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Crise nas bilheterias americanas? Não para salas IMAX

“Deadpool & Wolverine” está trazendo multidões de volta aos cinemas. Para a IMAX, elas nunca foram embora

Por Dan Gallagher The wall street Journal
Publicado em
6 min
traduzido do inglês por investnews

Se, para você, parecia que ninguém estava indo ao cinema no segundo trimestre, isso não estaria longe da verdade. Mas, provavelmente, você não entrou em uma sala da IMAX ultimamente. 

O segundo trimestre foi sombrio para as bilheterias americanas. As vendas de US$ 1,95 bilhão caíram 27% em relação ao mesmo período do ano passado. Excluindo 2020, quando a pandemia fechou os cinemas em todo o mundo, essa é a maior queda do período desde 1976, de acordo com dados do Box Office Mojo. E isso até mesmo com “Divertida Mente 2”, que representou quase um quarto do total de bilheteria doméstica do trimestre, apesar de ter sido lançado nas duas últimas semanas do período. O blockbuster do estúdio Pixar da Disney desde então se tornou o filme de melhor desempenho do ano até agora, com uma bilheteria global próxima a US$ 1,5 bilhão. 

A Disney tem outra chance de glória com o recém-lançado “Deadpool & Wolverine”. Este arrecadou US$ 205 milhões no mercado interno no fim de semana de estreia — um recorde para um filme com classificação para maiores de 18 anos, e 33% a mais do que “Divertida Mente 2” conseguiu em sua estreia. Isso foi precedido pelo lançamento de “Twisters” da Universal, da Comcast, que arrecadou mais de US$ 81 milhões no fim de semana de estreia — bem acima da faixa de US$ 50 milhões projetada por vários serviços de monitoramento de bilheteria.

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Mesmo assim, algumas grandes produções não fecharão totalmente o déficit que os estúdios e salas de cinema devem ver este ano por causa de mudanças na lista de lançamentos resultantes das greves de Hollywood do ano passado, e de alguns filmes grandiosos de pouco sucesso. A bilheteria doméstica deste ano está cerca de 19% abaixo da mesma época do ano passado, de acordo com o Box Office Mojo. Chad Beynon, da Macquarie Equity Research, espera que a bilheteria doméstica termine o ano em torno de US$ 8,1 bilhões, uma queda de 9% em relação ao ano passado e 28% abaixo de 2019, o último ano pré-Covid.

Essa queda é dolorosa para as salas; a AMC Entertainment já pré-anunciou a receita do segundo trimestre, 24% menor em relação ao mesmo trimestre do ano passado.

Curiosamente, porém, o baque nas bilheterias está provando ser outra demonstração de força da IMAX.

*Tecla SAP: IMAX é todo um sistema de câmeras, filmes, projetores e salas de cinema em altíssima resolução projetadas a proporcionar ao espectador uma experiência imersiva de assistir filmes com suas telas gigantes. Neste formato, as imagens produzidas na tela podem ser 8,3 vezes maiores que um filme normal.

A fornecedora de tecnologia de exibição de grande formato informou na quinta-feira (25) que a receita do segundo trimestre caiu apenas 9% ano a ano, para cerca de US$ 89 milhões. Isso provou ser 21% maior do que a previsão de Wall Street para o período e foi ajudado pelo documentário original “The Blue Angels” da empresa e pela venda dos direitos de streaming desse filme para a Amazon. As ações da IMAX saltaram 13% desde esse relatório.    

A empresa já vinha de um ano forte. A receita saltou 25% em 2023, basicamente graças ao grande sucesso de “Oppenheimer”. Isso colocou a receita anual da IMAX apenas 5% abaixo do nível pré-covid, mesmo com a bilheteria doméstica geral terminando o ano 22% abaixo dessa marca. O vencedor do Oscar de Melhor Filme também acabou sendo uma publicidade valiosa para o formato, já que o diretor Christopher Nolan fez o filme em câmeras IMAX de 70 mm. Os cinemas que exibiam o filme nesse formato ainda estavam com ingressos esgotados mais de um mês após o lançamento. 

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Outros cineastas querem embarcar nessa. A empresa menciona um recorde: 14 filmes que serão lançados no próximo ano foram “filmados para IMAX” — ou seja, filmados em filme IMAX ou com câmeras certificadas para IMAX. É fácil entender por quê. Os ingressos IMAX são mais caros em relação aos filmes normais, e a crescente preferência pelo formato entre os espectadores pode até ajudar um filme que enfrenta dificuldades no circuito de salas em geral. A sequência de “Mad Max: Estrada da Fúria”, “Furiosa: Uma Saga Mad Max”, foi lançada no final de maio com avaliações decentes da crítica e do público, mas teve uma exibição decepcionante, acumulando menos da metade da bilheteria global de seu antecessor. 

Mas o presidente-executivo da IMAX, Richard Gelfond, observou na recente teleconferência de resultados da empresa que “Furiosa” foi o terceiro melhor título para o segmento no segundo trimestre. Isso se compara ao nono lugar no mercado doméstico geral no período, de acordo com o Box Office Mojo. No geral, a companhia diz que suas salas de cinema acabaram respondendo por 5,2% do total das bilheterias domésticas no primeiro semestre deste ano; a participação de mercado da empresa em 2019 foi de 3,2%. 

O novo Deadpool ajudará ainda mais essa tendência, mesmo que também esteja indo muito bem no circuito normal. A empresa divulgou no domingo que “Deadpool & Wolverine” arrecadou US$ 36,5 milhões em sua rede global — sua maior estreia em julho. Beynon, da Macquarie, espera que a receita global de bilheteria de filmes IMAX este ano caia apenas 5% em relação a 2019, em comparação com uma queda de 28% nas bilheterias domésticas gerais. 

Menos pessoas podem ir ao cinema hoje, mas aqueles que o fazem claramente estão dispostos a pagar mais por uma experiência melhor. 

Escreva para Dan Gallagher em [email protected]

traduzido do inglês por investnews