O Ibovespa encerrou em queda nesta sexta-feira (28) e na semana após a trégua do pregão anterior, com o mercado volátil à espera do resultado da eleição presidencial no país no domingo. O dólar, por sua vez, teve queda no dia e alta na semana.

A temporada de balanços também mexeu com o mercado e destacou números de empresas como Vale (VALE3) e Suzano (SUZB3), enquanto o cenário externo trouxe pouco alento, com declínio de commodities como minério de ferro e petróleo e fraqueza dos futuros acionários em Wall Street.

No dia, o Ibovespa recuou 0,09%, aos 114.539 pontos. Na semana, o indicador caiu 4,49%. O dólar teve baixa de 0,15%, negociado a R$ 5,3005 nesta sessão. Na semana, a moeda norte-americana teve alta de 2,99%.

2º turno

Esta sessão é a última oportunidade para investidores prepararem suas posições para o segundo turno de 30 de outubro e seus possíveis desdobramentos. Desta forma, “não tem como o tom não ser impactado pelas eleições, ainda mais se o mercado começar a enxergar que tem um risco de contestação do resultado eleitoral”, disse à Reuters Rafael Perez, economista da Suno Research.

Há meses o atual presidente e candidato a um segundo mandato Jair Bolsonaro (PL) vem atacando, sem provas, as urnas eletrônicas, que diz serem passíveis de fraude, e durante a campanha ele e aliados têm insistido na mensagem de que as autoridades eleitorais trabalham contra sua reeleição.

Nesta semana, alimentando temores sobre possível tentativa de descredibilizar o processo eleitoral e preparar o terreno para contestação do resultado de domingo, a campanha de Bolsonaro foi ao TSE para denunciar, sem provas, uma suposta irregularidade na exibição de inserções em rádios da Bahia e de Pernambuco.

Embora tenha afirmado que o risco de extensão do processo eleitoral para um “terceiro turno” é motivo de preocupação para os mercados financeiros, Perez disse que se trata mais de “burburinho” do que uma ameaça concreta, pelo menos até o momento.

“Acredito que será dificil ter uma contestação de fato, o Brasil tem uma democracia consolidada o suficiente” para contornar ataques à credibilidade das eleições, opinou o economista, acrescentando que, se as eleições transcorrerem tranquilamente, sem contestação, os mercados podem viver momentos de alívio a partir da semana que vem.

O Citi tem visão parecida. Em relatório desta sexta-feira, analistas do banco disseram que, “embora acreditemos que a chance de eleições contestadas não seja tão baixa quanto gostaríamos, as consequências não seriam duradouras e os tribunais eleitorais derrubariam uma possível acusação de Bolsonaro, provavelmente dentro de um mês, em nossa opinião”.

Passado esse “ruído”, o foco dos mercados provavelmente mudará para a agenda econômica do próximo presidente, disse o Citi, que vê uma vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o cenário mais provável.

Bolsas mundiais

Wall Street

Wall Street caminha para mínimas de junho com temores de recessão 26/10/2020 REUTERS/Mike Segar

Um rali robusto e amplo levou Wall Street a fechar em forte alta nesta sexta-feira, com dados econômicos encorajadores e balanços corporativos mais favoráveis impulsionando o apetite por risco de investidores antes da tão esperada reunião de política monetária de dois dias do Federal Reserve na próxima semana.

Os principais índices dos Estados Unidos encerraram a sessão com alta de mais de 2%. O S&P 500 e o Nasdaq registraram seus segundos ganhos semanais consecutivos. O índice de blue-chips Dow Jones marcou seu quarto avanço consecutivo de sexta a sexta-feira e seu maior ganho percentual semanal desde maio.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 ganhou 2,47%, para 3.901,38 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 2,87%, para 11.102,34 pontos. O Dow Jones subiu 2,57%, para 32.857,82 pontos.

Europa

A maioria das ações europeias fechou em alta nesta sexta-feira, conforme sinais otimistas de Wall Street ajudaram a compensar perdas iniciais decorrentes de preços mais fracos de commodities e balanços corporativos mistos.

Após chegar a cair 1,1% mais cedo, o índice pan-europeu STOXX 600 subiu conforme o pregão seguiu e fechou em alta de 0,14%, a 410,76 pontos, em seu nível mais alto em cinco semanas.

O STOXX 600 fechou estável na quinta-feira, depois que o Banco Central Europeu aumentou os juros como esperado, mas disse que já haviam sido feitos progressos “substanciais” em sua tentativa de combater o aumento histórico da inflação.

Ásia e Pacífico

As ações da China sofreram nova queda nesta sexta-feira após as vendas de pânico na segunda-feira, levando as principais referências para novas mínimas em anos, em meio a receios persistentes de que a nova equipe de liderança da China colocará a política acima do crescimento econômico.

*Com informações da Reuters.