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Nubank já se prepara para entrar em novos países

O CEO David Vélez dá a deixa: diz que Estados Unidos é um país ainda dependente de agências físicas

Para bom entendedor, a mensagem foi clara: o Nubank não vai se contentar com uma internacionalização regional, limitada à América Latina. O banco se prepara para ser global e a consolidação das operações no México e na Colômbia será chave para que a instituição dê aquele que pode ser seu passo mais importante: o mercado norte-americano. 

“É muito interessante para nós observarmos os Estados Unidos porque, de certa forma, o que se tem visto na América Latina e na Ásia é um salto à frente do [estágio atual] dos serviços financeiros nos EUA”, disse nesta quarta-feira (15) o colombiano David Vélez, cofundador e CEO do Nubank, em resposta a uma pergunta do jornalista Andrew Ross Sorkin, no programa Squawk Box, da CNBC.

Vélez se referia ao fato de os bancos americanos ainda estarem muito apoiados em agências físicas, com um custo imobiliário alto em um país que tem alguns dos imóveis mais caros do mundo. Segundo ele, de 80% a 85% dos produtos financeiros podem ser oferecidos em um aplicativo, sem a necessidade de uma agência. 

“Ainda não vimos de verdade uma competição nesse espaço [o varejo bancário] nos Estados Unidos e no momento em que alguém entrar com uma vantagem na estrutura de custos, como a nossa (…) Essa vantagem (…) será importante para competir.”

Pronto. Está dada a deixa. Mas os sinais não ficaram restritos ao programa da CNBC. O Nubank reuniu nesta quarta (15) seus fundadores e o time de liderança para explicar seus números e projetos a uma plateia formada por jornalistas brasileiros, mexicanos e colombianos, além de alguns clientes. Lá, Vélez mostrou o caminho que o banco nascido no Brasil há 11 anos está perseguindo.

A primeira etapa da estratégia é tornar o Nubank o banco digital líder na América Latina. Isso significa crescer ainda mais no Brasil (veja abaixo a entrevista da CEO Brasil, Livia Chanes) e consolidar as operações no México (que começaram em 2019) e na Colômbia (2020). No Brasil, a participação do Nubank nas receitas de serviços financeiros de varejo em 2023 foi de 4% – de um total US$ 145,7 bilhões. No México e na Colômbia, ainda é menor do que 1%.

A instituição tem se mostrado especialmente otimista com o México, onde já tem 6,6 milhões de clientes. Lá, o número de pessoas com cartão de crédito quando o Nubank entrou no mercado correspondia a apenas 10% da população. No Brasil, na partida, era de 55%. 

Na Colômbia, destacou Vélez, os cenários macroeconômico e regulatório são mais “desafiadores”. Há mais fricção. Ainda assim, são 1 milhão de clientes por lá. Contando os três países, 100 milhões

A segunda etapa é desenvolver o que o Nubank batizou de “Money Platform”, que é o uso do aplicativo do banco como um hub de produtos e serviços em geral – não apenas financeiros. Vélez acredita que o Nubank pode ser uma das maiores plataformas de comércio da América Latina sem um e-commerce próprio. No ano passado, foram realizadas 2 milhões de operações de compra via app em pouco mais de 200 lojas parceiras, como Amazon, Shein, Samsung, Magazine Luiza e Renner. 

A terceira etapa é justamente a da expansão internacional. Guilherme Lago, Chief Financial Officer (CFO) do banco, fez questão de frisar que o lucro de US$ 378,8 milhões do primeiro trimestre de 2024 não será utilizado para recompras de ações ou distribuição de dividendos. O valor será reinvestido no desenvolvimento de novos produtos e no crescimento em outros países. “Havia poucos casos de bancos que cruzavam fronteiras. Isso era assim por causa [da necessidade] das agências físicas. Com o digital, dá para cruzar, sim.” 

Quanto tempo leva para cruzar novas fronteiras? Para Vélez, é muito provável que em três a cinco anos o banco avance para novos países. 

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