A Meta vai começar a exibir anúncios no WhatsApp, abrindo uma nova frente de receita para a companhia, que vem ampliando investimentos em inteligência artificial e outros projetos de longo prazo.
A exibição de propagandas será feita inicialmente na aba “Atualizações” e começa a ser implementada globalmente nesta segunda-feira (16). Segundo a empresa, o processo será gradual, e ainda não há previsão para o lançamento da novidade no Brasil.
Nessa aba ficam os “Status”, versão do WhatsApp para os Stories que somem após 24 horas, e que agora passarão a incluir anúncios — uma seção separada da caixa de entrada principal e das conversas privadas, usada por cerca de 1,5 bilhão de pessoas por dia, segundo a Meta.
Empresas e criadores também poderão pagar para promover seus Canais e aparecer com mais destaque na aba de Atualizações. Os Canais permitem que marcas ou figuras públicas publiquem mensagens em massa para seus seguidores, de forma semelhante a uma newsletter.
Além disso, o WhatsApp permitirá que administradores de Canais ofereçam assinaturas pagas para conteúdos exclusivos. Inicialmente, a Meta não ficará com nenhuma parte das receitas dessas assinaturas, mas planeja cobrar uma taxa de 10% futuramente, afirmou Alice Newton Rex, vice-presidente de produtos do WhatsApp.
A medida ocorre num momento em que a Meta vem acelerando os investimentos em inteligência artificial, incluindo melhorias em modelos de linguagem generativa. A empresa também anunciou recentemente um aporte de US$ 14,3 bilhões por 49% da Scale AI, startup de rotulagem de dados para IA, segundo uma fonte a par do acordo. Com isso, cresce a pressão sobre o negócio principal da Meta — a publicidade — para financiar esses novos investimentos.
Meta e WhatsApp
A Meta comprou o WhatsApp por US$ 19 bilhões em 2014 e, desde então, tem desenvolvido com cautela formas de monetizar o app. Publicidade nunca foi considerada ideal para um aplicativo de mensagens privadas, por conta da natureza íntima das conversas.
Em vez disso, a empresa passou a focar em soluções para pequenos negócios, incluindo pagamentos digitais e funcionalidades de compras, com foco especial em mercados como Brasil e Índia, onde o app domina.
Apesar dos obstáculos regulatórios, o WhatsApp já gera bilhões com anúncios do tipo “clique para conversar” no Instagram e no Facebook, que redirecionam o usuário para um chat com anunciantes dentro do app. Empresas também podem pagar para enviar mensagens diretas a clientes que optaram por recebê-las.
Um desafio recorrente da Meta tem sido equilibrar a monetização com o compromisso de privacidade que marcou o WhatsApp desde sua criação.
Diferentemente do Facebook e do Instagram, que usam dados detalhados para segmentar anúncios, as mensagens do WhatsApp são criptografadas de ponta a ponta — uma promessa central dos fundadores Jan Koum e Brian Acton, que sempre disseram que o app não teria anúncios. Ambos deixaram a empresa em 2017 e 2018.
Segundo Newton Rex, os anúncios no WhatsApp usarão critérios amplos, como localização e idioma do usuário ou os Canais que ele segue. Dados do Facebook ou Instagram só serão usados se o usuário tiver vinculado explicitamente suas contas.
“Não vamos interromper as mensagens pessoais com anúncios”, disse a executiva. “Se você quiser continuar usando o WhatsApp apenas para mensagens e chamadas, nunca verá nenhum anúncio.”
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