Para muitas empresas, gastos com IA são gastos com a Microsoft
Espera-se que os gastos empresariais com GenAI dobrem neste ano em relação a 2023
As empresas em geral estão pensando mais criticamente sobre o orçamento de IA. Mas para algumas, a Microsoft continua sendo “o ponto de partida natural”.
O entusiasmo que alimentou os gastos com IA generativa (GenAI, em inglês) está se acalmando, de acordo com analistas e líderes de tecnologia corporativa. Mas quando as empresas gastam, a Microsoft ganha muitos de seus dólares.
Dan Ives, diretor administrativo e analista sênior da Wedbush Securities, disse que estima que cerca de 70% dos gastos com software de inteligência artificial nos últimos 12 meses estão vinculados ao ecossistema da Microsoft.
Isso se deve em parte à ferramenta Copilot da empresa, que pode ser integrada ao seu conjunto de produtos existente, e seu relacionamento com a OpenAI, cujos modelos GPT são executados na infraestrutura de nuvem Azure da Microsoft.
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A receita da Azure aumentou 29% no trimestre encerrado em 30 de junho, informou a Microsoft na terça-feira. Os analistas esperavam um crescimento de 30%, de acordo com a FactSet.
A Alphabet, controladora do Google, que tem investido alto em inteligência artificial, divulgou na semana passada um crescimento geral mais lento da receita no segundo trimestre.
Há exemplos que mostram que os gastos corporativos com IA estão menos frenéticos do que há um ano, disse Jason Ader, sócio e um dos líderes do grupo do setor de tecnologia, mídia e comunicações da empresa de serviços financeiros William Blair. Ele acredita que as empresas estão se concentrando em aplicações simples e limitadas de IA.
Espera-se que organizações gastem US$ 38,8 bilhões em IA generativa em 2024, acima dos US$ 19,4 bilhões em 2023, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado International Data Corp. A empresa disse que não monitora os gastos trimestrais.
“Dezoito meses atrás, acho que todo mundo sentia que tinha que entrar no jogo”, disse Chad Simpson, diretor de informações da City Furniture, com sede na Flórida, sobre a onda de gastos com IA generativa. Agora, segundo ele, as empresas parecem estar mais moderadas.
Um ponto de partida
Ader, da William Blair, disse que, com base em sua pesquisa de casos, o Copilot para o Microsoft 365 parece ser a ferramenta mais popular para empresas que desejam experimentar a IA. Isso ocorre em parte porque a suíte 365 da Microsoft é amplamente usada e conectar o Copilot é um ponto de partida natural para muitas organizações, afirmou ele.
Muitos CIOs dizem que também estão usando o assistente de codificação GitHub Copilot da Microsoft, que Ader afirma estar ganhando força nos últimos dois anos. Para empresas que optam por criar aplicativos internamente, o modelo GPT da OpenAI, que roda no Azure da Microsoft, é outra escolha comum.
Simpson, da City Furniture, disse que sua empresa está usando o Microsoft GitHub Copilot, disponibilizado para cerca de 80 engenheiros e associados de tecnologia da empresa. Além disso, está testando o Copilot para Microsoft 365, disponível para cerca de 5% da força de trabalho. “A integração natural que existe quando você usa o programa da Microsoft garante essa facilidade”, disse ele.
Simpson revelou que não foi totalmente seduzido pelo Copilot para Microsoft 365. Funcionários com acesso não o estão usando diariamente e nem o integraram por completo a seu fluxo de trabalho. Mas afirmou que continua testando.
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Muitos dos dólares gastos em IA generativa hoje vão para testes e experimentos, e há incerteza sobre o valor que o Copilot para Microsoft 365 oferece, dado o preço de US$ 30 por usuário, explicou Ader.
O orçamento operacional de tecnologia da informação da marca de roupas de trabalho Carhartt para o ano fiscal é praticamente estável, mas a CIO Katrina Agusti quer garantir que parte disso seja destinada à IA generativa. É uma porcentagem de um dígito do orçamento geral de TI, disse ela. A maior parte está sendo gasta com a Microsoft, que já era fornecedora. Isso inclui um grupo de teste com o Copilot para Microsoft 365, disse ela.
E no Radisson Hotel Group, o CIO global Jaime González-Peralta disse que os gastos com IA generativa e tecnologias emergentes são sua terceira prioridade — depois de permitir o crescimento dos negócios e a segurança cibernética. O dinheiro que a empresa gasta em IA generativa vai tanto para a EY quanto para a Microsoft, contou.
Com a IA generativa, ele disse: “Prefiro ser muito cauteloso”.
Escreva para Isabelle Bousquette em [email protected]
traduzido do inglês por investnews