O melhor trabalho em tecnologia pode estar dentro de um banco

Trabalhar no departamento de tecnologia de um banco, finalmente, pode ser tão legal quanto conseguir um emprego no Google.

O mercado de trabalho para talentos em tecnologia está mais cauteloso do que há alguns anos, mas os grandes bancos dizem que ainda estão contratando agressivamente. E os prodígios dessa área estão migrando para o setor, que pode oferecer aos novos contratados a chance de registrar patentes e trabalhar com pesquisadores de universidades renomadas.

A estabilidade no emprego e o prestígio social de dizer que você trabalha no JPMorgan Chase também não fazem mal.

Em eventos de recrutamento, os alunos estão fazendo fila na porta, de acordo com Christine Tu, engenheira do Morgan Stanley e chefe de inteligência artificial e aprendizado de máquina em sua divisão de tecnologia de gestão de patrimônio. Isso não acontecia há alguns anos, acrescentou ela.

Christine credita parte do interesse ao sucesso do setor na promoção de seu trabalho de IA e tecnologia. O Morgan Stanley falou extensivamente sobre sua parceria inicial com a OpenAI.

“Com essas longas filas, as pessoas estão vindo falar conosco. Sinto que também entendem que há cada vez mais trabalhos na área financeira que podem corresponder às suas habilidades e interesses”, disse ela.

Embora as empresas de tecnologia continuem sendo as maiores empregadoras de recém-formados na área, o setor de serviços financeiros está se aproximando. A Universidade Cornell disse que 22% de seus formandos em ciência da computação em 2023 foram para serviços financeiros, mais que os 16% em 2022. No Heinz College da Universidade Carnegie Mellon, 19% dos que completaram o mestrado em gerenciamento de sistemas de informação entre 2020 e 2023 foram para serviços financeiros, contra 16% entre 2018 e 2021.

Prem Natarajan disse que conseguiu aproveitar sua experiência de trabalho na Universidade do Sul da Califórnia e na Amazon para trazer talentos para o Capital One , onde atua como cientista-chefe e chefe de IA empresarial.

Natarajan revelou que o Capital One está contratando talentos de tecnologia “da forma mais agressiva possível” para funções em todo o espectro da IA, inclusive especialistas em redes neurais e desenvolvimento, treinamento e ajuste de modelos.

Está mais fácil encontrar esse nível de talento do que há dois anos, disse ele. “Estamos no mercado divulgando o valor de todas essas tecnologias para o setor financeiro.”

O mercado de talentos de tecnologia em geral está mais cauteloso do que nos últimos anos, em parte por causa da economia e em parte por causa de certos excessos de contratações durante e após a pandemia, disse Ryan Sutton, especialista em contratação e consultoria de tecnologia da Robert Half. A taxa de desemprego para cargos na área caiu ligeiramente para 2,5% em novembro, em torno do nível mais baixo de 2024, de acordo com o grupo comercial CompTIA. A taxa de desemprego nacional subiu ligeiramente para 4,2%.

Para os candidatos às vagas, a diferença de atrativos entre o trabalho em uma empresa de tecnologia e um emprego em um banco está diminuindo, disse Sutton.

A remuneração é semelhante para funções comparáveis nos dois setores. Mas, abaladas por demissões e uma maior sensação de instabilidade, as empresas de tecnologia não estão mais estendendo o tapete vermelho para seus funcionários com vantagens como flexibilidade perpétua, transporte luxuoso e retiros de bem-estar.

E então, o setor financeiro começa a comparecer.

Os bancos estão cada vez mais procurando divulgar seu trabalho de IA, investir em departamentos de pesquisa puros e se concentrar em qualificação e desenvolvimento interno com eventos como hackathons como forma de atrair talentos, de acordo com Alexandra Mousavizadeh, cofundadora e CEO da Evident, que acompanha a adoção de IA em todo o setor financeiro.

Talvez ninguém tenha sido mais bem-sucedido nisso do que o JPMorgan, afirmou Mousavizadeh. O executivo-chefe Jamie Dimon criou um dos departamentos de pesquisa de tecnologia mais robustos fora do Vale do Silício, começando com a contratação em 2019 da conhecida pesquisadora da Carnegie Mellon, Manuela Veloso.

“O talento de IA olha para a liderança”, disse Mousavizadeh. “Ela deixa claro que isso é uma prioridade? Está bem claro que a IA será um foco?”

Pessoas de talento também procuram provas tangíveis do compromisso do banco com a tecnologia, como patentes.

Em 2023, o Capital One e o Bank of America se juntaram à Toyota e a uma dúzia de empresas de tecnologia, incluindo Microsoft, Amazon, Alphabet e IBM na lista das 15 principais empresas que obtiveram patentes de utilidade relacionadas à IA, de acordo com a Harrity & Harrity, empresa de consultoria de patentes.

“Há muita gente interessada em um trabalho complexo de tecnologia fazendo fila em nossa porta”, disse Hari Gopalkrishnan, chefe de tecnologia de consumo, negócios e gestão de patrimônio do Bank of America. “Se você quiser fazer um Ph.D. em um tópico vertical muito específico e trabalhar com pesquisa e desenvolvimento, pode não ser conosco, mas para muitas outras tarefas de desenvolvimento de software e análise de dados, temos muito a oferecer e as pessoas estão animadas por estarem aqui.”

O Bank of New York Mellon atrai talentos com eventos regulares de treinamento e hackathons e recentemente implantou um supercomputador de IA com chips Nvidia, disse Sarthak Pattanaik, chefe do hub de IA do banco.

Pattanaik observou que o BNY está contratando para funções em engenharia de aprendizado de máquina, engenharia de dados, IA generativa, IA responsável e segurança da informação — e procura mostrar a candidatos talentosos que eles podem trabalhar em questões significativas.

“Sentimos que a IA tem poder transformador e pode fazer parte de todos os produtos e serviços que o banco oferece”, disse ele. “Só precisávamos criar um grupo muito mais amplo de talentos para entrar em ação.”

Escreva para Isabelle Bousquette em [email protected]

Traduzido do inglês por InvestNews

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