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Negócios

Vimos nas startups uma forma de aprender rápido, diz líder de inovação da Ambev

Bruno Stefani conta como a maior cervejaria do mundo faz mais de 250 negócios por ano com este modelo de empresa.

O diretor global de inovação da AB InBev, Bruno Stefani, afirmou que a maior fabricante de cervejas do mundo identificou no universo das startups uma maneira rápida de aprendizagem para os negócios e inovação da companhia.

“Os empreendedores conversam muito rápido entre si, eles trocam experiência. A grande empresa não. A gente olhou no ecossistema de startups uma forma de aprender rápido”, disse Stefani durante participação no Innovation Lab: A Inovação no Centro da Cultura, promovido pelo Experience Club na capital paulista na semana passada.

Diretor global de inovação da AB InBev, Bruno Stefani
Diretor global de inovação da AB InBev, Bruno Stefani.

Em entrevista ao InvestNews no evento, Stefani explicou que, conforme a empresa vai olhando para esses empreendedores e aprendendo, vai pensando novos negócios.

A Ambev (ABEV3), que, em junho, foi listada como uma das 20 empresas mais inovadoras do Brasil pelo MIT Technology Review, e que faz mais de 250 negócios por ano com startups, trabalha com várias frentes para estimular a inovação, entre elas a Open Innovation, que promove parcerias com startups para criar soluções para o mercado.

Segundo o diretor global de inovação da AB InBev, as startups, normalmente, crescem muito rápido, pois elas “entendem a dor”, a demanda do cliente, do consumidor e entregam aquilo que eles precisam. 

“A grande empresa, muitas vezes, demora um pouco mais para ter um legado, uma estrutura por trás. Acho que a gente é rápido em fazer isso e foi aprendendo a adaptar a companhia àquilo que meu cliente ou consumidor quer”, disse Stefani durante participação no evento.

O executivo afirmou ainda que a companhia parte do cliente, de colocar ele no centro, e que, nos últimos anos, deixou de vender as marcas que queria para “testar” o consumidor final.

“Não tenho que olhar para meu concorrente, tenho que olhar para o ecossistema e falar onde tem necessidade do consumidor que vou resolver. E vou fazendo a Ambev crescer. Quando você fala de inovação, não adianta comprar um livro, fazer um curso. Você precisa fazer tudo isso e precisa testar”, explica Stefani.

O diretor global de inovação da AB InBev, Bruno Stefani (d), conversa com Ricardo Natale, CEO do Experience Club, durante evento em São Paulorience Club
O diretor global de inovação da AB InBev, Bruno Stefani (d), ao lado de Ricardo Natale, CEO do Experience Club, durante o evento Innovation Lab: A Inovação no Centro da Cultura, em São Paulo. Crédito: Pedro Bandeira/InvestNews

Confira os principais trechos da entrevista de Bruno Stefani ao InvestNews:

InvestNewsEm período econômico mais difícil, com o mundo sofrendo com inflação elevada e poder de compra reduzido, qual desafio este cenário proporciona para os negócios e inovações da Ambev?

Bruno Stefani – Quando temos cenário de incerteza, mais difícil, a gente acaba querendo inovar mais. Acho que estamos em um momento de companhia de repensar muito do negócio e de testar muita coisa.

Acho que é uma forma de a gente trazer soluções, bons empreendedores para atender às oportunidades e problemas da Ambev. Neste cenário, a gente, cada vez mais, vai se abrindo ao ecossistema. É bom para todo mundo, porque a gente cresce, o empreendedorismo no Brasil cresce, e a gente começa a resolver problemas reais.

Acho que, como uma grande empresa, tudo que a gente resolve dentro do nosso ecossistema, de alguma forma, ajuda o Brasil também. Então, é assim que a gente está se posicionando.

InvestNews A procura e favoritismo pelas bebidas costumam também ser conquistados pelas inovações que oferecem. As inovações recentes da empresa nos últimos anos impulsionaram a receita da companhia. Como conseguir se manter gerando impacto e trazendo novidades para os negócios em um cenário no qual hábitos de consumo também mudam? 

Bruno Stefani – É ouvindo o consumidor. Precisamos ouvir quem consome nossos produtos e entender o que querem. Como uma grande empresa, a gente vem aprendendo a fazer isso.

No passado, a gente era muito conhecido por causa dos nosso líquidos, principalmente cerveja e refrigerante, e, agora, temos um portfólio de bebidas muito maior, muito porque o consumidor falou, e conseguimos ouvir. E, como são milhões de consumidores, a gente usa dados e tecnologia para fazer isso. Então, é, literalmente, ouvindo o que o consumidor quer e ir testando. E, a partir daí, colocando na rua para vender.

InvestNews É ano de Copa do Mundo. Como eventos dessa magnitude mexem e exigem das estratégias da companhia? O que está no horizonte da empresa?

Bruno Stefani – A Copa este ano será diferente, acontece no verão brasileiro, é como se a gente tivesse Copa e verão somados, é um verão meio turbinado. Estamos nos preparando. A Budweiser é patrocinadora oficial da Copa. Para o Brasil, o time está bom. Estamos ansiosos e animados. É um evento extra no calendário que a gente está se preparando para trazer, espero eu, mais razões para o Brasil poder brindar e ser feliz.

InvestNewsA Ambev trabalha com várias frentes para estimular a inovação, entre elas a Open Innovation. Quais aprendizados e resultados estas startups podem trazer para os negócios da Ambev? Por que se aproximar delas? 

Bruno Stefani – Em um primeiro momento, é aprender. Pensa que o empreender é alguém que olhou uma oportunidade, viu um problema e falou: deixar eu estudar e tentar construir uma mínima solução viável. E aí ele percebe que a solução resolve o problema. A partir daí, ele descobre que essa solução pode virar uma empresa. Conforme vamos olhando para esses empreendedores e aprendendo, pensamos novos negócios.

Vou dar um caso real: estamos testando entrega por drone. A gente não pensou em abrir uma área de drone dentro da Ambev para fazer isso. Fomos na Speedbird Aero, uma startup brasileira que faz isso aqui no Brasil e no mundo, e acabamos aprendendo com eles e colocando a solução deles para testar algo que a gente entende como uma oportunidade. 

Esse é o cenário de abrir a companhia, não só para entrega por drone, mas para conhecer o consumidor para o marketing, para a sustentabilidade. Até, às vezes, para mudar a maneira como a gente recruta. É assim que a gente está encarando inovação e assim que a gente está se abrindo para o ecossistema.

InvestNews Vocês calculam que 20% do faturamento da Ambev vêm da inovação. Quais projetos de inovação são a maior aposta da empresa? 

Bruno Stefani – Estamos aprendendo como acelerar nossos canais. Hoje, temos o BEES, que é o marketplace B2B, e o Zé Delivery, o marketplace B2C. Estamos aprendendo como conheço o consumidor e como sirvo, seja o cliente, que é dono do bar, seja o consumidor, que está em casa e consome nossos produtos. Esse é o grande foco, conhecer consumidor e entregar aquilo que ele realmente precisa.

Parece simples falar, mas é super difícil de fazer. As startups, normalmente, crescem muito rápido,  porque elas “entendem a dor”, a demanda do cliente ou consumidor e entregam aquilo que eles precisam. A grande empresa, muitas vezes, demora um pouco mais para ter um legado, uma estrutura por trás. Acho que a gente é rápido em fazer isso e foi aprendendo a adaptar a companhia àquilo que meu cliente ou consumidor quer.

InvestNews Quais os diferenciais do mercado brasileiro em relação aos demais onde a Ambev atua?

Bruno Stefani – Olhando muito por conta da inovação, acho que a gente, aqui, tem um cenário de fintech muito forte. Nós, muitas vezes, desenvolvemos coisas para o Brasil que em outros lugares do mundo ainda não existem, como o caso do Pix.

O empreendedor brasileiro está cada vez mais maduro, mais experiente. Estamos vendo empreendedores fazendo a sua segunda, terceira, quarta startup. Tem empreendedores que estão montando fundos de investimento para investir no ecossistema.

Ecossistema é a palavra. A gente foi muito conhecido pelo setor de bebidas, de cerveja, e, agora, a gente começa a olhar muito mais nosso ecossistema. Faz sentido para a companhia crescer se o nosso ecossistema crescer junto, especialmente no meu mundo, que trabalha muito com startup. É um bom negócio se fizer sentido para a Ambev, para o empreendedor e para a comunidade onde a gente está.


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