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Negócios

Americanas é rebaixada e contrata empresa para renegociar dívidas

A B3 está fornecendo dados para ajudar a CVM a determinar se houve uso de informações privilegiadas com ações da Americanas.

A Americanas (AMER3) informou nesta terça-feira (17) ao mercado que teve sua nota de crédito rebaixada por agências e disse que vai contratar a empresa Rothschild & Co para atuar como interlocutora na renegociação da dívida no Brasil e no exterior após a descoberta de uma inconsistência bilionária nos números da varejista.

A contratação da empresa ocorreu após reunião do Conselho de Administração na segunda-feira (16).

“A Americanas reforça seu compromisso na busca de uma solução de curto prazo com os seus credores. Todos os órgãos sociais (conselho, diretoria e comitês) estão trabalhando conjuntamente com o objetivo de manter as operações da companhia de forma adequada”

Comunicado da americanas

As ações da Americanas chegaram a subir mais de 21%, nesta terça, mas perderam força e fecharam em queda de 2,06%, a R$ 1,90.

Dívidas da Americanas

Na semana passada, um juiz do Rio de Janeiro concedeu, na sexta-feira (13), proteção à Americanas contra vencimento antecipado de dívidas. Segundo o juiz, eventuais alterações no balanço da varejista decorrentes do anúncio das inconsistências contábeis “poderão repercutir no grau de endividamento da empresa e no capital de giro mínimo (…) acarretando o descumprimento de cláusulas de covenants financeiros culminando no vencimento antecipado de dívidas da ordem de R$ 40 bilhões”.

De acordo com analistas da Levante, a contratação da prestadora de serviços financeiros
Rothschild & Co marca a saída de Sérgio Rial da liderança dos diálogos com os bancos credores. O executivo, ex-CEO da companhia, figurava um papel relevante na tratativa de impacto após anúncio das inconsistências contábeis.

“O enorme desafio da Rothschild & Co será encontrar um plano de ação factível para
reestruturação das dívidas da companhia, em um cenário de alto desconforto dos credores, desconfiança do mercado e tempo comprimido. Vale lembrar que a empresa ainda possui uma janela de pouco menos de um mês para estruturar esse plano sem que haja qualquer confisco, penhora de bens ou execução das garantias por parte dos credores”.

As dívidas das Americanas com bancos totalizam R$ 19 bilhões e o Bradesco
(BBDC3, BBDC4) é credor de R$ 4,8 bilhões. No entanto, dentre os grandes bancos, o BTG Pactual (BPAC11) tem o maior potencial de risco em proporção ao tamanho da sua carteira de crédito, tendo se mostrado um dos maiores engajados em exercer suas garantias, já tendo acionado a justiça para reversão da tutela de urgência.

Notas rebaixadas

As três principais agências de classificação de risco rebaixaram a nota da Americanas. Na tarde desta terça-feira, a Fitch Ratings voltou a cortar o rating da empresa, desta vez de ‘CC’ para ‘C.

“No caso de a Americanas anunciar formalmente um plano de reestruturação, os ratings serão rebaixados para ‘RD’ para refletir um default restrito ou ‘D’ se a empresa entrar com pedido de recuperação judicial”, afirmou a Fitch em relatório. A agência já reduzira a nota da Americanas na sexta-feira (13), após o anúncio das inconsistências contábeis.

A Moody’s alterou o rating de “Ba2” para “Caa3”, indicando emissor sujeito a um risco muito alto de crédito. A Moody’s também colocou todas as classificações sob revisão para uma nova alteração de classificação.

A S&P Global Ratings alterou o rating da companhia em sua classificação de crédito em escala global para ‘D’ e em escala nacional brasileira para ‘D’ de default (falta de pagamento, em português), o que equivale ao risco de calote, assim como a classificação das notas globais sênior não garantidas emitidas pelas suas subsidiárias.

Investigações

A B3, bolsa de valores brasileira, informou nesta terça que está fornecendo dados para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) investigar eventuais casos de insider trading envolvendo as ações da Americanas, de acordo com o presidente-executivo da empresa de infraestrutura de mercado financeiro Gilson Finkelsztain.

Finkelsztain disse que B3 pode excluir a Americanas do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), mas que vai aguardar respostas a questões formuladas pela bolsa sobre o episódio. Segundo ele, o foco do mercado agora deveria ser na adoção de medidas para evitar que casos como esses se repitam.

Além disso, a CVM abriu um processo administrativo para investigar a divulgação pela Americanas de decisão judicial que a protege por 30 dias contra vencimento antecipado de dívidas, na última sexta-feira.

Com este, já são cinco processos abertos pelo regulador do mercado de capitais para investigar a varejista:

  • Investigação sobre a contabilidade
  • Investigação sobre anúncio do fato
  • Processo que ocorre em sigilo (teor não informado)
  • Investigação sobre auditoria independente PwC
  • Investigação sobre divulgação da decisão sobre proteção contra vencimento de dívidas

Rial diz que especulações são leviandades

Sergio Rial, São Paulo, Brasil, 08/08/2017. REUTERS/Paulo Whitaker

O ex-presidente-executivo da Americanas (AMER3) Sergio Rial, que ocupou o cargo oficialmente por nove dias, afirmou nesta terça em uma rede social que sua saída da companhia no mesmo dia da revelação dos problemas contábeis de R$ 20 bilhões ocorreu dentro de um quadro de transparência e que “quaisquer especulações ou teorias distintas disso são leviandades”.

Em sua publicação no LinkedIn, Rial, ex-presidente-executivo do Santander Brasil, afirmou:

“Eu jamais transigiria com a minha biografia”.

Explicando o breve período em que esteve oficialmente no comando da Americanas, Rial disse que, em conversas com executivos da empresa assim que assumiu, informações e dúvidas foram compartilhadas. “E com o natural aprofundamento para entendê-las e dar-lhes direcionamentos conjuntamente com o novo vice-presidente financeiro, Andre Covre, chegamos ao quadro do fato relevante com transparência e fidedignidade!”, escreveu.

Ele se refere ao fato relevante da quarta-feira passada em que Covre também renunciou.

Nova CFO

A Americanas informou ainda nesta terça-feira que seu conselho de administração aprovou a eleição de Camille Loyo Faria para ocupar o cargo de Diretora Financeira e de Relações com Investidores da companhia. A executiva vai assumir a função no próximo dia 1º. 

Até então, Camille Loyo Faria ocupava os cargos de Diretora de Finanças e de Relações com Investidores na TIM (TIMS3).  

*Com Reuters.

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