A oferta de Elon Musk pela OpenAI, no valor de US$ 97,4 bilhões, pode acabar custando caro para Sam Altman, independentemente de ele aceitar ou não.

Há meses, o diretor-executivo da OpenAI vem trabalhando com investidores para determinar como compensar de forma justa a entidade sem fins lucrativos que controla a empresa, como parte de um plano para separá-la e fazer da desenvolvedora do ChatGPT um negócio lucrativo.

A oferta de US$ 97,4 bilhões de Musk, com o apoio de um consórcio de investidores, pode forçar o conselho de administração da OpenAI a reavaliar essa compensação – que dará à entidade sem fins lucrativos uma participação na OpenAI.

Quanto maior a avaliação, maior tende a ser essa fatia.

Ao mesmo tempo, a OpenAI está negociando quanto de participação acionária a Microsoft, sua maior investidora, deve ter na futura empresa, juntamente com outros investidores e funcionários. A companhia também busca levantar até US$ 40 bilhões em novo capital. Os investidores dessa rodada devem receber participação acionária quando a OpenAI se tornar uma empresa com fins lucrativos.

Satisfazer a todas essas partes já era algo complexo. Se a manobra de Musk aumentar a participação destinada à entidade sem fins lucrativos, será ainda mais difícil.

Além disso, a OpenAI precisa da aprovação de procuradores-gerais na Califórnia, onde está sediada, e em Delaware, onde está registrada. Esses órgãos regulam instituições de caridade e supervisionam a avaliação dos ativos de entidades sem fins lucrativos durante uma venda, para garantir que sejam devidamente compensadas.

Na segunda-feira, Altman rejeitou a proposta de Musk na plataforma X (antigo Twitter) e em uma mensagem aos funcionários. “Nossa estrutura garante que nenhum indivíduo possa assumir o controle da OpenAI”, escreveu na mensagem interna. “Essas são táticas para tentar nos enfraquecer porque estamos fazendo grandes avanços.”

Mas o conselho pode não conseguir descartar a oferta de imediato.

“Se o preço de Elon for justo e a OpenAI sem fins lucrativos tiver poder para tomar a decisão, ela pode vender”, disse Harvey Dale, professor de direito de organizações sem fins lucrativos na Universidade de Nova York.

No entanto, o conselho pode rejeitar a oferta de Musk por razões que vão além do dinheiro. Como entidade beneficente, a obrigação da OpenAI é cumprir seu propósito legal: avançar a inteligência artificial de forma segura para beneficiar a humanidade.

“A questão do preço adequado é secundária em relação à questão de se o conselho deve vender ou não os ativos beneficentes”, disse Jill Horwitz, professora de direito da Universidade da Califórnia em Los Angeles.

A oferta não solicitada intensifica uma rivalidade de longa data entre Musk e Altman. Ambos foram cofundadores da OpenAI em 2015, e Musk saiu três anos depois. Desde que o lançamento bem-sucedido do ChatGPT em 2022 levou a OpenAI a se tornar mais focada em negócios, Musk tem criticado Altman por supostamente abandonar a missão filantrópica original, lançou uma startup concorrente chamada xAI e entrou com vários processos judiciais contra a empresa que ajudou a iniciar.

A OpenAI tem contestado as alegações de Musk e divulgado documentos que, segundo a empresa, mostram que Musk apoiou anteriormente a transformação da OpenAI em uma empresa com fins lucrativos, mas se afastou porque não conseguiu assumir o controle.

O mais recente movimento de Musk pode envolver uma grande parte da indústria de tecnologia na batalha entre os ex-sócios que agora são inimigos.

O conglomerado japonês SoftBank está em negociações para investir até US$ 25 bilhões na OpenAI como parte de sua rodada atual de captação. Ele também é um grande contribuinte do Stargate, um empreendimento liderado pela OpenAI — anunciado no dia seguinte à posse do presidente Trump — para construir data centers nos EUA. A Microsoft já investiu quase US$ 14 bilhões na startup. Muitos dos principais fundos de capital de risco do Vale do Silício investiram tanto na OpenAI quanto na xAI de Musk, ou em ambas.

A News Corp, proprietária do Wall Street Journal, tem uma parceria de licenciamento de conteúdo com a OpenAI.

Escreva para Tom Dotan em [email protected] e Berber Jin em [email protected]

Traduzido do inglês por InvestNews

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