O dólar caiu frente ao real nesta quinta-feira (27), abatido por movimento de ajuste de posições após forte disparada da moeda norte-americana no início da semana, enquanto acenos do candidato presidencial Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a uma agenda fiscalmente responsável ajudaram a sustentar o humor do mercado doméstico. Já o Ibovespa fechou em alta após três dias de queda, em pregão marcado ainda por repercussão de mais balanços corporativos.

No dia, o dólar recuou 1,35%, a R$ 5,3082. O Ibovespa subiu 1,66%, aos 114.640 pontos.

Participantes do mercado digeriram comentários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto, que disse nesta quinta-feira que, se vencer o segundo turno da eleição presidencial no domingo, seu ministro da Economia será alguém que tenha responsabilidade tanto fiscal quanto social.

O petista já havia dito mais cedo nesta semana que a responsabilidade fiscal faz parte de sua concepção de governo, em aparente tentativa de tranquilizar os mercados sobre seu compromisso com a solidez das contas públicas.

“A volatilidade está altíssima”, afirmou o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, avaliando que o mercado tenta respirar um pouco nesta sessão com balanços melhores e após a queda dos últimos dias.

“O cenário eleições continua tomando conta e no momento o mercado projeta uma ‘possível’ vitória do Lula, o que poderia favorecer ações vinculadas a consumo de massa e educação, com mais crédito, políticas sociais mais fortes”, acrescentou.

O Datafolha divulgará nova pesquisa sobre o segundo turno da eleição presidencial nesta quinta-feira.

Agentes do mercado também reagiram a dados domésticos que mostraram queda da taxa de desemprego a 8,7% no terceiro trimestre, menor patamar desde 2015.

Enquanto isso, no exterior, investidores avaliavam dados econômicos norte-americanos que mostraram crescimento maior do que o esperado nos Estados Unidos no terceiro trimestre. A leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA “encerra a discussão sobre se já havia recessão por lá”, disse em publicação no Twitter Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter.

Juros lá fora e aqui

Ao mesmo tempo que afastaram temores sobre a saúde da maior economia do mundo, os dados da economia dos EUA não minaram as esperanças de que o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, irá reduzir o ritmo de alta de juros a partir de dezembro, com os mercados continuando a apostar numa alta de juros de 0,5 ponto percentual no final do ano, após provável ajuste de 0,75 ponto em novembro.

Investidores digeriram também a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de subir suas taxas de juros em 0,75 ponto percentual, amplamente em linha com as expectativas.

No Brasil, o Copom manteve a taxa Selic em 13,75% na quarta-feira, confirmando projeções do mercado.

Bolsas mundiais

Wall Street

 Os índices S&P 500 e Nasdaq registraram perdas nesta quinta-feira, conforme investidores digeriam dados econômicos sólidos e uma onda mista de lucros corporativos. O índice Dow Jones avançou, mantido em alta pelos industriais, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq caíram, pressionados pela fraqueza em nomes de peso de tecnologia e nos papéis de megacapitalização adjacentes ao setor na sequência de resultados trimestrais em baixa e orientação negativa.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 perdeu 0,57%, para 3.808,87 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 1,65%, para 10.790,16 pontos. O Dow Jones subiu 0,65%, para 32.046,72 pontos.

Europa

As ações europeias se recuperaram de mínimas da sessão e fecharam quase estáveis nesta quinta-feira após o Banco Central Europeu (BCE) elevar suas taxas de juros em 0,75 ponto percentual, de acordo com as expectativas do mercado, e sinalizar a necessidade de mais altas para reduzir a inflação recorde.

Ásia e Pacífico

Telão mostra dados do índice japonês Nikkei em Tóquio 22/09/2022. REUTERS/Kim Kyung-Hoon

As ações da China fecharam em baixa nesta quinta-feira, já que dados fracos sobre os lucros industriais e surtos de covid-19 pesaram sobre o sentimento, enquanto as ações de Hong Kong avançaram em meio à expectativa de que os bancos centrais globais diminuam o aperto monetário.

*Com informações da Reuters.