O que é IGP-M e como funciona

Confira como o IGP-M influencia o seu dia a dia e entenda a diferença entre ele e o índice oficial da inflação no Brasil, o IPCA.

Pessoa segurando um cupom de compra em uma loja, com foco na impressão do recibo e fundo desfocado de produtos.

O IGP-M (Índice Geral de Preços — Mercado), criado pela FGV, é um índice de preços que mede a variação na economia brasileira e serve como referência para reajustes de aluguéis. 

Ele reflete mudanças nos preços no atacado, no consumo das famílias e na construção civil, oferecendo uma visão ampla da inflação. Por exemplo, um aluguel pode ser reajustado anualmente pelo IGP-M acumulado nos últimos 12 meses, acompanhando a inflação. 

Veja abaixo os principais pontos para entender para que serve o IGP-M e como ele impacta contratos, investimentos e o mercado em geral.

Como o IGP-M é calculado?

A FGV coleta dados de diversos setores da economia brasileira em todo o país e é responsável pelo cálculo do índice. O IGP-M é formado por uma cesta de três indicadores que medem a variação de preços em diferentes setores da economia. Cada componente tem um peso específico na metodologia do cálculo.

  • IPA-M (Índice de Preços ao Produtor Amplo — Mercado) — 60%: mede a variação de preços no atacado, ou seja, entre produtores e distribuidores. Esse índice capta os custos de matérias-primas agrícolas e industriais.
  • IPC-M (Índice de Preços ao Consumidor — Mercado) — 30%: reflete a variação de preços ao consumidor final. Inclui itens de consumo diário, como alimentação, transporte, saúde e habitação, mostrando como a inflação chega diretamente às famílias.
  • INCC-M (Índice Nacional de Custo da Construção — Mercado) — 10%: apura a variação de custos da construção civil, considerando preços de materiais, serviços e mão de obra no setor.

A média ponderada desses três indicadores resulta no IGP-M, que se tornou referência em contratos de aluguel, tarifas e outros ajustes econômicos.

Diferença entre IGP-M e IPCA

Embora ambos sejam índices de preços, o IGP-M e o IPCA têm objetivos e metodologias diferentes. Veja a seguir!

Índice FinalidadeResponsávelBase de cálculo
IPCAMedir a inflação oficial do Brasil, usada nas metas do Banco Central e política monetária.IBGEPreços de bens e serviços consumidos por famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos, em várias regiões do país.
IGP-MReferência em contratos de aluguel, tarifas e negociações empresariais.FGVMédia ponderada de três índices: IPA-M, IPC-M e INCC-M.

O IPCA é a inflação oficial do Brasil, utilizado pelo Banco Central no regime de metas, que reflete a variação dos preços pagos pelas famílias no dia a dia. Já o IGP-M tende a ser mais sensível a fatores externos, como a variação do câmbio e os preços no atacado, já que sua composição dá grande peso ao custo de matérias-primas e commodities.

Para que serve o IGP-M?

O IGP-M é amplamente utilizado como índice de correção de contratos e preços, servindo como referência em diferentes setores da economia. Entre os principais usos estão:

  • reajuste de aluguéis — aplicado em contratos residenciais e comerciais, geralmente com atualização anual;
  • contratos de energia elétrica — utilizado em negociações entre concessionárias e grandes consumidores;
  • tarifas públicas — presente na correção de serviços como saneamento e transporte em algumas localidades;
  • aplicações financeiras — funciona como parâmetro de atualização em determinados títulos e investimentos.

Como acompanhar o IGP-M?

O IGP-M é calculado pela FGV e divulgado entre os dias 28 e 30 de cada mês. Veja as principais opções para acompanhar o índice a seguir.

  1. Site oficial da FGV: a FGV publica os resultados completos do IGP-M, incluindo variação do mês e acumulado em 12 meses;
  2. Portais de notícias econômicas e financeiras: diversos veículos divulgam análises e resumos do índice;
  3. Aplicativos e plataformas de investimento: muitos aplicativos financeiros mostram a variação do IGP-M como referência para contratos de aluguel, investimentos e correção de preços;
  4. Boletins e relatórios de instituições financeiras: bancos e corretoras frequentemente publicam relatórios mensais com o comportamento do IGP-M e projeções futuras.

O IGP-M mostra como os preços estão variando na economia. Quando o índice sobe, os custos de aluguéis, contratos e tarifas podem aumentar. 

A variação acumulada em 12 meses indica a tendência de inflação ao longo do ano, e entender os componentes do índice (IPA-M, IPC-M e INCC-M) ajuda a saber se a mudança vem mais dos preços no atacado, do consumo das famílias ou da construção civil. 

Impactos do IGP-M na economia e nos investimentos

O IGP-M funciona como um termômetro da inflação em diferentes etapas da economia. Ele está diretamente ligado a fatores macroeconômicos como juros, câmbio e inflação. Quando o índice sobe, indica que os preços na economia estão aumentando.

Como o IGP-M é sensível a preços no atacado e à variação do câmbio, mudanças no dólar e nos custos de commodities impactam diretamente o índice. Por isso, empresas, investidores e governo acompanham o IGP-M para planejar contratos, investimentos e políticas econômicas, antecipando efeitos sobre preços, custos e rentabilidade.

Além disso, ele é amplamente utilizado em contratos financeiros e indexadores de produtos, como fundos imobiliários (FIIs), títulos de crédito privado e contratos de infraestrutura.

Veja a seguir os principais impactos positivos e negativos do IGP-M.

Impactos positivosImpactos negativos
Proporciona reajustes que mantêm o valor real dos contratos, protegendo investidores e locadores da perda causada pela inflação.Reajustes elevados do IGP-M podem aumentar significativamente o custo do aluguel e de contratos, onerando locatários e consumidores.
Serve como indicador econômico que reflete variações em preços de matérias-primas, construção e bens de consumo, ajudando no planejamento financeiro.A alta do índice pode pressionar custos para as empresas, impactando nos preços finais e na competitividade.
Facilita correções em contratos de energia, tarifas públicas e serviços, oferecendo previsibilidade e perdas financeiras dos prestadores.Em períodos de alta volatilidade cambial e inflação elevada, o IGP-M pode apresentar correções exageradas, dificultando previsibilidade.
Ajuda o governo a monitorar o cenário econômico para ajustar políticas monetárias e fiscais.A aplicação do IGP-M negativo em contratos ainda gera debates jurídicos, podendo causar insegurança na interpretação dos reajustes.

Como o IGP-M afeta o mercado imobiliário?

O IGP-M é o índice mais utilizado para reajustar contratos de aluguel no Brasil. Ele serve como referência para que o valor do aluguel seja atualizado periodicamente, garantindo que o locador mantenha o poder de compra e que o locatário tenha previsibilidade sobre os reajustes. Embora seja o mais comum, outras alternativas de índices podem ser negociadas entre as partes, como o IPCA ou índices regionais.

Exemplo prático de cálculo:

Se um aluguel mensal é de R$ 2.000,00 e o IGP-M acumulado nos últimos 12 meses foi de 3%, o valor reajustado do aluguel será:

  • R$ 2.000,00 × 3% = R$ 2.060,00.

Dessa forma, o índice impacta diretamente o bolso do locatário e a receita do locador, sendo fundamental considerar suas variações na hora de renegociar contratos.

Como se proteger de variações do IGP-M?

Para se proteger das variações do IGP-M, é importante adotar estratégias que reduzam o impacto financeiro sobre contratos, investimentos e custos. Empresas e pessoas físicas podem combinar diferentes estratégias para manter a previsibilidade e controlar riscos antes de tomar decisões.

  • Cláusulas contratuais flexíveis: negociar contratos de aluguel ou fornecimento prevendo índices alternativos ou limites máximos de reajuste.
  • Diversificação de investimentos: incluir ativos atrelados a diferentes índices ou instrumentos financeiros, reduzindo a exposição exclusiva ao IGP-M.
  • Uso de outros índices: optar por contratos ou aplicações que considerem IPCA, INCC ou índices regionais, dependendo da estratégia.
  • Acompanhamento regular: monitorar o índice mensalmente para antecipar ajustes e planejar finanças.

IGP-M acumulado

O IGP-M acumulado é um cálculo feito considerando os valores mensais do IGP-M. A base de cálculos é a mesma utilizada para o cálculo de juros compostos. Esse cálculo leva em consideração os últimos 12 meses. No portal da FGV é possível acompanhar o cálculo do IGP-M mensalmente.

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