, gestor de portfólio da Aptus Capital Advisors, acrescentando que qualquer inclusão de receita da China é “apenas a cereja do bolo”.