A força do real pode ser desafiada em breve por preocupações crescentes com a desaceleração econômica e divergências entre o governo e o Banco Central, mostrou uma pesquisa da Reuters com especialistas em câmbio.
A moeda brasileira tem rondado os 5,20 por dólar nos últimos meses, após um período fraco no segundo trimestre de 2022, tendo superado preocupações sobre a volatilidade no mercado ao longo do período eleitoral.
A pesquisa desta sexta-feira (3) aponta para uma valorização do real de 1,9% no período de um ano à frente, para 5,10 por dólar, de acordo com a estimativa média de 19 estrategistas de câmbio entrevistados de 28 de fevereiro a 2 de março. O dólar estava em cerca de R$ 5,19 na quarta-feira (2).
No entanto, analistas alertaram para uma potencial fase instável à frente, em meio a sinais de deterioração econômica após um salto da atividade no ano passado em resposta a gastos inflacionários do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“As preocupações com o crescimento não vão desaparecer tão cedo e os riscos de um aperto monetário adicional do Federal Reserve são elevados”, disse Edward Moya, analista sênior de mercados da Oanda. “O real deve ter mais perdas no primeiro semestre.”
A economia do Brasil recuou 0,2% no quarto trimestre de 2022, sofrendo com o impacto tardio de um aumento nos preços ao consumidor e altas acentuadas nas taxas de juros.
As principais autoridades econômicas do país, por sua vez, estão profundamente divididas, com o Banco Central dando continuidade a uma estratégia monetária restritiva que está sendo atacada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros de seu governo.
A pesquisa também mostrou que o peso mexicano provavelmente permanecerá em terreno sólido depois de ter atingido seus níveis mais fortes em cinco anos nesta semana, quase cruzando a marca de R$ 18,00 por dólar.
O peso deve ser negociado em 19,40 por dólar em um ano, implicando uma perda de 6,5% em relação aos níveis de quarta-feira, mas ainda próximo dos 20,00 por dólar, que é considerado um nível saudável.
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