O lucro líquido ajustado do Banco do Brasil (BBSA3) somou R$ 9 bilhões no quarto trimestre de 2022, o que representa um aumento de 52,4% ante o mesmo intervalo de 2021. Na comparação com o terceiro trimestre de 2022, o incremento foi de 8,1%. O número veio acima da estimativa média de analistas consultados pela Refinitiv, de R$ 8,07 bilhões.
No acumulado de 2022, o lucro somou R$ 31,815 bilhões, alta de 51,3% ante 2021.
Já o lucro contábil avançou 61,2%, para R$ 8,627 bilhões na comparação anual, em relação ao terceiro trimestre de 2022, o aumento foi de 52,4%. Segundo dado do TradeMap, esse montante representa o maior lucro nominal para um trimestre entre bancos de capital aberto.
Segundo relatório do BB, os crescimentos da margem financeira bruta, das receitas de prestação de serviços e do resultado de participação em controladas, coligadas e joint-ventures contribuíram para o resultado.
Efeito Americanas
Sem citar o nome da Americanas (AMER3), o banco mencionou que o resultado do quarto trimestre foi impactado pela “contabilização de evento subsequente que gerou a constituição de provisão para empresa do segmento large corporate que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro de 2023“.
No dia 19 de janeiro, a Justiça aceitou o pedido de recuperação judicial da varejista, com dívidas de mais de R$ 40 bilhões. O Banco do Brasil figura na lista dos credores com exposição de R$ 1,3 bilhão.
Além disso, o BB mencionou que a análise sobre o caso “ensejou provisionamento de R$ 788 milhões, correspondente a 50% da exposição ao ativo”.
Na semana passada, o Bradesco e o Itaú informaram que provisionaram 100% dos montantes que seriam devidos pela varejista.
Desconsiderando o evento subsequente, o lucro líquido ajustado de 2022 do Banco do Brasil seria de R$ 32,2 bilhões, enquanto se fosse realizada 100% de provisão para o caso, em uma simulação, o lucro líquido ajustado teria sido de R$ 31,4 bilhões no ano.
O BB mencionou ainda que os desdobramentos do caso estão sob monitoramento constante e o volume de provisão acompanhará a evolução das negociações, sendo que “eventual necessidade de agravamento adicional do risco e seu impacto em provisão já estão devidamente contemplados nas projeções corporativas de 2023”.
Provisão
A Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosos (PCLD) ampliada subiu 72,4%, ante o quarto trimestre de 2021.
A provisão de risco de crédito registrou crescimento trimestral de 29,3% e de 55,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior, impactado pela constituição e agravamento de provisões para casos do segmento atacado. “No trimestre houve constituição de provisão de 50% da exposição para um cliente em recuperação judicial, enquadrado como evento subsequente”, informou o Banco do Brasil.
Margem financeira
No quarto trimestre, a margem financeira bruta (MFB) totalizou R$ 21,5 bilhões, crescimento de 9,7% na comparação com o terceiro trimestre e de 44,9% na comparação com o quarto trimestre de 2021. No ano, o crescimento da margem foi de 23,8% totalizando R$ 73,4 bilhões.
Inadimplência
Em dezembro de 2022, o índice de inadimplência INAD+90d (relação entre as operações vencidas há mais de 90 dias e o saldo da carteira de crédito classificada) atingiu 2,51%, contra taxa de 1,75% em dezembro de 2021. Já o índice de cobertura (relação entre o saldo de provisões e o saldo de operações vencidas há mais de 90 dias) foi de 227,1%, superior à média observada no sistema financeiro nacional.
Dividendos
O Banco do Brasil comunicou ainda que aprovou a distribuição de R$ 671,995 milhões em dividendos e R$ 1,636 bilhão em juros sobre capital próprio (JCP).
Os valores pagos serão atualizados, pela taxa Selic, da data do balanço até a data do pagamento, no dia 03 de março deste ano, e terão como base a posição acionária de 23 de fevereiro de 2023.
As ações serão negociadas a “ex” a partir de 24 de fevereiro.
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