Apesar dos resultados sólidos e uma forte distribuição de dividendos, o risco político segue como ponto de atenção para as ações Petrobras (PETR4, PETR3). Foi o que disseram analistas nesta quinta-feira (2), um dia depois da divulgou do balanço do quarto trimestre de 2022 da estatal.
Por volta das 14h50 desta quinta-feira (2), a ação preferencial da companhia recuava 0,83%, negociada a R$ 25,08, e a ordinária também caía 0,83%, para R$ 28,51.
Destaques do balanço
A empresa encerrou os três últimos meses do ano passado com lucro líquido de R$ 43,3 bilhões, um avanço de 37,6% em relação ao mesmo período de 2021. Já no acumulado de 2022, a Petrobras teve um ganho recorde de R$ 188,3 bilhões, uma alta de 76,6% ante o ano anterior.
A receita de vendas totalizou R$ 158,6 bilhões no quarto trimestre de 2022, volume 37,6% maior ante o mesmo período de 2021.
Já o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado chegou a R$ 73 bilhões no quarto trimestre, um aumento de 16,1% no comparativo com o mesmo intervalo de 2021.
Dividendos
A estatal anunciou ainda que seu conselho de administração autorizou o envio da proposta de distribuição de dividendos com valor correspondente a R$ 2,74 brutos por ação preferencial e ordinária para aprovação da Assembleia Geral de Acionistas, prevista para 27 de abril de 2023. O montante do provento soma R$ 35,8 bilhões.
Análises
Os analistas André Vidal, Guilherme Nippes e Helena Kelm, da XP Investimentos, avaliaram em relatório que a Petrobras apresentou mais um trimestre de forte e robusta geração de fluxo de caixa, mas que trata-se de uma tese de investimento de alto risco, devido ao fator político.
Os analistas Vitor Souza e Israel Rodrigues, da Genial Investimentos, também apontaram em relatório que os resultados da Petrobras no quarto trimestre foram positivos. De acordo com eles, a empresa continuou apresentando bons indicadores operacionais, mantendo a produção de exploração e produção e de refino em linha com os trimestres passados e dentro da meta estipulada. Mas eles também alertaram, no entanto, sobre risco político.
“Apesar do operacional estar funcionando muito bem, a companhia está sujeita a diversos riscos ligados ao seu acionista controlador. O governo federal já deixou claro o seu intuito de passar a reter os dividendos da empresa e de introduzir uma política de preços que seja distinta da paridade internacional. Suas ações negociam em múltiplos bem descontados em relação aos pares privados”
Vitor Souza e Israel Rodrigues, da Genial Investimentos
Na mesma linha, a Ativa Investimentos também apontou que os resultados da estatal vieram bons. A corretora destacou em relatório que, apesar da queda trimestral de 12% do petróleo tipo Brent e dos menores preços internos de derivados, as receitas de Petrobras vieram ligeiramente melhores que as expectativas, bem como os custos. Além disso, embora as despesas tenham apresentado pior dinâmica em relação ao terceiro trimestre, em função de maiores despesas exploratórias, o Ebitda da Petrobras superou o esperado.
A Ativa também alertou que, apesar de a estatal ter reportado reportou resultados sólidos ao mercado e uma forte distribuição de dividendos, as ações da companhia seguem pressionadas pelo fator político nos próximos meses.
A casa também aponta a provável alteração das políticas de preços de derivados e dividendos, bem como a disposição da companhia em aumentar seus investimentos em segmentos onde não possui vantagens comparativas, como no refino e geração renovável.
“A própria sugestão de constituição de reserva estatutária que será levada aos acionistas já aponta que os planos da atual administração incluem a intenção de proporcionar uma remuneração mais fraca ao investidor nos próximos trimestres, o que corrobora nossa visão mais cautelosa”, disse a Ativa.
Recomendação para a ação da Petrobras
Os analistas da XP mantêm recomendação de compra para a ação da Petrobras, mesmo com alerta para o risco político.
“ A Petrobras continua sendo uma das empresas de destaque de petróleo e gás mais baratas do mundo, mas, nas últimas semanas, o saldo de riscos políticos parece estar crescendo contra os acionistas minoritários. Por ser uma tese de investimento de alto risco, preferimos operacionalizar nossa visão positiva sobre os preços do petróleo por meio de outros mecanismos”, afirmaram os analistas.
Já para os analistas da Genial Investimentos, a companhia está sujeita a diversos riscos ligados ao seu acionista controlador, motivo que os leva a continuar com a recomendação para o papel da estatal de manter.
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