A Shell informou que o desempenho de sua operação de petróleo e gás se recuperou no terceiro trimestre, após enfrentar a volatilidade geopolítica no período anterior.

O desempenho da divisão foi significativamente melhor para gás e para petróleo no trimestre, informou a empresa nesta terça-feira (7) em comunicado.

Trata-se de uma recuperação para um negócio que costuma ser um dos maiores impulsionadores dos lucros da Shell.

O CEO Wael Sawan atribuiu os resultados comerciais excepcionalmente ruins do segundo trimestre a oscilações do mercado, que foram impulsionadas pela geopolítica, e não por fundamentos de oferta e demanda, levando a Shell a reduzir os riscos.

Com isso, as ações da Shell subiram 2,3% em Londres nesta terça, a maior alta em dois meses. A valorização de 12% das ações neste ano representa agora o melhor desempenho entre as maiores empresas de petróleo e gás.

“Vemos isso como uma forte atualização da empresa”, disse o analista do RBC, Biraj Borkhataria. Ele destacou o desempenho “melhor” das negociações no período de julho a setembro, após o resultado “decepcionante” das negociações no trimestre anterior.

Borkhataria também observou o aumento dos volumes de liquefação de GNL da Shell, que atingiram entre 7 milhões e 7,4 milhões de toneladas métricas, ante 6,7 milhões no trimestre anterior. A produção de petróleo e gás da Shell subiu para o equivalente a 1,89 milhão de barris por dia, dentro da faixa de projeção anterior.

As despesas operacionais subjacentes na exploração e produção de petróleo e gás podem exceder o trimestre anterior em até US$ 500 milhões, afirmou a Shell.

Melhoria nas negociações

A melhoria nas perspectivas de negociação ocorre após um período de relativa estabilidade nos preços do petróleo. Os contratos futuros do petróleo Brent foram negociados em uma faixa estreita entre US$ 65 e US$ 70 o barril no terceiro trimestre, proporcionando aos traders spreads mais previsíveis para explorar. Os preços médios no trimestre subiram mais de US$ 2.

Embora o terceiro trimestre não tenha sido isento de volatilidade, o período anterior foi marcado por uma guerra de curta duração no Oriente Médio — o coração do petróleo mundial — e por amplos anúncios de tarifas pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump.

A Shell está entre as primeiras empresas chamadas de supermajors a atualizar as projeções dos investidores sobre os resultados trimestrais, dando um pouco mais de visibilidade sobre o desempenho do setor como um todo.

Seus pares também enfrentaram volatilidade no segundo trimestre.

E embora a atualização da Shell sugira uma melhora na negociação de energia, a Agência Internacional de Energia (AIE) afirma que o mercado de petróleo está à beira de um excesso de oferta que pode pressionar os preços.

A TotalEnergies anunciou uma redução nas recompras de ações no mês passado, com a expectativa de que o petróleo Brent seja negociado em uma faixa mais baixa.

As margens de refino também melhoraram para a Shell.

Isso ecoa a atualização da Exxon Mobil Corp. na segunda-feira, que projetou um aumento de US$ 300 milhões a US$ 700 milhões nos lucros devido ao fortalecimento das margens de produção de combustível.

Problemas com produtos químicos

Nem todas as divisões estão se recuperando. A unidade química da Shell deve apresentar prejuízo no terceiro trimestre.

A unidade química tem sido um entrave ao desempenho da Shell há algum tempo, e a empresa afirmou estar explorando parcerias nos EUA e fechamentos seletivos na Europa.

Em julho, Sawan prometeu recuperar o negócio químico, que, segundo ele, vem sofrendo uma das quedas mais prolongadas do setor em muito tempo.