Negócios
Renner, Arezzo, Vivara e mais: o que elas têm que outras varejistas não têm?
BlackRock aumentou participação na Renner; varejo de alta renda se salva entre as próximas vítimas do setor.
O anúncio da BlackRock de elevar para 10% a participação acionária nas Lojas Renner (LREN3) chama a atenção do mercado financeiro nesta segunda-feira (16). Afinal, não é de hoje que os investidores estão ressabiados com o setor de varejo como um todo, em meio à série de pedidos de recuperação judicial e até mesmo de falência entre as varejistas.
Porém, a decisão da gestora americana mostra que ainda existem boas opções no varejo. Em especial, entre as empresas ligadas à alta renda e com a concorrência menos acirrada. A lista inclui varejistas que não costumam estar entre as “queridinhas” do mercado, como Track & Field (TFCO4), Vivara (VIVA3), Arezzo (ARZZ3) e Vulcabrás (VULC3).
Essas empresas despontam entre as tradicionais, como é o caso do Grupo Casas Bahia (BHIA3), Magazine Luiza (MGLU3) e até Lojas Marisa (AMAR3). Ou seja, a concorrência no e-commerce com as asiáticas, como Shein e Shopee, além da demanda fraca nas lojas físicas tornaram necessário uma seleção de ações (stock picking).
Afinal, o cenário para o varejo tende a melhorar, em meio à perspectiva no Brasil de redução da taxa Selic e de inflação mais controlada. Assim, para aproveitar esse momento de recuperação do consumo doméstico como um todo, é preciso estar atento a vários fatores, o que também inclui o desempenho das ações do setor até aqui.
“Possíveis cortes no juro básico podem aliviar a pressão sobre o lucro, favorecendo balanços alavancados, enquanto a desaceleração da inflação reduz as pressões de custo, beneficiando algumas empresas no segundo semestre. Já as varejistas que atendem a famílias de maior renda podem continuar com números razoáveis, apesar da esperada desaceleração econômica”, resumiu, em comentário recente, o BTG Pactual.
Varejo selecionado
Diante disso, os analistas do JPMorgan avaliam que alguns movimentos de ações dentro do setor foram exagerados, o que abre oportunidades no radar com base nos seus múltiplos. Vale lembrar que os papéis de varejistas têm enfrentado forte pressão negativa, com alguns do segmento acumulando queda de 20%.
Nesse contexto, o JPMorgan divulgou relatório no início deste mês no qual mantém recomendação de compra para Lojas Renner, Vivara e Arezzo, sendo que as duas primeiras são tidas como “preferidas”, enquanto a última é uma “boa candidata”. Já Alpargatas (ALPA4) e Grupo Soma (SOMA3) têm recomendações neutras.
A instituição financeira enxerga que as três varejistas de moda têm características que as tornam atrativas, levando-se em conta a resiliência delas diante de um cenário macro ainda ruim, bem como o ambiente competitivo não tão acirrado, como é o caso do segmento de jóias e calçados. Já a Renner, embora mais impactada pela concorrência, está se reinventando, com investimentos em tecnologia e foco na estratégia de preços.
A mesma visão tem o BTG Pactual. Em relatório recente, o banco de investimentos aponta a Renner como uma das preferidas devido à dinâmica operacional mais favorável para aproveitar essa melhora da perspectiva macro do Brasil. Porém, a lista também inclui Smart Fit (SMFT3) e Arezzo, além de Track & Field, devido à exposição ao varejo de alta renda.
De qualquer forma, o BTG Pactual mantém uma visão conservadora em relação à exposição ao setor de varejo, combinando empresas com momento um mais sólido e que oferecem menos espaço para queda no lucro, mas também ficando expostas às melhorias macroeconômicas do Brasil.
A mesma postura cautelosa e perfil defensivo tem a XP Investimentos. Em relatório publicado no domingo (15) com o título “O que comprar no varejo”, os analistas Danniela Eiger e Gustavo Senday avaliam que nem tudo são más notícias no setor e ventos positivos neste último trimestre podem ajudar nos resultados das varejistas.
Com isso, Lojas Renner e Grupo Soma se destacam enquanto posições para aproveitar a recuperação macroeconômica. Ao mesmo tempo, Vivara, Asai (ASAI3) e Grupo Mateus (GMAT3) continuam sendo as principais escolhas da XP, ao passo que Smart Fit (SMFT3) tem boas perspectivas de crescimento. Já a Raia Drogasil (RADL3) é o porto seguro.
Em linhas gerais, o Itaú BBA prevê um trimestre ainda fraco para varejistas do segmento alimentício, mas também vê o Grupo Mateus se sobressaindo positivamente mais uma vez em termos de produtividade. Por sua vez, Carrefour Brasil (CRFB3) deve mostrar números ainda mais fracos no período.
Ainda segundo o BBA, entre empresas com exposição ao público de alta renda, o Grupo Soma deve mostrar pressão de margens, enquanto Arezzo será o ponto alto da categoria. Do lado do e-commerce, Mercado Livre (MELI34) continuará entregando desempenho superior aos pares nacionais.
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