No período de isolamento devido à pandemia da covid-19, o volume de vendas de roupas confortáveis acelerou no país, segundo representantes do setor consultados pelo InvestNews. Agora, mesmo após as liberações de restrições e alívio da doença, eles ainda afirmam que a procura por essas peças se mantém em níveis altos.
“Estes modelos entraram de vez para o guarda-roupa pós-pandêmico. Uma tendência que podemos observar é de composições de outfits cada vez mais confortáveis. Um exemplo é que nesse período temos muito mais opções de looks de trabalho e festas, que até então não tinham como característica o conforto, e que agora se preocupam em oferecer o atributo”, é o que comenta Andrea Iha, head de estilo da Marisa (AMAR3).
Na mesma linha, Rodrigo Ribeiro, diretor criativo da Foxton, do Grupo Soma (SOMA3), menciona que do período de isolamento para cá o comportamento dos consumidores mudou muito. “A pandemia forçou os criativos a trazerem novas possibilidades para esse homem dentro de um novo momento do mundo. A gente viu que essa questão do conforto foi muito importante”, diz.
Andre Neves, CEO da Pipe Content House, menciona que durante a pandemia houve uma mudança no comportamento dos consumidores. Ele conta que as pessoas passaram a comprar mais peças básicas, confortáveis e casuais, ampliando uma queda acentuada nas roupas sociais.
De forma semelhante, a Marisa relata que durante a pandemia houve bastante procura por produtos de malha, moletons, meias, pijamas e peças para exercícios físicos.
Não há dados consolidados sobre o percentual de aumento da venda de peças confortáveis ou básicas no país durante o período pandêmico. Mas, de qualquer forma, num cenário em que o conforto das roupas passou a ser mais valorizado e o trabalho presencial voltou a ser realidade para muitos trabalhadores, representantes do setor afirmam que os consumidores agora se preocupam mais com esse requisito também ao comprar roupas sociais.
De volta aos escritórios: o que vestir?
À vista disso, o InvestNews fez um levantamento sobre quando custa e como montar um armário executivo neste momento pós-pandêmico. Confira a seguir:
Quanto custa e como montar um armário executivo?
A verdade é que o custo para montar um armário cápsula versão executiva varia muito, mas entre as lojas consultadas pelo InvestNews, esse valor chegou até R$ 21 mil.
Para Rita Heroina, consultora de imagem e estilo, é interessante tanto para os homens quanto para as mulheres que trabalham em ambiente executivo criarem um armário cápsula – que consiste em itens essenciais, de preferência, atemporais e que combinam entre si, em vista da praticidade de se vestir no dia a dia e do cuidado com a comunicação visual para o trabalho.
A consultora de imagem e estilo explica que o armário cápsula costuma ter entre 35 e 40 peças, “porém, isso é muito pessoal e personalizado para cada pessoa, pode ser um pouco menos ou um pouco mais”.
“É bacana conhecer as cores que valorizam o seu tom de pele, os seus olhos e os seus cabelos; [além dos] modelos de peças que se harmonizam em seu corpo e os tecidos que te caem bem”, diz Rita Heroina.
Ela ainda acrescenta que, apesar de ser um armário de roupas sociais, é preciso valorizar o conforto ao escolher as peças.
Quais peças podem compor um armário cápsula?
A consultora de imagem e estilo comenta que as peças da parte de cima do corpo são trocadas mais vezes e que geralmente as da parte debaixo são mais versáteis.
Desse modo, ela sugere que para cada calça ou saia haja outras cinco blusas para variar a vestimenta. “As blusas você troca mais vezes e as calças e saias você pode repetir bastante nos looks”, pontua.
1 – Feminino (40 peças):
- 3 calças de alfaiataria;
- 25 partes de cima, entre camisas e blusas sociais;
- 3 blazers;
- 2 saias;
- 3 vestidos;
- 1 scarpin;
- 1 sapatilha;
- 1 sandália;
- 1 tênis branco.
Entre as lojas de roupas femininas e masculinas de grande porte, na C&A (CEAB3) todas essas peças sairiam por volta de R$ 5.709; na Renner (LREN3) por volta de R$ 5.219; e na Marisa por volta de R$ 4.087.
Na Pipe Content House, loja de roupas femininas e masculinas de menor porte, a maior parte dessas peças sairia por volta de R$ 7.565 – a varejista não comercializa blazers, scarpins, sapatilhas e sandálias.
2 – Masculino (34 peças):
- 5 calças (entre jeans escura; jeans preta; 2 de alfaiataria; calça chino);
- 20 camisas (entre camisa branca de algodão; camisa azul-marinho; camisa cinza; e ainda 2 camisetas brancas);
- 4 jaquetas ou blazer (jaqueta de couro; bomber; blazer azul-marinho; colet);
- 1 sapatênis;
- 2 cintos;
- 1 oxford;
- 1 tênis branco.
Entre as lojas de roupas femininas e masculinas de grande porte, na C&A todas essas peças sairiam por volta de R$ 5.650; na Renner por volta de R$ 6.570; e na Marisa por volta de R$ 2.940.
Ja entre as loja de menor porte, na Pipe Content House a maior parte dessas peças sairia por R$ 5.820 – a varejista não comercializa jaquetas e blazers, cintos e oxfords; e na Foxton essas peças sairiam por R$ 21.092.
Por que é importante se preocupar com as roupas?
Para a consultora de imagem e estilo, “as roupas falam por si só”. Ela explica que se vestir bem gera valor à “marca” pessoal de cada um e abre portas, o que é muito importante, principalmente, no ambiente de trabalho.
“Eu entendo que a nossa imagem pessoal e profissional não é futilidade, é comunicação. O que é imagem? A imagem é composta por aparência, comportamento e o repertório vocal. A nossa aparência é uma ferramenta que nos ajuda a melhorar a nossa comunicação no ambiente de trabalho.”
Rita Heroina, consultora de imagem e estilo.
Rita Heroina diz que cada um deve se vestir para o cargo que almeja e de acordo com a mensagem que deseja passar. No caso de uma gerência querer transparecer mais acessibilidade, ela explica que é preciso ter cuidado ao usar formal demais porque pode trazer muita autoridade e distanciar as pessoas – da mesma forma como o contrário.
Mesmo tendo um guarda-roupa com peças dentro de um padrão, a consultora de imagem e estilo acrescenta que dá para se diferenciar por meio dos acessórios, cabelo e maquiagem (no caso das mulheres).
“O acessório dá o tom, ele traz o charme. Tudo isso são coisas que enriquecem.”
Rita Heroina, consultora de imagem e estilo.
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