As ações da XP Investimentos (XP) avançavam mais de 4% em Nova York nesta sexta-feira (15), após uma surpresa positiva no dado de captação líquida do segundo trimestre ofuscar, na visão de analistas, resultado abaixo do esperado em ativos sob custódia da plataforma de investimentos.
Por volta de 12h (horário de Brasília), os papéis da XP subiam 3,4%, a US$ 17,6 cada, após fecharem na véspera no menor patamar desde março de 2020. Além dos dados operacionais, sessão positiva em Wall Street também ajuda as ações. No Brasil, o BRD da XP (XPBR31) também sobe.
A XP divulgou captação líquida total de R$ 43 bilhões nos três meses encerrados em junho, queda ante os R$ 75 bilhões de um ano antes e dos R$ 46 bilhões do primeiro trimestre de 2022.
Quando ajustado pelas custódias concentradas – aquelas acima de R$ 5 bilhões por cliente/grupo econômico e mais voláteis por natureza – o dado representa uma alta frente aos R$ 30 bilhões na base trimestral e leve recuo ante os R$ 45 bilhões na comparação anual.
Analistas do BTG liderados por Eduardo Rosman destacaram a captação líquida como o principal fator positivo dos números divulgados pela XP, vindo 5% acima do que esperavam, segundo relatório a clientes.
Já a equipe do JPMorgan disse que o dado ajustado “surpreendeu positivamente”.
A reação positiva do mercado vem apesar de a XP ter fechado o trimestre com um total de R$ 846 bilhões em ativos sob custódia, 4% acima de um ano antes, mas 8% abaixo das estimativas de analistas do JPMorgan.
O número reflete uma captação líquida de R$ 174 bilhões e uma desvalorização de mercado de R$ 146 bilhões.
Os mercados globais foram atingidos negativamente nos últimos meses por temores de recessão econômica, diante da elevação dos juros, especialmente nos Estados Unidos, para conter o avanço da inflação. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, acumula queda de cerca de 8% em 2022.
O cenário causou redução nas negociações em renda variável, o que impacta a XP. O volume financeiro médio diário no segmento ações na bolsa brasileira caiu 25,1% em junho frente ao mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados pela B3 nesta semana.
“Apesar dos ativos sob custódia virem abaixo do que esperávamos, vemos a maior parte do impacto já antecipado pelo mercado dada a liquidação no mercado de ações”, escreveram os analistas do JPMorgan liderados por Domingos Falavina, em relatório. Eles observam que a XP tem cerca de um terço dos ativos em renda variável.
A XP disse ainda que a média de negociações diárias no varejo recuou em relação a 2021 para 2,3 milhões, de 2,7 milhões, ainda que tenha ficado estável ante os três meses encerrados em março, o que “reflete o cenário ainda desafiador para ações e futuros”.
A empresa afirmou que sua base de clientes ativos cresceu 16% em doze meses, para 3,63 milhões, e 4% na comparação trimestral. A rede de agentes autônomos de investimento da XP também inflou, alcançando 11,3 mil, 26% acima frente ao nível visto um ano antes.
Os resultados financeiros completos da XP referentes ao segundo trimestre devem ser divulgados em 9 de agosto.
Diante dos dados já anunciados, os analistas do BTG esperam que a XP divulgue um segundo trimestre melhor em comparação ao primeiro, enquanto projeta uma atividade “decente” nos mercados de capitais entre julho e setembro, especialmente no segmento de renda fixa.
Crédito
Em crédito, a XP, que avança para ter um negócio bancário mais completo, viu a carteira de empréstimos subir 90%, para R$ 12,9 bilhões, contra o segundo trimestre do ano passado. O volume transacionado de cartões de crédito disparou 161% no período, para R$ 5,5 bilhões, enquanto os cartões ativos cresceram 185%, a 383 mil.
A XP anunciou em junho uma marca de banco de atacado, bem como oferta de conta digital, estratégia que contará com cartão de débito.
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