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Primeira Marcha

Importadoras sofrem com crise e dólar instável; entenda

Marcas filiadas à Abeifa comandam vendas de carros híbridos e elétricos no país, mesmo sofrendo com instabilidade cambial.

Imagem de divulgação | Volvo XC40 Recharge

A indústria automotiva não tem motivos para sorrir em 2021. Porém, algumas marcas estão em uma situação ainda pior do que as marcas com produção local: são as importadoras.

Segundo a Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores), foram apenas 1.871 unidades emplacadas em setembro. Isso resultou em uma queda de 14,5% nas vendas das associadas no mês passado, ante o desempenho registrado em agosto. Frente ao mesmo mês de 2020, o declínio foi de 34%.

Para este ano, a entidade projeta fechar com algo em torno de 210 mil unidades de automóveis e comerciais leves. Mesmo sendo ligeiramente superior ao resultado obtido no ano passado (quando 203 mil veículos foram trazidos para cá), a associação afirma que, excluindo 2020 (por conta da pandemia que paralisou as atividades de fábricas pelo mundo), 2021 deve ser “o pior ano dos últimos 10 anos” nas importações de veículos para o Brasil.

Atualmente, 13 montadoras fazem parte do quadro de associados da Abeifa. São elas: Caoa Chery, CFMoto, BRP, McLaren, Aston Martin, BYD, Volvo, Suzuki, Porsche, Jaguar, Land Rover, Kia e JAC Motors. Recentemente, a BMW (que também é associada à Anfavea) decidiu se desligar da entidade.

Falta de chips e dólar instável atrapalham vendas

Assim como nas montadoras que produzem no país, a falta de semicondutores é um dos motivos principais para o desempenho ruim das importadoras. A instabilidade cambial também afeta duramente os resultados da Abeifa.

“Tanto na importação como na produção nacional, nossas associadas não conseguiram atender à demanda potencial, por conta da falta de produtos em consequência do abastecimento instável de semicondutores. Infelizmente essa situação deve perdurar pelos próximos meses”, prevê João Oliveira, presidente da entidade.

Considerando o volume de vendas de veículos importados e fabricados localmente por suas associadas, a Abeifa registrou 6.149 licenciamentos em setembro, sendo que 4.278 unidades foram produzidas no Brasil. Mesmo assim, a retração foi de 12,2% sobre agosto, quando foram emplacadas 7.001 unidades.

A Caoa Chery, que responde por 60% dos negócios da Abeifa, é a maior responsável pelos números da associação: são nada menos do que 27.837 unidades fabricadas no Brasil e importadas para cá entre janeiro e setembro.

Dentre as marcas sem produção local, a liderança é da Volvo, que emplacou 788 unidades em setembro, queda de 7,6% sobre agosto. No acumulado até setembro, contudo, a marca sueca cresceu 25,6%, com 6.046 emplacamentos. A vice-líder é a Kia, com 496 unidades vendidas em setembro, queda de 24,3% sobre o mês anterior. No ano, a marca coreana despencou 12,4%, chegando a 3.726 unidades.

Eletrificação na conta das importadoras

Ironicamente, as associadas da Abeifa são responsáveis pela maioria dos lançamentos eletrificados no país.

Algumas marcas, como a Volvo, já migraram exclusivamente para os veículos híbridos e elétricos, ou direcionam seus esforços para os carros movidos a eletricidade – caso da JAC Motors.

Até a Porsche, famosa por seus superesportivos, já possui parte de sua linha eletrificada. Além das versões híbridas de Cayenne e Panamera, a empresa celebra os números positivos do Taycan. O sedã é o modelo elétrico mais vendido do Brasil, mesmo partindo de R$ 615 mil. Os números da marca alemã, inclusive, devem aumentar mais com a estreia do Taycan 4 Cross Turismo, perua baseada no Taycan sedã.

A situação das associadas estaria bem pior se não fosse a portaria que determinou a redução do Imposto de Importação para veículos híbridos e elétricos trazidos de países fora dos blocos que mantêm acordos comerciais com o Brasil. Atualmente, as alíquotas para estes veículos variam de zero a 7%.

É por isso que as importadoras lutam pela renovação desse regime. Caso isso não ocorra, a alíquota voltaria para os 35% anteriores.

“Estamos discutindo a renovação desse regime ou o estabelecimento de um regime equivalente para que a gente consiga operar a partir de janeiro de 2022. Só assim vamos continuar com nossa missão de introduzir veículos precursores de novas tecnologias no país”, analisou João, garantindo que o governo aparenta estar ‘muito receptivo’ à situação.

*Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020.

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