A fintech Hurst lançou uma operação para quem gosta de investir em arte. A plataforma, a maior de ativos digitais da América Latina, passou a oferecer duas obras do artista brasileiro Di Cavalcanti, “Cena de Carnaval”, da década de 1950, e “Paisagem Marinha”, dos anos 1960.
O investimento será feito por meio de NFTs (do inglês “Non-Fungible Token”), uma espécie de ativo digital que utiliza a tecnologia blockchain e vem atraindo um número crescente de investidores e curiosos.
Marcos da história da arte
As pinturas são disponibilizadas aos investidores cinco meses antes do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, movimento artístico brasileiro que marcou uma fase de ruptura e vanguarda. As duas obras de Di Cavalcanti foram ícones do evento. O artista é um dos pintores brasileiros mais celebrados no mundo.
As obras foram adquiridas pela Hurst em uma galeria por 20% abaixo do seu valor de mercado. O acervo está disponível para os investidores desde quinta-feira (9). O valor total da captação é de R$ 1.152.000. Como aporte mínimo é de R$ 10 mil, o token estará disponível para até 115 pessoas.
O prazo do investimento é de 18 meses e a rentabilidade projetada é de 16,06% ao ano em um cenário base. No cenário mais pessimista, a rentabilidade esperada é de 9,65% ao ano e, no mais otimista, de 23,65%.
Segundo a Hurst, a expectativa de valorização foi calculada com base no histórico analisado das transações em leilões públicos nos últimos 23 anos. Foram avaliadas 1014 transações de venda entre os anos de 1997 e 2021.
“Di Cavalcanti é um dos maiores pintores e figura marcante da cultura brasileira do século 20. E esse mercado é atrelado a demandas da parcela da população denominada high net-worth individuals, ou seja, pessoas com mais de 1 milhão de dólares em patrimônio, o que reduz muito o risco da operação”, afirmou por nota Arthur Farache, CEO da Hurst.
Investimento em arte
Mercado de US$ 1,7 trilhão, o setor de obras de arte movimentou nos últimos 10 anos entre US$ 50 e 70 bilhões em vendas no mundo. No Brasil, ele movimenta anualmente algo em torno de R$ 1,3 bilhão.
Além do histórico de transações e do fato de Di Cavalcanti ser um artista renomado, cujo trabalho é facilmente comercializado nos principais mercados como Nova Iorque, Paris, Londres e São Paulo, existem outros fatores que influenciam a valorização dos quadros adquiridos.
A própria escassez de suas obras é um deles, já que o artista é falecido. Para ter ideia, em 2012, o apartamento do marchand romeno Jean Boghici, na época com 84 anos e um dos maiores colecionadores de arte do Brasil, pegou fogo. As chamas destruíram o quadro “Samba” (1925), que era avaliado naquele momento em R$ 50 milhões.
Obras de Abraham Palatnik
Esta é a segunda operação com obras de arte feita pela Hurst. A primeira ocorreu em junho com três obras de Abraham Palatnik, considerado um dos maiores artistas plásticos brasileiros e pioneiro da arte cinética no mundo.
Filho de judeus russos, Abraham Palatnik nasceu em 1928 na cidade de Natal (RN), e mudou-se com a família para Tel-Aviv aos 4 anos de idade. Aos 20, retornou ao Brasil indo morar no Rio de Janeiro e faleceu na capital fluminense no ano passado, aos 92 anos.
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