Depois de ser comprada pela gigante de alimentos Nestlé por um valor não revelado, a Puravida se tornou a primeira empresa brasileira de suplemento alimentar a receber a certificação B Corp, sendo esta a certificação mais rigorosa do mundo quando o assunto é sustentabilidade.
Ela é concedida a empresas que atendem a altos padrões de desempenho social e ambiental que associam crescimento econômico à promoção destes dois pontos anteriormente citados.
Segundo Isabela Cristovão Balau Garcia, ESG Manager da Puravida e que bebeu da fonte da Natura (NTCO3) – a primeira empresa de capital aberto no mundo a ter a mesma certificação – antes de ser contratada para implementar a área de ESG, a diretoria da foodtech já tinha uma trilha bem definida para atingir a certificação, inclusive com um percentual do bônus dos executivos atrelado a metas ESG.
Apesar de a Nestlé controlar a companhia, Garcia comenta que a foodtech seguiu e segue operando de forma independente, “stand alone”, mas com signergias positivas em sustentabilidade, dado o forte compromisso com o tema pela gigante suíça.
“Aos olhos deles [Nestlé] estamos muito avançados na agenda ESG, mas acredito que podemos evoluir”.
Isabela Cristovão Balau Garcia, ESG Manager da puravida
Segundo Garcia, diversidade é um ponto que dá para ser melhorado, e com a expertisse da multinacional suíça, é possível utilizá-la como guia para atingir metas mais robustas.
Atualmente, a Puravida tem 400 funcionários, sendo 46% do quadro total formado por mulheres. Já nos cargos gerenciais, as mulheres representam 50% além de outros 25% em cargos de diretoria. E isso foi um dos pontos que chamou a atenção da certificadora.
Refugiados também fazem parte do quadro de funcionários, uma vez que a empresa é membro da Acnur – órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) para refugiados no Brasil.
Uma série de matérias primas utilizadas nos produtos possuem certificação orgânica no Brasil e no exterior, garantindo que não há agrotóxicos na composição.
Para rastreamento dos fornecedores, há um processo de homologação sendo também aplicado um questionário com uma série de critérios ligados a qualidade e segurança alimentar, além de responsabilidade sócio ambiental. A partir disso é atribuída uma pontuação ao fornecedor. “A partir dessa pontuação, tanto pode ser necessário elaborar um plano de ação para se adaptar e daqui há algum tempo ser feita uma auditoria para avaliar se eles [fornecedores] estão em conformidade, como desconsiderá-lo”.
A empresa brasileira tem mais de uma centena de produtos disponíveis no mercado, de snacks saudáveis, adoçantes, proteínas, alimentos orgânicos e à base de plantas, especiarias, temperos, vitaminas e suplementos alimentares “clean label” (produtos com alimentos naturais e sem inclusão de aditivos). A maior parte dos insumos são certificados, segundo a companhia, e mais de 70% dos gastos são direcionados a fornecedores locais. As emissões de gases de efeito estufa da empresa quando não reduzidas, são compensadas 100%, segundo Garcia.
Em 2021, o faturamento da Puravida foi de R$ 295 milhões, após crescer 42% em relação a 2020. Os números de 2022 não foram abertos, mas o plano é chegar a uma receita de R$ 1,7 bilhão até 2025.
A cada três anos, as empresas que levam a certificação B Corp precisam passar por uma nova avaliação para manter o certificado. “Agora nosso objetivo é evolui e alcançar cada vez pontuações maiores”.
No Brasil, existem 304 empresas certificadas ante mais de 7.081 no mundo, de acordo com o Sistema B Brasil. O processo é voluntário e leva entre seis meses e dois anos a partir da inscrição. Para obter a certificação, uma empresa deve ter uma pontuação mínima de 80 pontos de 200. A Puravida atingiu 93.
“Quando cheguei na companhia (a executiva trabalhou anteriormente na Natura) me vi com apenas um ano para preparar a companhia e mais um ano em auditoria para receber o selo, logo, o relógio estava correndo contra o tempo. Mas na final, deu tudo certo”.
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