A família Batista, que controla o PicPay, deve continuar a injetar capital na fintech brasileira enquanto aguarda para realizar o IPO (oferta pública inicial de ações) da empresa na Nasdaq.

“Hoje em dia o acionista está aportando capital, o que demonstra que ele está confiante de que o negócio está performando”, disse Eduardo Chedid, CEO do PicPay. A empresa deve conseguir financiar seu crescimento por meio de seus próprios lucros em menos de três anos, afirma.

A família Batista, que controla o PicPay pela holding J&F Participações, injetou R$ 545,7 milhões na fintech no primeiro semestre deste ano, de acordo com os últimos resultados da empresa, anunciados na sexta-feira. Chedid disse que outros aportes podem ocorrer até que o banco digital atinja o ponto de autofinanciamento.

O aporte de capital ocorre em um momento em que o PicPay se torna mais lucrativo devido a uma oferta de crédito mais ampla — algo que também aumenta a demanda por capital.

No primeiro semestre de 2025, a fintech registrou um lucro de R$ 208,4 milhões, um aumento de três vezes em relação ao ano anterior. Sua carteira de crédito totalizou R$ 16 bilhões, também triplicando. O índice de inadimplência acima de 90 dias aumentou 2,2 pontos percentuais em relação ao ano anterior, para 4,1%.

Chedid disse que as recentes ofertas iniciais de ações de fintechs nos EUA são sinais positivos para o mercado, mas descartou um IPO da PicPay no curto prazo.

“Parece que o mercado está querendo estabilizar de maneira positiva, teve alguns IPOs que aconteceram, e alguns de fintechs, mas eu diria que ainda é cedo para ter essa certeza”, disse ele. Uma futura oferta também dependeria de uma visão mais favorável e estável em relação ao Brasil entre os investidores globais, acrescentou.

O PicPay buscou um IPO em 2021, buscando um valor de mercado de US$ 8 bilhões, disseram pessoas familiarizadas com o assunto na época. Esses planos foram arquivados quando o mercado piorou. Desde então, o PicPay começou a originar empréstimos usando seu próprio balanço, o que aumentou suas necessidades de capital, mas também tornou a empresa lucrativa.

Mais crescimento

Fundado em 2012, o PicPay inicialmente operava um negócio de carteira digital. Com o lançamento do sistema de pagamentos Pix do Banco Central no final de 2020, o modelo de negócios anterior da empresa tornou-se obsoleto, e o PicPay iniciou uma reformulação com o objetivo de se transformar em um banco digital.

No segundo trimestre deste ano, 66% da receita do PicPay veio de fontes como crédito, em comparação com 46% no ano anterior. O retorno sobre o patrimônio líquido da empresa cresceu 2,7 pontos percentuais em relação ao ano anterior, para 20,3% no segundo trimestre.

A fintech é uma das maiores do Brasil em número de clientes, com 63,9 milhões de clientes em junho, o que a torna uma concorrente direta do Nubank e do Mercado Pago, do Mercado Livre.

No primeiro semestre deste ano, a receita aumentou 91% em relação ao ano anterior, um ritmo difícil de manter sobre uma base agora maior, disse Chedid.

O banco digital quer continuar expandindo em linhas de crédito, como o consignado para trabalhadores do setor privado, que passou por uma reformulação em março. O PicPay desembolsou R$ 1,5 bilhão no produto, mas adotou uma abordagem mais cautelosa nos últimos meses devido a problemas técnicos.

“Tem milhares de pequenas coisas que estão sendo aprimoradas. A gente acha que vai bombar no segundo semestre? Não, ainda não. Mas no ano que vem ele deveria entrar com muita força”, disse ele.

O PicPay também planeja expandir sua oferta para pequenas e médias empresas, com mais produtos de gestão de caixa. Chedid disse que esses clientes atualmente trabalham com bancos tradicionais, mas que há espaço para sua empresa crescer oferecendo ferramentas mais fáceis de operar.