Durante muitos anos, o IGP-M (que é o índice Geral de Preços – Mercado) foi usado como indicador para o reajuste dos aluguéis. Só que esse indicador não foi criado para ser aplicado em contratos imobiliários, já que a sua composição reflete os preços do atacado, para produtos industriais e agropecuários, e não exatamente da construção civil. Além disso, o indicador sofre influência do câmbio.
Agora, contratos podem vir a ser reajustados com um novo índice – o IVAR (Índice de Variação de Aluguéis Residenciais). Criado pela FGV – Fundacão Getúlio Vargas – o novo indicador calcula a variação em pelo menos dez mil contratos de locação firmados nas quatro maiores capitais do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.
O índice leva em consideração os valores efetivamente fechados entre inquilinos e proprietários dos imóveis, e não os anunciados – que é o que acontece com o índice Fipe Zap de Locação Residencial, desenvolvido pela Fipe e pelo Grupo ZAP. Nesse último caso é avaliado o valor anunciado. O que faz diferença, já que os valores anunciados geralmente não retratam os preços efetivamente praticados.
Levando em consideração o estudo do IVAR, no acumulado de doze meses encerrados em dezembro de 2021, o índice teve queda de 0,61%. Com isso, teoricamente, contratos de aluguel reajustados com base nesse indicador poderiam até ficar mais baratos. Nesse mesmo período, o IGP-M registrou alta de 17,78% e o IPCA, 10,06%.
O preço médio dos aluguéis de imóveis residenciais no país subiu 3,87% em todo o ano de 2021 – o que mostra ser uma variação abaixo da inflação registrada no período.
Em fevereiro deste ano, o IVAR subiu 2,92%, o que representa uma aceleração em relação à taxa de 1,86% registrada no mês passado. Com o resultado, o índice passa a acumular variação de 4,76% em 12 meses, a maior variação acumulada pelo IVAR desde o início da série histórica, em janeiro de 2019.
Entre janeiro e fevereiro, a taxa de variação mensal do IVAR acelerou em quase todas as cidades componentes do índice. Apenas São Paulo registrou ligeira desaceleração.
Neste Cafeína, Samy Dana e Dony De Nuccio analisam os impactos da inflação sobre os preços dos alugueis e como os fundos imobiliários estão sendo impactados pelos pedidos de revisão de contrato por parte dos inquilinos.