A estratégia do Google para liderar a corrida da inteligência artificial tem um inimigo de peso: o home office. Essa é a avaliação de Eric Schmidt, executivo que foi CEO da empresa entre 2001 e 2010 e liderou o conselho de administração entre 2011 e 2015.
“O Google decidiu que o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, ir para casa mais cedo e trabalhar de casa, era mais importante do que vencer”, afirmou Schmidt em uma palestra dada na Universidade de Stanford a qual o The Wall Street Journal teve acesso ao vídeo. Schimidt arrematou dando a entender que o Google perdeu sua vocação de, vamos dizer assim, empresa com “sangue nos olhos”: “A razão pela qual as startups funcionam é porque as pessoas trabalham muito.”
A declaração veio em meio a uma resposta sobre a competição entre Google e a OpenAI. O WSJ procurou Schmidt e a Alphabet, dona do Google, para comentarem, mas eles não se manifestaram.
O trabalho remoto tem sido um tema controverso entre o alto comando das empresas e o “chão de fábrica”. Outros executivos proeminentes de Wall Street já tinham demonstrado contrariedade em relação ao modelo.
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O “rival” mais conhecido do home office é Elon Musk. O bilionário determinou que seus funcionários na Tesla trabalhassem “um mínimo de 40 horas por semana” no escritório (oito horas por dia, em português-CLT). Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, disse que os líderes não poderiam comandar seus times atrás de uma mesa ou “na frente de uma tela”.
Desde o fim da pandemia, empresas buscam tornar o trabalho cada vez mais presencial, enquanto equipes e profissionais resistem. Na apresentação em Stanford, Eric Schmidt acrescentou para os alunos que o trabalho no escritório é necessário para lidar com um ambiente supercompetitivo.
“Se todos vocês saírem da universidade e fundarem uma empresa, vocês não vão deixar as pessoas trabalharem de casa, virem apenas um dia por semana, se quiserem competir com outras startups”, afirmou o ex-CEO do Google.
O Google vem buscando formas de incentivar o regime presencial. A última foi incluir a frequência no escritório como um dos itens nas avaliações de desempenho. Em 2022, última vez que divulgou sua política de trabalho, a empresa afirmou que os funcionários voltariam ao escritório num regime de três dias por semana.
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