O Ibovespa encerrou em queda nesta segunda-feira (28), junto a um ambiente externo desfavorável. No Brasil, persistiram as preocupações com o rumo fiscal do país, com as negociações de gastos extra-teto pelo governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva. O dólar caiu acentuadamente frente ao real, com investidores citando movimento de correção após salto recente.
No dia, o Ibovespa recuou 0,18%, aos 108.782 pontos. Já o dólar desvalorizou 0,85% frente ao real, negociado a R$ 5,3645.
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Cenário fiscal no Brasil
No Brasil, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva viajou a Brasília para discutir a PEC da Transição acompanhado de Fernando Haddad, cotado para assumir o Ministério da Fazenda, no momento em que cresce a expectativa sobre o anúncio dos novos ministros.
Investidores têm reagido mal à especulação de que Haddad liderará a pasta econômica de Lula, já que, aos olhos do mercado, ele não tem um perfil muito técnico e provavelmente será inclinado a flexibilizações das regras fiscais do país, como a proposta na chamada PEC da Transição.
O texto, que tem passado por dificuldades na negociação, inicialmente busca permitir despesas de quase R$ 200 bilhões fora do teto de gastos por tempo indeterminado. No entanto, alguns participantes do mercado acreditam que a flexibilização fiscal possa ser enxugada durante tramitação no Congresso.
“Conforme (a proposta) seja desidratada, talvez ganhe força um discurso de que, dos riscos, foi o menor”, avaliou Cruz.
Por outro lado, a Genial Investimentos disse em nota a clientes que, “diante da dificuldade de conseguir votos para aprovar (a PEC) como foi apresentada pela equipe de transição, tem ganhado força entre seus membros a possibilidade de aprovar a proposta via Medida Provisória, sem o apoio de partidos que fizeram parte da chamada ‘frente ampla pela democracia'”.
Isso “isolaria ainda mais o PT no futuro, dificultando a governabilidade”, completou a instituição.
Protestos na China
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse à Reuters que o foco dos mercados está em raros protestos acontecendo na China contra a política de covid-zero imposta pelo governo de Xi Jinping.
Segundo o especialista, investidores estão tentando entender se os protestos levarão a uma flexibilização de restrições sanitárias –o que seria positivo para o sentimento do mercado– ou se sofrerão retaliação mais dura do regime chinês, o que poderia elevar a cautela global.
O foco também ficará sobre o banco central norte-americano ao longo desta semana, com agentes do mercado à espera de uma série de dados econômicos dos Estados Unidos que podem oferecer pistas sobre qual será a magnitude da alta de juros de dezembro do Federal Reserve.
Bolsas mundiais
Wall Street
Os principais índices de Wall Street abriram em baixa nesta segunda-feira, uma vez que protestos nas principais cidades chinesas devido às medidas rigorosas contra a Covid-19 reacenderam as preocupações com o crescimento econômico, enquanto a Apple tinha queda com a notícia de interrupção da produção em uma fábrica na China.
O Dow Jones caía 0,21% na abertura, a 34.275,91 pontos. O S&P 500 tinha queda de 0,52%, 4.005,36 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuava 0,70%, para 11.147.568 pontos.
Europa
O mercado de ações europeu caiu nesta segunda-feira, em linha com perdas globais devido a preocupações com o crescimento econômico diante dos protestos na China.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,65%, a 437,85 pontos, saindo de um pico em mais de três meses atingido na semana passada.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,17%, a 7.474,02 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 1,09%, a 14.383,36 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,70%, a 6.665,20 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 1,12%, a 24.440,88 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,00%, a 8.323,20 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 1,01%, a 5.818,76 pontos.
Ásia e Pacífico
Os mercados acionários asiáticos caíram nesta segunda-feira, uma vez que raros protestos nas principais cidades chinesas contra as rígidas restrições da política de Covid zero do país aumentaram as preocupações dos investidores sobre as implicações para o crescimento da segunda maior economia do mundo.
“Claramente, os duros lockdowns na China vêm impactando o sentimento dos consumidores e das empresas há algum tempo, e as persistentes reduções no PIB chinês têm sido consistentes há mais de um ano, com mais por vir”, disse George Boubouras, diretor executivo da K2 Asset Management.
“Os mercados não gostam de incertezas e os investidores procurarão alguns esclarecimentos sobre os protocolos de lockdown doméstico muito severos da China”.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,42%, a 28.162 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 1,57%, a 17.297 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,75%, a 3.078 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 1,13%, a 3.733 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 1,21%, a 2.408 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 1,50%, a 14.556 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,14%, a 3.240 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,42%, a 7.229 pontos.
*Com informações da Reuters.
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