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Eles estão desesperados por um emprego e falam abertamente sobre isso no LinkedIn

Pessoas procurando emprego colocam banners cor-de-rosa e a palavra #Desperate no perfil do LinkedIn

Por Ann-Marie Alcántara The wall street Journal
Publicado em
6 min
traduzido do inglês por investnews

As pessoas não estão apenas #OpenToWork no LinkedIn. Agora, algumas delas estão claramente #Desperate. 

Há tempos, o LinkedIn tem um banner verde com a foto do perfil e a hashtag #OpenToWork. Isso permite que os trabalhadores divulguem sua disponibilidade na esperança de que um empregador possa entrar em contato ou que um amigo possa conectá-los a uma vaga. 

Agora, os impacientes candidatos a emprego estão sendo brutalmente claros em seu status: um banner rosa e a palavra #Desperate. 

Aqueles que assim alteraram seu perfil na plataforma dizem que seu desespero muitas vezes reflete o fato de que estão sem emprego há meses ou anos. Enquanto isso, a inflação, os golpes de recrutamento, as ofertas de emprego falsas e o esfriamento do mercado de trabalho para cargos corporativos e outros empregos fazem com que as pessoas se sintam derrotadas. Algumas delas estão trabalhando, mas não em sua profissão escolhida. 

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Alex Velázquez, de 39 anos, diretor de arte de motion graphics, começou sua carreira pouco antes da recessão de 2007-09. A situação em que está agora parece pior. 

Velázquez foi demitido em janeiro. Embora tenha trabalhado como freelancer antes para se manter, não está conseguindo muito trabalho desta vez. Ele atribui sua situação em parte ao crescente uso de inteligência artificial em sua indústria e às greves de atores e roteiristas do ano passado.

No final de setembro, adicionou o banner rosa e #Desperate à sua foto de perfil no LinkedIn. 

“É difícil não se sentir desesperado”, diz Velázquez, que mora em West New York, em Nova Jersey.

O relatório de empregos de setembro mostrou um mercado de trabalho ainda forte. Mas os dados do Departamento do Trabalho da semana passada mostraram que o número de trabalhadores deixando o emprego caiu para a taxa mais baixa em mais de quatro anos em agosto, sinal de que as pessoas estão mais cautelosas quando buscam novas funções. Há 2,5 candidatos a emprego para cada vaga aberta no LinkedIn, contra 1,5 em 2022, de acordo com dados do LinkedIn. 

“Ainda existem certas preocupações persistentes em algumas áreas do mercado de trabalho”, diz Cory Stahle, economista do Indeed Hiring Lab, o braço de pesquisa econômica do site de empregos Indeed. 

Útil ou prejudicial?

Recrutadores, gerentes de contratação e coaches de carreira estão divididos. Alguns acham que o banner de #OpenToWork do LinkedIn ajuda possíveis candidatos; outros acreditam que prejudica. 

Os usuários podem marcar seus perfis como abertos para o trabalho sem exibir a hashtag. O uso do banner chamativo alerta sua rede de contatos de forma mais ampla sobre a necessidade de um emprego — ou pode divulgar a insatisfação com a função atual. 

O banner #Desperate chama ainda mais atenção para a necessidade de trabalho. Os recrutadores dizem que ele pode ajudar as pessoas a serem notadas e contratadas. Mas também pode ser um tiro pela culatra, porque alguns gerentes de contratação talvez entendam isso como sinal de que houve problemas no trabalho anterior.

#OpenToWork pode resultar em ofertas “menos agressivas”, diz Keith Sims, executivo-chefe da Integrity Resource Management, empresa de recrutamento em Indianápolis.

Courtney Summer Myers, designer gráfica e ilustradora de 28 anos de Southampton, no Reino Unido, adotou #Desperate no final de setembro, depois de ser demitida pela segunda vez em janeiro. 

A postagem de Myers não levou a uma oferta de emprego em tempo integral, mas ela recebeu milhares de mensagens oferecendo projetos freelance e algumas entrevistas de emprego. Sua postagem adicionando a hashtag recebeu mais de 426 mil reações, além de 9.500 comentários e 8.815 reposts. 

“As pessoas têm falado muito sobre como o banner #OpenToWork afasta recrutadores e gerentes de contratação, porque faz você parecer desesperado”, escreveu ela em seu post no LinkedIn. “Francamente, como vítima de demissão, estou desesperada e não acho que isso seja motivo de vergonha.” 

“Muito parecido com namoro”

Inspirado por Myers, Mac Scheldt mudou sua foto de perfil do LinkedIn no início de outubro e postou sobre isso. 

Sua frustração vem da dificuldade e da demora de conseguir qualquer emprego em seu setor. Em um cenário particularmente difícil, Scheldt, roteirista e produtor de 25 anos de Los Angeles, foi “seguido” por um possível empregador algumas semanas após o início da greve dos roteiristas. 

“Parece muito com namoro”, diz Scheldt sobre o mercado de trabalho. 

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Dezesseis meses depois, Scheldt ainda enfrenta dificuldades para conseguir um cargo em tempo integral enquanto cuida de gatos dos outros para cobrir as despesas. Um problema de saúde atrasou ainda mais sua busca por um emprego. 

Atualmente, mais de 200 milhões de pessoas têm a opção #OpenToWork ativada de forma pública ou privada, de acordo com o LinkedIn. E 85% daquelas que postam sobre estarem abertas ao trabalho encontram apoio em sua rede, como referências e conexões, de acordo com a empresa. 

Mercado de trabalho desigual

O mercado de trabalho hoje parece excepcionalmente frustrante para os candidatos a emprego porque está muito fragmentado, dizem recrutadores e candidatos. 

Alguns setores e cidades — como a construção comercial no Sudoeste dos EUA — ainda estão contratando e têm escassez de talentos, enquanto outras áreas, como marketing e gerenciamento de marca, esfriaram rapidamente, diz Jeff Kaye, executivo-chefe da Sanford Rose Associates, empresa de recrutamento e busca de executivos. 

Danielle Blanding, de 27 anos, é artista e procura trabalho na indústria das artes plásticas. Ela começou como estagiária de administração de artes em uma galeria sem fins lucrativos em janeiro de 2020, pouco antes de se formar em março. Em agosto de 2020, foi promovida à função de administradora de artes com um contrato de seis meses.

Desde que o contrato terminou em fevereiro de 2021, ela trabalhou como garçonete e bartender para pagar suas contas. 

E está frustrada por não ter conseguido encontrar trabalho em seu campo. Blanding voltou a morar com seus pais em Atlanta e está fazendo terapia.

Este mês, postou #OpenToWork no LinkedIn e mudou sua foto de perfil para o banner #Desperate. Recebeu mensagens de apoio e consternação de pessoas que estão na mesma situação. 

“Não acho que o banner do desespero afete minha confiança ou minha disposição”, afirma Blanding.

— Lynn Cook contribuiu para este artigo. 

Escreva para Ann-Marie Alcántara em [email protected]

traduzido do inglês por investnews