A Meta Platforms, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, está em negociações para realizar uma das maiores rodadas de financiamento privado da história. O investimento multibilionário vai ser feito na startup de inteligência artificial Scale AI, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg. O aporte pode ultrapassar US$ 10 bilhões.

As conversas ainda estão em andamento e os termos do acordo podem ser alterados, de acordo com pessoas próximas às negociações. Procurada, a Scale não respondeu, e a Meta preferiu não comentar.

Para se ter uma ideia do tamanho do investimento, sem considerar a megacapitalização da OpenAI neste ano, que alcançou US$ 40 bilhões, se a Meta aportar um valor de 11 dígitos, a cifra só pode ser equiparada a outras três rodadas no universo das startups de tecnologia. São a da própria OpenAI, em 2024, de US$ 6,6 bilhões; da Databricks, também realizada no ano passado, de US$ 10 bilhões; e da chinesa AntGroup, que recebeu US$ 14 bilhões em 2018.

Meta trata IA como prioridade absoluta

Fundada em 2016 por Alexandr Wang, a Scale AI é especializada em rotulagem de dados – um processo essencial para o treinamento de modelos de machine learning. A empresa atende gigantes como Microsoft e OpenAI e se tornou uma das principais beneficiárias da recente onda de investimentos em inteligência artificial generativa.

Em sua última rodada, em 2024, a startup foi avaliada em cerca de US$ 14 bilhões. Neste ano, segundo a Bloomberg, a Scale já discute uma nova operação que pode elevar seu valor de mercado para US$ 25 bilhões.

Caso o novo investimento da Meta se concretize, será o maior já feito pela companhia de Mark Zuckerberg em uma empresa externa voltada à IA – uma estratégia incomum para a big tech, que até agora priorizou o desenvolvimento interno e projetos de código aberto. Enquanto isso, rivais como Microsoft, Amazon e Google já despejaram bilhões em startups concorrentes, como a Anthropic e a própria OpenAI.

Esses investimentos muitas vezes envolvem créditos em infraestrutura de nuvem, algo que a Meta não oferece, o que ainda levanta dúvidas sobre o formato exato do possível aporte na Scale.

O CEO Mark Zuckerberg vem tratando a inteligência artificial como prioridade absoluta na Meta. Em janeiro, anunciou que a empresa deve investir até US$ 65 bilhões no setor ainda este ano. Um dos principais projetos é o Llama, modelo de linguagem desenvolvido pela empresa, que a Meta quer transformar em referência global. O chatbot da companhia, baseado no Llama, já está presente nas principais plataformas da empresa e tem mais de 1 bilhão de usuários mensais.

Com receita de US$ 870 milhões em 2024 e previsão de faturar US$ 2 bilhões em 2025, a Scale também tem ampliado sua atuação junto ao governo dos EUA, especialmente em projetos voltados à defesa. Recentemente, firmou parceria com o Departamento de Defesa para desenvolver tecnologias de agentes autônomos baseadas em IA, classificada pela empresa como “um marco no avanço militar”.

Meta e Scale também colaboram em uma versão militarizada do Llama, chamada Defense Llama, voltada ao uso em contextos estratégicos. Na última semana, a Meta anunciou ainda uma parceria com a Anduril Industries, empresa do setor de defesa, para criar equipamentos de realidade aumentada e inteligência artificial para as Forças Armadas americanas.

O avanço de empresas de tecnologia no setor militar reforça a crescente convergência entre inteligência artificial, big techs e segurança nacional nos Estados Unidos.