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O que Starbucks, Victoria’s Secret e Boeing têm em comum? Home office para o CEO

A maioria das empresas ainda prefere que seus executivos morem perto da sede, mas há exceções

Por Chip Cutter The wall street Journal
Publicado em
6 min
traduzido do inglês por investnews

Para atrair seu novo presidente-executivo, a Starbucks ofereceu um bônus de contratação de US$ 10 milhões em dinheiro e outros milhões em ações. A gigante do café também não exigiu que ele se mudasse para a sede da empresa em Seattle.

Brian Niccol, CEO que acaba de sair da rede Chipotle, poderá morar em sua casa no sul da Califórnia e ir para a sede da Starbucks em um jato corporativo.

O arranjo leva Niccol para a posição relativamente rara nos EUA, de um CEO que faz grandes deslocamentos, e mostra como a Starbucks estava determinada a contratá-lo.

A maioria das empresas ainda prefere que seus executivos mantenham uma residência principal perto da sede, dizem os consultores corporativos, embora tenha havido alguns casos notáveis de altos líderes morando e trabalhando em outro lugar.

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A Victoria’s Secret fez uma concessão na semana passada quando contratou Hillary Super, da marca de lingerie de Rihanna, para assumir o cargo de CEO. Super ficará nos escritórios da varejista em Nova York, não na sede da empresa perto de Columbus, em Ohio. Seu contrato de trabalho diz que será obrigada a viajar com frequência para Columbus, e seus custos de viagem serão cobertos pela Victoria’s Secret.

O ex-CEO da Boeing, David Calhoun, começou a trabalhar em casa quando assumiu seu cargo pouco antes da pandemia em 2020 e nunca se mudou para perto de sua sede em Arlington, na Virgínia, como informara o Wall Street Journal anteriormente. Ele viajava regularmente pela frota de jatos particulares da Boeing de duas casas — uma em New Hampshire, a outra na Carolina do Sul — para a sede da Boeing e outros escritórios.

A Boeing disse que, em uma era de trabalho complicada e pós-pandemia, seus executivos devem estar na estrada com frequência como parte de seus encargos. O novo CEO da fabricante de aviões, Kelly Ortberg, se mudará para Seattle, onde a empresa foi fundada e onde tem suas maiores operações de fabricação.

Charlie Scharf ficou em Nova York quando assumiu o cargo de CEO do problemático Wells Fargo em 2019. No início, Scharf disse aos investidores que faria viagens frequentes a San Francisco, onde o Wells Fargo estava sediado, e a Charlotte, na Carolina do Norte, onde muitos de seus funcionários trabalham. Ele está agora em seu quinto ano no cargo.

Quando Lidiane Jones assumiu o posto principal no aplicativo de namoro on-line Bumble, com sede em Austin, no Texas, em janeiro, seu contrato de trabalho especificava que trabalharia remotamente. Jones mora perto de Boston. Ela disse ao WSJ no início deste ano que a cidade oferecia vantagens de fuso horário, permitindo que se comunicasse mais facilmente com os funcionários do maior escritório da Bumble, que fica em Londres, e com colegas em Nova York.

Lidiane Jones, da Bumble, está entre os CEOs que não moram perto da sede da empresa/ Foto: Gary He/WSJ
Lidiane Jones está entre os CEOs que não moram perto da sede da empresa/ Foto: Gary He/WSJ

A Starbucks disse que Niccol terá seu escritório principal na sede em Seattle, e que passará tempo com funcionários e clientes em suas lojas, instalações e escritórios em todo o mundo. A empresa caracterizou a posição como híbrida. Espera-se que ele tenha uma residência em Seattle.

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Na carta de oferta de Niccol descrevendo seus termos de emprego, a Starbucks observa que, após sua data de início, a empresa estabelecerá um pequeno escritório remoto em Newport Beach, na Califórnia. Além disso, empregará um assistente escolhido por Niccol e pagará pela manutenção desse escritório.

Depois que Niccol assumiu o cargo principal da Chipotle em 2018, decidiu mudar a sede da empresa de Denver para o sul da Califórnia, onde residia, no que descreveu como uma tentativa de recomeço da marca. Nem todos os funcionários tiveram chance de se mudar. Em um podcast lançado no início deste ano, Niccol disse que explicar isso aos funcionários foi o lado ruim.

“Uma das reuniões mais difíceis na Chipotle foi quando tive que me levantar na frente dos funcionários de Denver e avisá-los que estávamos fechando o escritório, e que nem todo mundo teria a oportunidade de se mudar conosco”, disse Niccol no podcast com um de seus antigos chefes, David Novak, o ex-CEO da Yum Brands.

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Embora os funcionários comuns possam não conseguir exigir essa flexibilidade geográfica, as empresas geralmente abrem exceções para funcionários de nível sênior como parte de negociações em estágio final para contratar alguém em uma função-chave, disse Raheela Anwar, presidente e CEO do Group 360 Consulting, empresa de consultoria corporativa.

Anwar contou que viu casos em que uma empresa inicialmente define seus parâmetros para um cargo, incluindo a localização, mas depois se ajusta para atender às preferências de seu candidato mais desejado. “Quanto mais sênior o indivíduo, mais lacuna existe entre o que uma empresa disse inicialmente que queria e como isso acaba sendo” na realidade, afirmou ela.

Ela viu o acordo de Niccol na Starbucks como um exemplo de uma empresa fazendo o que era necessário para conseguir um executivo estrela, mesmo que isso significasse operar de maneira diferente da de costume. A capacidade de um CEO de usar um jato corporativo também significa que é muito mais fácil para ele ir até a sede ou visitar vários escritórios no mesmo dia, explicou Anwar.

“Brian não está pegando o trem de Newport ou voando na JetBlue”, disse ela. “Ele será levado.”

Às vezes, é a sede que se muda. Em 2022, o bilionário Ken Griffin mudou o Citadel, seu fundo de hedge, de Chicago para Miami — para onde também se mudou pessoalmente. Ele escreveu aos funcionários na época que via a Flórida como um ambiente corporativo melhor; funcionários da Citadel também disseram que o crime foi um fator determinante.

A Newell Brands mudou sua sede em 2016 de Atlanta para Hoboken, em Nova Jersey, dizendo que queria explorar talentos de alta tecnologia após uma grande fusão. Também salvou o então CEO Michael Polk, que morava em Nova Jersey, de um longo trajeto para o trabalho. Depois que Polk saiu em 2019, a empresa voltou para a sede em Atlanta.

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