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Economia

Risco de maior inadimplência cresce com estagflação

Risco de calote também tem pressionado para cima as taxas dos financiamentos ao consumidor.

saco de dinheiro com moedas do lado

Além da forte alta dos juros básicos e do aumento dos depósitos compulsórios, outro fator que tem pressionado para cima as taxas dos financiamentos ao consumidor é o risco de calote. Segundo o diretor executivo da Associação Nacional de Finanças, Administração e Contabilidade, Miguel Ribeiro de Oliveira, a inadimplência responde por um terço dos juros na ponta do consumidor.

Em razão de várias medidas adotadas pelos bancos desde o início da pandemia – como pausar contratos, oferecer carência, postergar parcelas e dar mais flexibilidade na renegociação das dívidas atrasadas -, a inadimplência não aumentou. Mas, agora, com as expectativas se deteriorando e o País em estagflação, os especialistas afirmam que será difícil adiar o calote novamente. “Do jeito que estamos, com tantos números negativos, vamos ver um aumento da inadimplência a partir do primeiro trimestre, e essas expectativas negativas já estão refletidas nas taxas atuais de juros dos empréstimos”, prevê Oliveira.

Nicola Tingas , economista-chefe da Acrefi, associação que reúne as financeiras, observa que sinais de aumento da inadimplência estão a caminho. O atraso entre 15 e 90 dias no pagamento das parcelas subiu em outubro especialmente na linha do rotativo do cartão de crédito e, em menor intensidade, no cartão parcelado, no cheque especial e no financiamento de veículos, segundo dados do Banco Central. “Há um risco alto de aumento da inadimplência no futuro”, alerta.

Para ele, o aumento do atraso no cartão é sintoma de falta de dinheiro e estrangulamento do orçamento. No momento, as pessoas estão tentando acomodar o orçamento: atrasam a parcela do veículo para fazer a compra do supermercado, exemplifica. Mas, na sua opinião, se não houver uma melhora da atividade e da renda, o quadro pode piorar até o final do primeiro trimestre.

Adiamento

Em setembro passado, a publicitária Loyde Cristina das Dores, de 24 anos, por exemplo, resolveu comprar um carro usado. Escolheu um Citröen C3 2015, que custava R$ 35 mil. Mas quando viu o efeito dos juros no financiamento, adiou os planos.

Com uma entrada de R$ 10 mil, o saldo de R$ 25 mil seria parcelado em 48 vezes de R$ 1.040. O total financiado sairia por R$ 49.920. “Por conta dos juros, o valor a ser financiado foi de R$ 25 mil para quase R$ 50 mil. É desanimador. A gente tenta se organizar, juntar uma boa quantia, na intenção de reduzir as parcelas. E a realidade é que os juros nos fazem desanimar da compra”, afirma.

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