Reusmo da semana anterior (27/02-03/03)
A semana passada os mercados globais se estressaram com os discursos de autoridades do Fed, o banco central dos EUA, defendendo a alta de juros acima do patamar projetado pelo mercado anteriormente. Isso causou uma onda de pessimismo nos índices norte-americanos no começo da semana mas que conseguiram encerrar com ganhos semanais de 1,33% no S&P500 aos 4.045,64 pontos, 1,47% no Dow Jones aos 33.390,35 pontos e 1,49% no índice Nasdaq aos 11.689,01 pontos
Já no Brasil, dados econômicos ficaram em destaque como o PIB em 2022, que cresceu 2,9% com a divulgação da retração de 0,2% no quarto trimestre do ano com desempenho fraco do setor de agropecuária. Outro dado importante foi a taxa de desemprego medida na Pnad Contínua que caiu 0,8 ponto percentual no último trimestre de 2022 aos 7,9%, menor patamar desde 2015.
Porém o grande destaque no cenário interno ainda envolve a esfera política com a nova rodada de críticas à atuação do Banco Central e ao nível atual de juros do país. Com a divulgação do PIB mais fraco do que o esperado, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse esperar um gesto positivo a favor do Brasil na próxima reunião do Copom enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atribuiu a retração do Produto Interno Bruto aos juros afirmando que o BC havia subido os juros por conta de promessas eleitoreiras do governo anterior e durante o anúncio da reoneração de combustíveis, Haddad disse que a reoneração está alinhada com as atas do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que destacava a necessidade de melhora nas condições fiscais para a redução da taxa básica de juros, a Selic.
O efeito acabou sendo o contrário e as taxas de juros dos contratos de DI fecharam nas máximas e as ações de empresas do setor de petróleo, como a Petrobras, derreteram na semana.
E mesmo com a apresentação de resultados sólidos no balanço do 4T22, a Petrobras teve momentos de destaque e queda na semana após as ações ordinárias caírem 1,56% e as preferenciais caírem 0,54% com o risco político pesando após falas do diretor da companhia indicando um novo direcionamento à política de investimentos da empresa enquanto o presidente Luis Inácio Lula da Silva criticou o montante de R$ 188,3 bilhões de lucro auferido pela empresa controlada pelo governo.
Na semana, o índice Bovespa, sentindo o ruído político, registrou uma queda semanal de 1,83% aos 103.865,99 pontos.
Mercados hoje
- Ásia: Com ganhos na maioria das bolsas asiáticas, a exceção foi o índice de Shanghai com queda de 0,19% com a divulgação da meta de crescimento econômico da China de 5% para 2023, meta considerada modesta ao país e influenciando os ativos locais. Já os ganhos da região foram de 1,11% no Nikkei, 0,17% em Hang Seng, 0,99% no Taiex e 1,20% no KOSPI.
- Europa: O mercado europeu operam majoritariamente em alta seguindo o sentido do pré-mercados nos EUA mesmo com a divulgação que as vendas no varejo na zona do Euro cresceram 0,3% em janeiro em um resultado abaixo do crescimento de 1% esperado. Na manhã, as altas eram de 0,32% no DAX, 0,40% no CAC, 0,11% no IBEX e 0,37% no Euro Stoxx enquanto o britânico FTSE era o único em queda ao recuar 0,36%.
- EUA: Os pré-mercados indicam um começo de semana positivo com ganhos de 0,01% no Dow Jones , 0,07% no S&P500 e 0,19% no Nasdaq e sem indicadores econômicos relevantes na agenda.
Ibovespa se segura nos 103 mil pontos
O Ibovespa se manteve acima do suporte dos 103 mil pontos, ponto de referência para correções anteriores de curto prazo e que pode ajudar o índice depois da queda de mais de 5% desde a metade de fevereiro.
Com a agenda de indicadores vazia no dia, o destaque fica para a atualização do relatório Focus do Banco Central hoje e dados mais relevantes, como o IPCA de fevereiro, a serem divulgados durante a semana.
Enquanto isso, qualquer atualização da ala política envolvendo decisões econômicas podem aparecer, como por exemplo, a divulgação da nova proposta fiscal da equipe do ministério da Fazenda. A ideia é apresentar o projeto antes da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 21 e 22 de março, para que o Comitê avalie o peso da proposta como um fator positivo na balança de risco, podendo acelerar o processo de corte de juros no país.
Agenda da semana
Data | Região/País | Indicador |
06/03 | Brasil | Relatório Focus |
06/03 | Brasil | Vendas de Veículos (fev) |
06/03 | Zona do Euro | Vendas no Varejo (jan) |
07/03 | Brasil | IGP-DI (fev) |
08/03 | EUA | Relatório JOLTs de emprego (fev) |
08/03 | EUA | Relatório de empregos privados ADP (fev) |
08/03 | Zona do Euro | PIB 4T22 |
08/03 | EUA | Livro Bege |
08/03 | Japão | PIB 4T22 |
09/03 | Brasil | Caged – criação de empregos (fev) |
09/03 | EUA | Pedidos iniciais por seguro-desemprego |
10/03 | Brasil | IPCA (fev) |
10/03 | EUA | Payroll (fev) |
10/03 | EUA | Taxa de desemprego (fev) |
10/03 | Reino Unido | PIB (jan) |
Veja também
- O que Trump e Lula têm em comum: a queda de braço com o Banco Central
- Brasil precisa defender ideais ocidentais no cenário global, diz Armínio Fraga
- Caixa puxa a fila – e crédito para comprar imóvel fica cada vez mais difícil para a classe média
- Senado aprova Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central
- Galípolo é aprovado em comissão do Senado para presidência do BC