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Negócios

Petrobras: dados de produção e vendas geram alerta para margens; ação cai 5%

Avaliação é de analistas, após estatal divulgar resultados operacionais do segundo trimestre; política de dividendos também é ponto de atenção.

Os números do relatório de produção e vendas da Petrobras  (PETR4 e PETR3) referentes aos segundo trimestre de 2023 geram alertas em relação às margens. É o que avaliam analistas, após estatal divulgar na quarta-feira (26) dados prévios operacionais.

As ações da Petrobras fecharam em queda nesta quinta-feira (27). O papel PETR4 recuou 5,06%, a R$ 29,43, e a ação PETR3 encerrou o pregão com perda de 5,40%, a R$ 32,60.

Números

A produção de petróleo da Petrobras no Brasil recuou 0,6% entre abril e junho ante o mesmo período do ano passado, com desinvestimentos, manutenções e declínio natural de campos antigos, informou a companhia.

A estatal produziu média de 2,1 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) no país no segundo trimestre, versus 2,11 milhões de bpd um ano antes. Na comparação com o primeiro trimestre deste ano houve um recuo ainda maior, de 1,8%, acrescentou a companhia.

Considerando a produção total, de óleo e gás, no Brasil e no exterior, a Petrobras produziu uma média diária de 2,64 milhões de barris de óleo equivalente (boed) entre abril e junho, também 0,6% abaixo do segundo trimestre de 2022 e recuo de 1,5% ante o primeiro trimestre.

Visão aérea de uma plataforma da Petrobras na Bacia de Campos, a P-52
Visão aérea de uma plataforma da Petrobras na Bacia de Campos, a P-52 REUTERS/Bruno Domingos (BRAZIL)

A produção no pós-sal no Brasil, por sua vez, somou média de 346 mil bpd, queda de 20,3% na comparação anual e recuo de 9,7% na comparação com o trimestre anterior, segundo a Petrobras, que citou paradas e manutenções, além do declínio natural de campos maduros e desinvestimentos.

A Petrobras também informou que suas vendas totais de petróleo, gás e derivados caíram 9,3%, para 2,82 milhões de boed, com vendas domésticas respondendo por 2,14 milhões de barris.

A Ativa Investimentos destacou em relatório que, no refino, as vendas da Petrobras aumentaram levemente trimestre ante trimestre em função, sobretudo, da maior demanda por gasolina, porém “a maior evolução trimestre contra trimestre da produção e o aumento das importações apontam que houve formação de estoques e podem afetar a margem do setor”.

Na mesa linha, o BTG Pactual apontou em relatório que, a prévia da Petrobras se apresentou fraca, com preços do petróleo/combustíveis mais baixos, e que “todos os olhos se voltam para as margens”.

Estimativas para resultado

A XP Investimentos avaliou que os resultados da prévia da estatal ficaram em linha com as perspectivas que tinham, embora a produção de derivados tenha ficado um pouco acima das estimativas.

A partir destes dados, a XP diz esperar outro trimestre sólido, embora piorando no trimestre ante trimestre, devido a variáveis macroeconômicas mais fracas e menores volumes de vendas, com perspectivas de Ebitda ajustado de US$ 11,7 bilhões, queda de 16% trimestre ante trimestre.

O Santander destacou em relatório também esperar resultados sólidos da Petrobras no segundo trimestre de 2023, apesar dos vários “ventos contrários”, que incluem:

  • Preços mais baixos do petróleo;
  • Impostos de exportação de petróleo;
  • Menores preços domésticos de combustíveis versus paridade de importação.

“Nós ainda esperam resultados sólidos, com Ebitda de US$ 12,4 bilhões, recuo de 37% ano ante ano e queda de 12% trimestre ante trimestre”, projeta o Santander.

Na mesma perspectiva, o Itaú BBA também estima que a Petrobras reporte um Ebitda de US$ 12,4 bilhões nos resultados do segundo trimestre de 2023, devido a preços de petróleo e margens de refino.

Dividendos da Petrobras: o que esperar?

O conselho de administração da Petrobras deve se reunir na sexta-feira para discutir sua nova política de dividendos e um potencial programa de recompra de ações, disseram fontes familiarizadas com o assunto à agência de notícias Reuters nesta quinta-feira.

Executivos da empresa disseram na semana passada que uma proposta de nova política de dividendos estava sendo discutida por um grupo de trabalho e que deveria ser apresentada para avaliação do colegiado até o fim deste mês.

A XP Investimentos destacou que, até que os resultados financeiros da estatal sejam publicados e os dividendos declarados, provavelmente, a empresa terá uma nova política de dividendos em vigor.

“Com base na política atual, veríamos dividendos em torno de US$ 3,7 bilhões. Nosso melhor palpite é que a nova política reduzirá o valor distribuído de volta aos acionistas para 40% do FCO menos Capex, trazendo dividendos para US$ 2,5 bilhões. Vemos, no entanto, uma assimetria positiva de risco para essa estimativa, pois acreditamos que a Petrobras encerrou o trimestre com níveis de caixa de aproximadamente de USD 15 bilhões e níveis baixos de dívida bruta”, diz a XP.

Vista de unidades industriais da refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar).
Vista de unidades industriais da refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). Crédito: Agência Petrobras

A Ativa Investimentos aponta que o mercado está convergindo para uma expectativa de manutenção da distribuição com referência à geração de caixa e com Petrobras diminuindo apenas o percentual distribuído de 60% da diferença entre sua geração operacional e investimentos para 40%.

“Confirmando esta dinâmica, veríamos a companhia distribuindo aproximadamente R$ 0,96/ação, o equivalente à um dividend yield de 3,1%. Apesar da expectativa pela manutenção de um dividendo forte, reforçamos nossa preferência atual por players de O&G que disponham de menor risco político que a empresa”, recomenda a Ativa.

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