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Luíza Trajano: ação do Magalu vai voltar porque teremos um bom quadrimestre

Executiva à frente do grupo Magazine Luiza é a entrevistada de Dony De Nuccio no Talk InvestNews.

“O mercado de ações é assim mesmo. Ele vai e volta numa velocidade imensa”. Com estas palavras, Luiza Trajano sinalizou a Dony De Nuccio que o recuo acumulado de 91% dos papéis do Magazine Luiza (MGLU3) nos últimos três anos não é motivo de preocupação.

Segundo a conselheira da holding varejista, a família Trajano nunca se importou com o fato de o papel MGLU3 ser negociado a R$ 21 ou a R$ 2, já que, segundo a empresária, o que está em jogo é o valor da instituição em si. 

“Ninguém acha bom e nem queria que acontecesse [a queda na bolsa], mas a ação vai voltar porque vamos apresentar um bom quadrimestre”, afirmou em novo episódio do Talk InvestNews, que será veiculado em breve pelo YouTube.

Luiza Helena Trajano sorrindo.
Crédito: Lailson Santos/Divulgação

Durante a entrevista, a executiva lembrou o fato de que os papéis da companhia já chegaram a ser negociados na casa de centavos, em meados de 2012 a 2014 e, mesmo assim, conta nunca ter desistido da empresa por acreditar no potencial do país para o varejo. Reiterando seu ponto de vista, ela apontou que o termômetro é ver a empresa de pé e a família mantendo a participação majoritária. 

O rápido crescimento da varejista durante os lockdowns, acompanhado de uma ressaca pós pandemia, fez com que as vendas de algumas linhas que a empresa comercializa não performassem como antes, afetando assim os papeis em bolsa. 

Além disso, ela recordou que os desafios do varejo, como a alta taxa de juros e a desconfiança com o setor, devido ao episódio envolvendo a Americanas, não ajudaram. Sobre esse último, Trajano comenta sua visão sobre o caso e o efeito para as auditorias.

Apesar dos percalços no varejo e para a companhia, Luiza apontou que este foi o período de maior aprendizado para o conselho e executivos do grupo. 

Concorrência não assusta

Já sobre a concorrência com pesos pesados como Mercado Livre e Amazon, a empresária apontou que o braço digital do Magalu é competitivo, uma vez que transforma suas lojas físicas em pequenos centros de distribuição. “A pessoa pode comprar online e ir retirar na loja mais próxima em duas horas e sem pagar frete”. 

Apesar do histórico de 20 anos de Trajano “atrás” do balcão, ela e o Magalu se tornaram multicanalidade. O grupo é uma das únicas empresas do mundo que nasceram no físico, se digitalizaram e se mantiveram digitalizadas até hoje, segundo a executiva. “Isso é mérito de nossa cabeça inovadora”.

Há dois anos, o grupo desembarcou em solo carioca contabilizando agora 50 lojas físicas na capital fluminense. Isso, por sua vez, impactou o crescimento das vendas digitais na região   – “sinal de que cresceu a confiança das pessoas”, disse Luiza durante a entrevista.

Hoje a companhia tem 21 centros de distribuição e comprou nos últimos anos pelo menos 15 empresas de logística, a exemplo do delivery “Ai que Fome”. Mas outras pequenas e médias varejistas também entraram no radar para diversificar e fazer jus ao slogan “tem no Magalu”. Netshoes (artigos esportivos) e Época Cosméticos são exemplos. 

Polêmica da KaBum! foi surpresa

Questionada sobre a polêmica compra da KaBum! (empresa de tecnologia cujos fundadores pediram para anular a venda para a varejista), Trajano afirmou que o fato foi uma surpresa, já que nas mais de 60 empresas adquiridas, nunca havia passado por isso. 

“Eles receberam um x de dinheiro e um x de ações, então era sabido que isso acontece de os papéis subirem ou não. Eles não entraram nessa inocente; também escolheram o banco (Itaú BBA) para a negociação. Por isso o caso nos pegou de surpresa”.

Os irmãos Leandro e Thiago Ramos dizem ter recebido menos da metade dos R$ 3,5 bilhões acordados em contrato que previa um pagamento de R$ 1 bilhão à vista e outros R$ 2,5 bilhões em ações do Magalu. Destes papéis, R$ 1 bilhão seriam pagos neste ano. Porém, no primeiro trimestre de 2023, a varejista registrou prejuízo de R$ 391,2 milhões, o que impulsionou a queda de 16% nas ações. Na época, os fundadores da KaBum! também se queixaram sobre o Itaú BBA ter conflito de interesses.

No Talk InvestNews, Luiza Trajano fala ainda sobre o crescimento da companhia, visão de negócio, crise no varejo e efeito da Selic nas receitas. Ela comenta também sua relação com o governo Lula, a repercussão do programa de trainee do Magalu para negros, impacto da agenda ESG nos conselhos, entre outros pontos.

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