A indústria brasileira voltou a contrair em agosto pelo terceiro mês seguido, permanecendo quase 3% abaixo do nível pré-pandemia ainda pressionada pelo desarranjo provocado pela covid-19 e mostrando dificuldades para se recuperar na metade do terceiro trimestre
A produção industrial no Brasil teve em agosto queda de 0,7% em relação ao mês anterior, acumulando em três meses perdas de 2,3%.
O resultado divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,4%.
Também deixou a indústria 2,9% abaixo do patamar de fevereiro do ano passado, pré-pandemia, e 19,1% abaixo do nível recorde registrado em maio de 2011.
Na comparação com o mesmo mês de 2020, a produção nacional também enfraqueceu 0,7%, contra expectativa de estabilidade e interrompendo 11 meses de taxas positivas consecutivas nessa base de comparação.
A crise da covid-19, junto com os preços elevados de matérias-primas e a escassez de algumas em um cenário de desemprego e inflação elevados no Brasil pegaram a indústria em cheio.
“A indústria vem há meses apresentando um panorama que mostra que há um desarranjo das cadeias produtivas, escassez de matéria-prima, encarecimento da produção e a demanda demonstra que ainda há muitas dificuldades no mercado de trabalho”, explicou o gerente da pesquisa, André Macedo.
Os dados do IBGE mostram que em agosto as perdas foram disseminadas. Entre as quatro grandes categorias econômicas, somente a de Bens de Consumo Semiduráveis e não Duráveis teve crescimento, de 0,7%. Os Bens de Capital registraram queda de 0,8%, enquanto os Intermediários caíram 0,6% e os de Consumo Duráveis perderam 3,4% –este marcando o oitavo mês seguido de recuo.
O maior peso entre os ramos pesquisados veio da queda de 6,4% na fabricação de outros produtos químicos. Também se destacaram os recuos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,1%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,3%).
“A pandemia explica a perda de ritmo do setor industrial, mas há outros fatores. As medidas de apoio do governo no ano passado ajudaram o setor, mas depois houve uma clara perda de fôlego e menor intensidade”, completou Macedo, destacando ainda que com a vacinação e aumento da mobilidade, a demanda migrou de bens para serviços.
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