A Sabesp, maior empresa de água e esgoto da América Latina, já mostra os primeiros sinais das medidas tomadas pela sua nova gestão para melhorar a eficiência da antiga estatal. Sob orientação da Equatorial Energia, que pagou R$ 6,9 bilhões para se tornar o acionista de referência, a companhia realizou cortes expressivos de despesas e implementou uma gestão mais enxuta.
Isso, conforme o CEO Carlos Piani, possibilitou uma situação financeira que permite à empresa dobrar seus investimentos para levar água e esgoto para mais paulistas quatro anos antes do prazo exigido por lei.
“Estamos com uma situação financeira muito boa em comparação com outras empresas do setor, o que nos dá vantagem num momento de juros altos no país”, afirmou Daniel Szlak, diretor financeiro da Sabesp, após a divulgação dos resultados do último trimestre de 2024.
Nova cultura
A Sabesp informou na segunda-feira (24) que seu lucro operacional (medido pelo Ebitda, que representa o quanto a empresa gera de caixa com suas operações antes de impostos e depreciações) foi de R$ 2,3 bilhões no último trimestre de 2024, 22% menor que no mesmo período do ano anterior.
Essa queda, porém, tem um motivo específico, argumenta a gestão: a empresa destinou R$ 630 milhões para o programa que incentivou a saída de mais de 2.000 funcionários.
Os gastos gerais já caíram 6,7% em relação ao ano anterior, somando R$ 3,1 bilhões. O destaque foi a redução de 35% nas despesas com pessoal.
Piani informou durante apresentação a analistas que a empresa está adotando o modelo conhecido como “orçamento base zero” — uma técnica que exige justificativa para cada centavo gasto, em vez de simplesmente repetir orçamentos anteriores. Segundo ele, essa abordagem trará “economias significativas ao longo de 2025”.
“Temos urgência, sim, mas algumas mudanças são rápidas e outras precisam de mais tempo para serem implementadas corretamente”, explicou Szlak sobre o plano de eficiência que está em andamento.
Universalização
A empresa, que hoje atende 371 cidades paulistas, prometeu levar água e esgoto para mais de 90% da população do estado até 2029, quatro anos antes do prazo estabelecido pelo Marco do Saneamento.
Para conseguir isso, a Sabesp precisará dobrar seus investimentos atuais. O lado positivo, segundo Szlak, é que a estrutura de capital permite essa expansão: a relação entre dívida e geração de caixa (dívida líquida/Ebitda) está em apenas 1,8 vez, um índice considerado muito saudável e que proporciona folga para novos financiamentos.
“A Sabesp representa uma oportunidade de investimento simples de entender: tem uma equipe de gestão forte, muito espaço para melhorar eficiência e grande potencial de crescimento com novas concessões”, avaliou João Pimentel, analista do banco Citi, em relatório aos investidores.
Além de reduzir custos, a empresa busca aumentar receitas: está revisando sua política de descontos, aprimorando o sistema de cobrança e também implementando pagamentos por cartão de crédito.
No último trimestre de 2024, a receita líquida cresceu 5,8%, chegando a R$ 5,8 bilhões, impulsionada pelo aumento no volume de serviços e nos preços cobrados. O lucro líquido alcançou R$ 1,43 bilhão, alta de 21% na comparação com o mesmo período de 2023.
Com Bloomberg e Reuters