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Economia

Preços dos aluguéis caem 0,6% em 2021, diz FGV

Pesquisa aponta desaceleração nos preços dos aluguéis no final do ano passado.

Vista aérea de imóveis em uma cidade (preços de aluguéis)

Os preços dos aluguéis terminaram 2021 com uma queda de 0,61%. É o que aponta o Índice de Variação de Preços de Aluguéis Residenciais (IVAR), divulgado nesta terça-feira feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE).

O índice aponta ainda que os preços tiveram alta de 0,66% no mês de dezembro, uma desaceleração contra o aumento de 0,79% no mês anterior.

“O setor imobiliário foi profundamente afetado pelos efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho. O desemprego elevado sustentou negociações entre inquilinos e proprietários que resultaram, em sua maioria, em queda ou manutenção dos valores dos aluguéis, contribuindo para o recuo da taxa anual do índice”, avalia em nota Paulo Picchetti, pesquisador do FGV IBRE e responsável pela metodologia do IVAR.

A variação dos preços dos aluguéis em 2021 ficou bem distante dos principais índices de inflação do país, como os 10,06% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e dos 17,78% do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M).

“Ainda que a inflação, medida pelos principais índices de preços do país, esteja em aceleração, a variação interanual dos aluguéis residenciais segue em desaceleração. A alta da inflação vem reduzindo a renda familiar, que segue pressionada pela apatia da atividade econômica e pelo alto índice de desemprego. Com a renda familiar em baixa, os valores dos aluguéis tendem a acompanhar tal tendência, refletindo o avanço das negociações entre inquilinos e proprietários” avaliou em nota André Braz, Coordenador dos índices de preços do FGV IBRE.

Diferença entre IVAR e FipeZap

Esta é a primeira divulgação do IVAR feita pelo IBRE. O novo índice vai divulgar mensalmente a variação dos preços dos aluguéis, a partir de dados coletados de contratos assinados por inquilinos e locatários de quatro capitais – Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte. A FGV e o IBRE vão coletar os números de empresas administradoras de imóveis.

Segundo a FGV, “o objetivo é medir a evolução dos preços e preencher uma lacuna nas estatísticas nacionais nesse nicho”.

Atualmente, um dos índices mais conhecidos para acompanhar os preços dos aluguéis é o FipeZap. Ele é medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) com dados de anúncios para novos contratos de aluguel feitos em sites do Grupo ZAP, adquirido pela OLX. Isso inclui a plataforma ZAP+, totalmente focada em imóveis e responsável pelas marcas ZAP, VivaReal, Data ZAP, Anapro, Inc Pro, Geoimovel, Imobilinks, Conecta Imobi e ZAP Fin.

O FipeZap monitora os preços anunciados para novos contratos de aluguel em 25 cidades, mas não os valores efetivamente fechados entre inquilinos e proprietários dos imóveis. Também não acompanha a evolução dos preços de contratos de aluguel já vigentes. Segundo a Fipe, o Índice FipeZap de Locação Residencial capta de forma mais dinâmica a evolução da oferta e da demanda por moradia ao longo do tempo.

Por sua vez, o novo índice da FGV, o IVAR, utiliza valores negociados dos aluguéis em vez de dados de anúncios como base de cálculo. Fazem parte dados como os valores dos contratos novos e dos reajustes de contratos existentes, além das características de cada imóvel.

Segundo a FGV, a metodologia do IVAR permite a mensuração robusta da variação média dos aluguéis ao longo do tempo, refletindo melhor o cenário – oferta e demanda – do mercado de locação de imóveis residenciais.

IGP-M e os preços dos aluguéis

Medido pela FGV desde 1989, o IGP-M é um dos principais índices de inflação do Brasil, e tem o objetivo de medir a variação de preços dos principais setores da atividade econômica do país, levando em conta os cursos para o produtor, consumidor e construção. 

A formação do IGP-M, que é dividido em três componentes, ajuda a explicar o forte avanço recente. Isso porque o maior peso do índice, com 60% de sua composição, é o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), conhecido como “inflação do atacado” ou “inflação na porta da fábrica”. A alta do preço das commodities e do dólar nos últimos anos levou a uma disparada IGP-M, já que tornou mais custosa a produção.

Os demais componentes do IGP-M são o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com 30%, e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com 10%.

Apesar de não ter sido criado para esse fim, um dos usos conhecidos do IGP-M é o reajuste de contratos de aluguel de imóveis – motivo pelo qual o índice é frequentemente chamado de “inflação do aluguel”. No entanto, a forte alta do IGP-M durante a pandemia fez com que a maioria dos proprietários abrisse mão de reajustar os contratos por esse indicador durante a pandemia, segundo a própria FGV.

Em entrevista ao InvestNews em janeiro de 2021, o economista André Braz chegou a comentar que o IGP-M não é o índice mais justo para reajustar aluguéis. “Falta um indicador para o mercado imobiliário”, afirmou na ocasião.

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