A perspectiva do Ministério da Agricultura é de que o Brasil tenha abastecimento de fertilizantes suficiente para o consumo interno até outubro deste ano, reafirmou o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Bastos Filho. Esta estimativa trabalhada pelo governo, divulgada na quarta-feira (2) pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, considera os estoques atuais da indústria e as importações que ainda tendem a ser feitas pelo país.
“Não sabemos quanto tempo a guerra (entre Rússia e Ucrânia) vai durar, mas não podemos pensar que vai interromper totalmente as exportações de outros países. Muito volume já foi comprado antecipadamente pelos produtores. É uma dinâmica que nos mostra que até outubro ainda tenha algum tipo de abastecimento”, disse Bastos Filho ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. “Vai depender do quanto a guerra vai afetar o fluxo marítimo internacional do transporte deste produto, mas ainda não estamos vendo cenário catastrófico”, apontou.
Na manhã desta quinta-feira, a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) informou que o Brasil possui atualmente estoque de fertilizantes para os próximos três meses, ou seja, até o início de junho.
O secretário esclarece que a perspectiva da pasta considera esse volume de estoques domésticos de três meses com base em line-ups de navios que apontam para a chegada de 4,5 milhões de toneladas até o início de junho, mas também leva em conta que a importação de adubos pelo Brasil de outros países, fora os do Leste Europeu, tende a continuar.
“O fluxo internacional de fertilizantes pode ser reduzido por causa das restrições de Belarus e do conflito entre Rússia e Ucrânia, mas não se está imaginando neste momento uma interrupção total tanto desses países quanto dos demais”, comentou.
Segundo o secretário, o governo vai seguir monitorando os line-ups de importação daqui para a frente e o cenário de abastecimento interno. “No momento, vemos que, até a entrada da safra de grãos 2022/23, o abastecimento de fertilizantes tende a ser suficiente, pois temos estoques domésticos, tem fluxo de importação e compromisso pré-assumido entre produtores e fornecedores com adubos adquiridos para próxima safra”, explicou.
O cálculo do governo ocorre em meio às incertezas crescentes quanto a uma possível interrupção no fornecimento de fertilizantes pela Rússia, em virtude da guerra com a Ucrânia.
A Rússia é um dos maiores players no mercado internacional de fertilizantes. É o segundo maior exportador mundial de nitrogenados e terceiro maior exportador global de fosfatados e potássicos, contribuindo com 16% dos adubos exportados no mundo.
Os russos são o principal fornecedor de adubos ao Brasil, com cerca de 20% do volume internalizado anualmente.