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Negócios

Petrobras sofre onda de rebaixamentos e conversa com analistas

Citigroup, HSBC e JPMorgan deixaram de recomendar ação, por receios com as mudanças da nova administração.

Os investidores da Petrobras (PETR4), que surfaram um rali de 25% das ações neste ano, agora se deparam com uma onda de rebaixamentos de recomendações pelos analistas. Os cortes foram motivados por preocupações com a nova política de preços e um aumento dos investimentos, que devem corroer a bonança multibilionária de dividendos dos últimos trimestres.

Citigroup, HSBC e JPMorgan rebaixaram as ações ao longo da última semana, abandonando as recomendações de compra em razão dos receios com as mudanças feitas pela nova administração da empresa, sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Logo da Petrobras na sede da empresa no Rio de Janeiro 16/10/2019 REUTERS/Sergio Moraes

Os analistas temem que a nova política de preços de combustíveis da estatal, combinada com o risco de uma retomada nos planos de investimentos, faça disparar os níveis de dívida. A Petrobras subsidiou os combustíveis na última vez em que o Partido dos Trabalhadores esteve no poder, o que traz preocupações de que a petroleira estata mais uma vez queime caixa para ajudar no controle da inflação.

O diretor financeiro da companhia, Sergio Caetano Leite, chamou analistas do sell-side no início desta semana para uma reunião presencial com o objetivo de discutir as perspectivas para a empresa, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

Os preços dos combustíveis e os dividendos foram dois dos principais temas do encontro, que aconteceu na manhã desta quinta-feira, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque a informação não é pública. A reunião segue uma teleconferência de resultados na sexta-feira.

A Petrobras não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. A Petrobras precisaria aumentar os preços do diesel em 36,2% e da gasolina em 24% para atingir a paridade de importação, de acordo com a StoneX. A Petrobras disse que está priorizando a competitividade no mercado doméstico em vez da paridade de importação, na nova política de preços divulgada em maio.

“Agora estamos atentos a um aumento no capex”, o que adiciona às preocupações com os preços dos combustíveis e dividendos, escreveu Lilyanna Yang, analista do HSBC, em relatório rebaixando a ação de compra para manutenção. “Isso pode prejudicar a distribuição aos acionistas no curto prazo.”

A defasagem de preços traz “questões adicionais para o cenário futuro — principalmente sobre quem vai importar e abastecer a demanda doméstica com a atual janela de importação fechada”, escreveram analistas do Citi, liderados por Gabriel Barra, em relatório, cortando a recomendação para o papel de compra para neutra.

No mês passado, a companhia anunciou uma política mais conservadora para pagamentos aos acionistas, reduzindo os dividendos de 60% para 45% do fluxo de caixa livre. Lula criticou a empresa por inundar os investidores com recursos em vez de gastar em projetos prioritários, como refinarias e energia renovável.

A Petrobras distribuiu mais de R$ 190 bilhões em dividendos somente no ano passado, mais do que qualquer outra empresa de petróleo, exceto a Saudi Arabian Oil Co.

A empresa planeja destinar até 15% dos investimentos totais para projetos de baixo carbono que podem reduzir os retornos. 

As ações preferenciais da Petrobras caíram quase 20% desde o pico em outubro, antes de Lula vencer a eleição. Os papéis ainda acumulam alta de 25% neste ano, e alguns investidores ainda veem potencial de alta, apesar dos dividendos mais baixos.

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