Pergunta de Dodie Mendes Moreira: Tenho 50 mil pra investir e 800 de aporte mensal. Pra 7-11 anos, qual o melhor investimento de renda fixa?
Resposta:
Essa é uma ótima pergunta, pois me possibilita abordar vários aspectos e cenários possíveis.
Antes de tratar do “onde aplicar”, vamos tratar do porquê aplicar. Como informou prazos específicos, entendo que tenha objetivos claros para a utilização desses recursos, o que é muito bom.
Aqui já vou tratar da parte da pergunta que diz: “qual o melhor investimento de renda fixa”? Esse questionamento pode ter dois aspectos, ter um perfil mais conservador de investidor ou estar influenciado por informações de mercado que sugerem que esse é o “momento” de aplicar em renda fixa.
Independente da motivação, concentrar os investimentos em apenas uma classe de ativos, renda fixa por exemplo, não é a melhor estratégia quando temos esse cenário de prazos claros e um período relativamente longo para investir.
Portanto, a diversificação passa a ser uma grande aliada para se obter resultados mais consistentes e alinhados com os objetivos. Nesse caso, estou falando em aplicar nas três principais classes de ativos, que são: renda fixa, multimercado e ações.
Vou abordar dois cenários diferentes, que no final, levarão a resultados parecidos, porém, podendo ter benefícios fiscais e sucessórios bem interessantes, dependendo, é claro, de algumas informações que ainda não tenho.
1º cenário – Carteira com fundos de fundos
Usando como base um perfil intermediário, que é o “balanceado”, segue sugestão de aplicação para o aporte inicial de R$ 50.000,00 e estratégia para os demais aportes mensais de R$ 800,00:
Aporte Inicial R$ 50.000,00
54% – R$ 27.000,00 – Renda Fixa
20% – R$ 10.000,00 – Multimercado
16% – R$ 8.000,00 – Ações Brasil
10% – R$ 5.000,00 – Ações Internacional
Aportes recorrentes de R$ 800,00
Aqui a estratégia fica mais interessante, pois ao longo do tempo o mercado mudará, crises acontecerão e a recuperação também. Esses aportes terão o papel fundamental de rebalancear essa carteira de investimentos com dinheiro novo, o que é o mais indicado. Além disso, quanto mais próximo dos objetivos menos risco deve ser tomado, o que também mudará o perfil dessa carteira.
2º cenário – Carteira com planos de previdência complementar
Neste caso, ao invés de criar uma carteira, como no caso anterior, podem ser usados Planos de Previdência Complementar no modelo Fundos de Fundos, que por si só, já são carteiras com as mesmas classes de ativo do citadas acima.
Aqui o aporte inicial será de R$ 50.000,00 e já podem ser contratadas as contribuições mensais de R$ 800,00. Por se tratar de Fundos de Fundos, os gestores já tratarão do rebalanceamento de forma profissional e ativa.
Outras possíveis vantagens são os benefícios fiscais e sucessórios que está opção oferece.
Benefício fiscal
Se o investidor for contribuinte do INSS e declarar seu Imposto de Renda no formulário “completo”, poderá contratar o plano PGBL e utilizar seus aportes, dentro do limite de 12% da renda bruta anual, como mais uma dedução, o que poderá reduzir o valor do imposto a pagar ou aumentar o valor da restituição. Também poderá optar entre dois modelos de tributação, o “compensável – tabela progressiva” ou o “definitivo – tabela regressiva”, podendo reduzir a alíquota de imposto a ser pago no resgate.
Benefício sucessório
Os valores aplicados em planos de Previdência Complementar, de forma geral, não entram em inventário. Esse é um aspecto muito positivo, pois no caso de falecimento do investidor/participante do plano o saldo será liberado para o(s) beneficiário(s) indicados ou para o(s) herdeiro(s) legal(ais) na falta de indicação específica. Significa que o montante terá total liquidez, não dependendo de longos processos jurídicos e nem ter custos para sua liberação.
Para finalizar, por mais que pareça ser uma simples pergunta e ter uma simples resposta, sempre precisam ser analisados vários aspectos e cenários com o objetivo principal de evitar erros na tomada de decisão, pois esses possíveis erros têm impactos negativos muito maiores que o próprio desempenho esperado ou obtido.
Um ponto muito importante aqui são os aportes recorrentes mensais. Essa estratégia de aplicação é reconhecidamente a mais saudável, pois traz resultados muito mais interessantes do que fazer apenas um aporte e esperar sua valorização. A soma do aporte inicial mais os recorrentes é a melhor estratégia com certeza.
*Planejador da Fiduc
*As informações neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. Envie sua pergunta para [email protected]
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