Por que a mãe de Elon Musk é tão amada na China – e ele nem tanto assim?

Elon Musk tem muitos problemas na China. Sua mãe, de 76 anos, não é um deles.

Maye Musk, mãe do enigmático magnata, desfruta de um surpreendente status de celebridade em todo o país. Sua autobiografia, “A Woman Makes A Plan” (Uma mulher elabora um plano, em tradução livre), chegou ao topo das listas de mais vendidos da China nos últimos anos. Multidões se aglomeram para ouvi-la falar. Até o governo chinês a elogia.

Com seus impressionantes cabelos prateados, a ex-modelo é admirada por seus looks ousados, história de vida interessante e, claro, por criar uma das pessoas mais ricas do mundo. As empresas agora imploram para que Maye Musk lance seus produtos chineses, desde smartphones até dispositivos de tradução em forma de caneta.

No mês passado, ela atraiu grande interesse com uma única foto que postou na versão chinesa do Instagram, onde aparece segurando uma cinta de massagem. Mais de 140 mil unidades do dispositivo de US$ 200 foram vendidas on-line, e influenciadoras postaram vídeos com ela. Uma se gabou: “A mesma da mãe de Elon Musk”.

Contudo, esses sentimentos não se estendem ao filho famoso.

Os militares de Pequim criticaram o trabalho de Elon Musk apoiando os EUA com os satélites Starlink da SpaceX, pedindo às empresas americanas que “não ajudem um vilão a fazer o mal”. As vendas de veículos elétricos da Tesla caíram no país. Ele até precisou viajar a Pequim recentemente para obter a aprovação local para os projetos de direção autônoma da empresa.

Maye e Elon Musk parecem ser próximos. Ele posta sobre as conquistas dela e é sabido que a chama de sua heroína. Enquanto isso, ela é uma espécie de arma secreta dele, com sua ofensiva de charme na China muitas vezes ajudando.

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No Dia das Mães, ela postou fotos deslumbrantes de um arranha-céu de Xangai com vista para o horizonte da cidade. Uma delas mostrava um buquê de rosas enviado por Elon — com um cartão “Love. E” — o rosa, damasco e creme das flores combinando com as cores dos VE da Tesla mostrados em outra foto. “As pessoas amam o Tesla em todos os lugares que vou”, observou Maye em seu post.

Sua visita ocorreu após a viagem de Elon para se encontrar com altos funcionários chineses, para pressionar por um acordo que permitiria à Tesla lançar seu software “Full Self-Driving” (direção autônoma total), ou FSD, na China. Desde então, a Tesla obteve uma licença para que alguns de seus veículos testem o software em Xangai, de acordo com a imprensa estatal chinesa.

No ano passado, a mamãe Musk preparou a chegada do filho, visitando a imensa fábrica da Tesla em Xangai antes dele — e causando agito na internet. “De certa forma, ela está agindo como embaixadora da Tesla e comercializando seus produtos”, disse David Zhang, secretário-geral da Associação Internacional de Engenharia de Veículos Inteligentes na China.

O ‘ídolo perfeito na China

Maye Musk nasceu em 1948 no Canadá e, na adolescência, iniciou uma carreira de modelo que a levou à final do Miss África do Sul. Depois de Elon, ela teve outros dois filhos, Kimbal, que agora faz parte dos conselhos da Tesla e da SpaceX, e a cineasta Tosca. Em sua autobiografia, Maye descreve suas lutas como uma jovem mãe que enfrentou a violência doméstica e um divórcio. Mas, mais tarde, fez dois mestrados e se tornou nutricionista.

Essa história de perseverança fez dela o “ídolo perfeito” para as chinesas urbanas de classe média, que devem conciliar o sucesso em casa e no escritório enquanto permanecem fisicamente atraentes, de acordo com Altman Peng, especialista em estudos de gênero da Universidade de Warwick, no Reino Unido.

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A força de celebridade de Maye Musk chega aos níveis mais altos. Quando ela sugeriu, em fevereiro, que mais pessoas visitassem a China, o embaixador do país nos EUA retuitou no X. A chefe do escritório de Bruxelas do jornal estatal China Daily, que descreve os EUA on-line como o líder do “Eixo do Mal do mundo”, se emocionou com a viagem da Sra. Musk a Xangai. “A mãe de Elon é muito coool”, elogiou, acrescentando um terceiro “o” para dar ênfase.

Por meio de seu empresário, ela não quis comentar. Em uma entrevista no mês passado à Sports Illustrated, onde apareceu na edição anual de maiôs, ela se descreveu como trabalhadora, honesta e divertida. “Adoro ser mulher”, disse ela. “Sou apreciada na maioria das vezes.”

Na China, o sucesso de suas redes sociais rivaliza com o da cantora Rihanna. Quando a maquiadora chinesa Nadira Aisikaer foi chamada para maquiar Maye Musk para um evento em Milão em meados do ano passado, ficou impressionada e “muito nervosa por conhecer a mãe de um dos homens mais ricos do mundo”.

“Os chineses gostam de mulheres cuja imagem é elegante e sofisticada”, acrescentou. “Celebridades ocidentais muito sexy ou ousadas não vão muito longe na China.”

A proximidade com Maye brevemente fez da própria Aisikaer uma celebridade. Um vídeo dela sendo entrevistada sobre sua experiência explodiu na versão chinesa do TikTok, acumulando 1,4 milhão de curtidas.

Melhor do que ‘se casar

A marca chinesa de bolsas Oleada colaborou com Maye Musk em uma coleção limitada com o slogan “From Boardroom to Ballroom” (Da sala do conselho para ao salão de baile, em tradução livre). Uma delas era uma bolsa prateada “que lembra a característica cor de cabelo de Maye”, de acordo com o site da empresa.

A cofundadora da Oleada, Tiffany Zhou, postou uma foto das duas na festa de lançamento, dizendo em chinês: “Mais feliz por estar com a mãe do bilionário, Maye Musk, do que se estivesse me casando”.

A moradora de Pequim, Flora Supe, está entre as maiores fãs da mãe de Elon. Ela leu a autobiografia de Maye repetidamente, inspirando-se nela durante os lockdowns por covid-19 e a mudança para a capital.

Sempre que se sente ansiosa, perdida ou triste, pensa em Maye Musk. “Ela é meu único ídolo”, disse Flora. “Ela é meu farol.”

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