O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), deverá adiar por mais 30 dias, a assembleia de credores para aprovação do plano de recuperação judicial do grupo Odebrecht. A empresa pediu proteção à justiça em junho de 2019, com dívidas declaradas de R$ 98,5 bilhões.
Segundo informações do jornal O Estado de São Paulo, o BNDES exige que o grupo abra mão da empresa de açúcar e etanol Atvos, para aprovar o plano.
A Atvos conta com nove usinas de açúcar e álcool e é a segunda maior produtora de cana do Brasil.
Segundo o Estadão, a entrada de um investidor para o negócio de açúcar e álcool está nas mesas de discussões do grupo Odebrecht e credores.
Nas últimas semanas, os consultores financeiros do conglomerado baiano – Ricardo Knoepfelmacher, ou Ricardo K., da RK Partners, e Eduardo Munhoz, da E. Munhoz Advogados – intensificaram conversas com os bancos, mas não haveria consenso para fechar a questão até a semana que vem.
Outro ponto sensível nas negociações é a Caixa Econômica Federal, que não tem dívidas garantidas com ações da Braskem e estava dificultando as conversas.
Lava Jato
A Odebrecht é uma das empreiteiras envolvidas na investigações da Lava Jato, que apura a corrupção na Petrobras. Nos últimos quatro anos, a empresa perdeu contratos e ficou com uma dívida milionária, reduzindo o porte do grupo.
Uma das alternativas do grupo para a recuperação financeira seria a venda da petroquímica Braskem para à rival Lyondelbasell. A companhia holandesa, contudo, a empresa desistiu do negócio diante da insegurança jurídica por conta dos processos ambientais que a Braskem enfrenta em Alagoas.
Considerada a joia da coroa do grupo, a petroquímica Braskem, que tem a Petrobrás como acionista, anunciou, no início de janeiro, um acordo de R$ 2,7 bilhões para remover de local e compensar 17 mil moradores afetados pela atividade de mineração em bairros de Maceió, em Alagoas.
O acordo foi assinado com a Defensoria Pública do Estado de Alagoas, o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE) e a Defensoria Pública da União (DPU).
Fontes a par do assunto afirmaram que a retomada do processo de venda da Braskem deverá ocorrer após o processo de recuperação judicial da Odebrecht avançar.
Em nota, o grupo Odebrecht informou que “segue trabalhando diariamente (…) com seus credores para a conclusão do plano de recuperação judicial. As negociações tratam, no momento, do detalhamento desse plano. Eventual adiamento de assembleia-geral de credores decorrerá da necessidade natural de prazo maior para avanço das negociações e para a conclusão dos termos a serem votados.”