O Bradesco (BBDC4) teve lucro líquido recorrente de R$ 4,28 bilhões no primeiro trimestre de 2023, queda de 37,3% ante o mesmo período do ano passado, embora acima do que esperavam analistas, conforme balanço publicado nesta quinta-feira.
O lucro contábil também foi de R$ 4,28 bilhões, mas a queda é maior, de 38,9%, já que a base de comparação é mais alta sem os ajustes.
Analistas, em média, esperavam lucro líquido de R$ 3,6 bilhões para o Bradesco no primeiro trimestre, segundo dados da Refinitiv.
O Bradesco destaca em seu resultado que o início do ano foi de “melhora gradual” da margem com mercado devido à reprecificação do portfólio, menores despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD), assim como menores despesas operacionais, em especial os custos administrativos.
O segundo maior banco privado do país afirmou que sua carteira de crédito expandida atingiu R$ 879,3 bilhões no primeiro trimestre, avanço de 5,4% ano a ano. Em fevereiro, a instituição divulgou expectativa de crescimento de 6,5% a 9,5% nos empréstimos este ano.
O nível de inadimplência de operações vencidas há mais de 90 dias do Bradesco, que havia subido no quarto trimestre para 4,3%, foi a 5,1% no final de março.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido, que mede como um banco remunera o capital de seus acionistas, ficou em 10,6% no início deste ano, recuperação após desabar a 3,9% no quarto trimestre, mas ainda abaixo dos 18% alcançados um ano antes.
Americanas
O resultado de primeiro trimestre do Bradesco veio depois que o banco divulgou em fevereiro provisão de R$ 4,9 bilhões por exposição à Americanas e um tombo de 76% no lucro do quarto trimestre de 2022.
O balanço também veio após o Santander Brasil publicar na semana passada queda no lucro dos três primeiros meses do ano sobre um ano antes, em um resultado afetado por provisões maiores para inadimplência.
Para o Citi, o lucro do Bradesco veio acima do esperado, por fatores incluindo menores provisões, mas as tendências operacionais parecem negativas, com queda na margem financeira com mercado, contínua deterioração da qualidade dos ativos e fraco crescimento na receita de serviços.
O Bradesco teve margem financeira total de 16,7 bilhões de reais, recuo de 2,4% na base anual, enquanto as receitas de prestação de serviços subiram 1,6% na mesma comparação.
Do outro lado, as despesas operacionais cresceram 9,3%, para 12,8 bilhões de reais. O Bradesco disse ainda que a PDD expandida foi de 9,5 bilhões de reais, ante 14,9 bilhões de reais no quarto trimestre de 2022 e 4,8 bilhões de reais um ano antes.
“Embora o Bradesco não tenha revisado seu ‘guidance’ (anual), consideramos particularmente desafiador para o banco atingir a faixa de crescimento de margem financeira de 7% a 11%”, escreveram analistas do Citi incluindo Rafael Frade e Brian Flores, em relatório.
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