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Como o pedido de recuperação da dona da Itaipava impacta a Ambev?

Segundo Itaú BBA, concorrente pode se beneficiar no curto prazo do pedido feito pelo grupo Petrópolis.

O Grupo Petrópolis confirmou nesta quarta-feira (29) que protocolou na segunda-feira (27) um pedido de recuperação judicial da Cervejaria Petrópolis e demais empresas do grupo, buscando com a medida garantir a manutenção das suas operações. Para especialistas, pode haver impacto positivo para as ações da Ambev, especialmente no curto prazo.

Na terça-feira, as ações ABEV3 fecharam em alta de 4,7% após a notícia do pedido feito pelo grupo Petrópolis. Nesta quarta, os papéis da Ambev subiram 1,51%, a R$ 14,81, enquanto o Ibovespa teve alta de 0,60%.

Analistas do Itaú BBA avaliaram que a fabricante de bebidas tende a se beneficiar, pelo menos no curto prazo, com a recuperação judicial da concorrente.

Segundo o BBA, é razoável supor que o Petrópolis se concentrará em reotimizar sua estrutura de capital e rentabilidade no curto prazo, levando a um ambiente competitivo benigno ao longo do processo. Para o banco, um comprador poderia surgir e a lenta perda de participação de mercado para Ambev e Heineken poderia ser substituída por uma estratégia voltada para a participação de mercado renovada e direcionada.

“Esse processo já estava em andamento, e a notícia vem reafirmar a dinâmica que temos visto nos últimos anos. Por outro lado, ainda não está claro se esta notícia levará a uma competição mais acirrada no Brasil, já que um novo (e capitalizado) player em potencial surge na indústria cervejeira brasileira”, afirmaram analistas do banco.

Já analistas da Genial Investimentos destacaram que “a Ambev, assim como a Heineken, já vinha ganhando market share com a crise do grupo. No curto prazo, vemos Ambev sendo beneficiada, mas, no longo, temos ainda cautela com o potencial de crescimento da companhia.”

Na mesma linha, especialistas do Bank of America acreditam que “este é um evento importante para a indústria cervejeira no Brasil, já que Ambev e Heineken são os dois maiores produtores com mais de 80% de participação de mercado e têm espaço para ganhar ainda mais.”

“Os próximos passos de Petrópolis são incertos, mas os planos de recuperação podem incluir a venda de ativos, enquanto os investimentos em nova capacidade, marcas e marketing geralmente são suspensos. Nesse cenário, pode haver espaço para os principais players cervejeiros, incluindo a Ambev, ganharem participação”, disseram em relatório.

Os problemas do Grupo Petrópolis

As dívidas da companhia somam R$ 4,2 bilhões, segundo sua defesa. Desse total, 48% são financeiras e 52% com fornecedores e terceiros.

“A empresa adotou esse recurso, tendo como prioridade manter a sua operação e produção regulares e a preservação dos 24 mil empregos diretos e estimados 100 mil indiretos gerados”, afirmou em nota à imprensa, sem fornecer mais detalhes.

Nesta terça-feira (28), a Justiça concedeu ao grupo uma tutela cautelar de urgência que determinou a liberação dos recursos da companhia pelo Banco Santander, Fundo Siena, Daycoval, BMG e Sofisa. A empresa afirmava que a tutela era urgente para evitar s “iminente estrangulamento do fluxo de caixa”.

De acordo com a petição em que pediu recuperação judicial, o grupo enfrenta uma crise de liquidez há 18 meses decorrente da redução de receita.

No ano passado, a empresa vendeu 24,1 milhões de hectolitros de bebidas, o que representa uma queda de 23% na comparação com 2020. Essa redução significou um recuo de 17% na receita bruta do período. Ao mesmo tempo, os custos do setor subiram e, ainda segundo a defesa da Petrópolis, não foram repassados ao consumidor.

Também agravou a situação do grupo o aumento da taxa básica de juros, a Selic, que pressionou o nível de endividamento. Essa elevação no juro tem gerado um impacto de R$ 395 milhões por ano no fluxo de caixa da companhia.

Na petição, a Petrópolis, representada pelos escritórios Salomão Sociedade de Advogados e Galdino & Coelho, afirmam que, até o fim de março, haverá uma necessidade de capital de giro acumulada R$ 360 milhões superior ao projetado para o período e que, até 10 de abril, será R$ 580 milhões superior.

“A combinação desses fatores, exógenos e alheios ao controle das requerentes, gerou uma crise de liquidez sem precedentes no Grupo Petrópolis, que comprometeu seu fluxo de caixa a ponto de obrigá-lo a buscar a proteção legal com o ajuizamento deste pedido de recuperação judicial”, diz o documento.

Fundado na cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, o grupo se apresenta como a maior empresa com capital 100% nacional do setor, com oito fábricas no país, além de centros de distribuição.

A companhia fabrica as cervejas Itaipava, Cabaré, Petra e Crystal, bem como as vodkas Blue Spirit Ice e Nordka e os energéticos TNT Energy Drink e Magneto, além do refrigerante It!, entre outras bebidas.

*Com agências

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