Mercados globais se preparam para semana agitada após colapso do SVB
Os mercados estão preparados para uma semana agitada, já que as repercussões do colapso do Silicon Valley Bank (SVB) coincidem com importantes dados econômicos e reuniões de política monetária.
Leitura da inflação nos Estados Unidos em fevereiro será divulgada na terça-feira, seguida pelo orçamento britânico na quarta-feira e pela reunião de juros do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira.
“Há uma jornada difícil pela frente”, disse Pooja Kumra, estrategista sênior de juros para Europa e Reino Unido na TD Securities, em Londres.
A volatilidade do mercado de ações norte-americano medida pelo “índice do medo”, o VIX, disparou na sexta-feira para o maior patamar desde outubro, enquanto o ICE BofA Move Index, que mede a volatilidade no mercado de renda fixa dos EUA, subiu para o nível mais alto desde meados de dezembro.
Os mercados de ações no Oriente Médio fecharam em baixa neste domingo, com a bolsa egípcia liderando as quedas.
Em outro sinal de possível contágio para outros ativos, a stablecoin USD Coin (USDC) perdeu a sua paridade com o dólar e despencou para uma mínima histórica no sábado. Mais tarde, recuperou a maior parte de suas perdas após a Circle, a empresa por trás da moeda digital, garantir aos investidores que honraria a paridade apesar da exposição ao SVB.
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse neste domingo que está trabalhando com reguladores para responder ao colapso do SVB. Porém, investidores podem entrar no pregão de segunda-feira com pouco tempo para digerir os últimos acontecimentos.
O SVB pode ter um efeito dominó sobre outros bancos regionais dos EUA e para além deles. As ações de bancos de menor porte e regionais norte-americanos foram fortemente atingidas na sexta-feira. O índice de bancos regionais do S&P 500 caiu 4,3%, elevando sua perda na semana para 18%, a pior para o segmento desde 2009.
Saudi Aramco registrou lucro recorde de R$ 834 bilhões no ano passado
A petroleira Saudi Aramco teve lucro de US$ 161 bilhões (R$ 834 bilhões) em 2022, maior resultado anual já registrado por uma empresa de capital aberto, o que atraiu críticas de ativistas. O valor representa avanço de 46,5% ante 2021, quando a companhia registrou resultado positivo de US$ 110 bilhões (R$ 570 bilhões). Os ganhos vieram após o aumento dos preços de energia com a guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, e as sanções que limitaram a venda de petróleo e gás natural de Moscou nos mercados ocidentais.
Em 2020, a companhia havia lucrado US$ 49 bilhões (R$ 254 bilhões), quando o mundo passava pelo pior momento da pandemia, com interrupções de viagens e preços do petróleo brevemente negativos.
A Aramco registrou produção de cerca de 11,5 milhões de barris por dia em 2022 e disse que espera atingir 13 milhões de barris por dia até 2027. Para aumentar essa produção, a empresa planeja gastar até US$ 55 bilhões (R$ 285 bilhões) este ano em projetos de capital.
A petrolífera tem expectativa de aumentar sua produção para aproveitar a demanda do mercado, à medida que a China reabre a economia devido às restrições levantadas no combate ao coronavírus. O retorno chinês pode levantar os bilhões necessários para pagar os planos do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman de desenvolver paisagens urbanas futuristas para afastar a Arábia Saudita do petróleo.
Esses planos surgem apesar das preocupações internacionais sobre a queima de combustíveis fósseis que aceleram as mudanças climáticas. Os preços mais altos da energia já prejudicaram as relações entre Riad e Washington, além de aumentar a inflação em todo o mundo.
Sem regulação, apostas online esportivas giram R$ 12 bilhões
Nos últimos anos, as casas de apostas pela internet invadiram os times de futebol, o mercado publicitário e também os bolsos dos brasileiros. Sem regulamentação para operar em solo nacional, empresas como PixBet, Betfair, BetNacional, Betano e centenas de outras têm sede no exterior, mas movimentam bilhões dos apostadores nacionais. As estimativas são de que o dinheiro que passa por essas empresas chegue a R$ 12 bilhões este ano, pelas contas de Magno José, presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal e fundador do site BNL Data.
Mas a operação dessas empresas por aqui não é exatamente ilegal, apesar da falta de regulamentação. Em 2018, no governo de Michel Temer, essas apostas foram legalizadas no País, mas se estabeleceu um prazo máximo de quatro anos para que fossem regulamentadas pelo Ministério da Fazenda. Esse prazo venceu em dezembro passado e, como isso não aconteceu, elas operam hoje em uma espécie de limbo regulatório. Sem fiscalização, as suspeitas de manipulação de resultados e de lavagem de dinheiro também proliferam.
O potencial arrecadatório dessa atividade não passou despercebido ao novo governo. O Ministério da Fazenda não tem ainda números oficiais sobre a movimentação dessas empresas, mas o ministro Fernando Haddad já afirmou que pretende usar a tributação dos jogos para compensar a perda da arrecadação causada pela revisão na tabela do Imposto de Renda, que terá ampliação da faixa de isenção a partir deste ano. A estimativa do governo é de arrecadar entre R$ 2 bilhões e R$ 6 bilhões por ano com a cobrança de tributos sobre as apostas esportivas.
ZONA CINZENTA. “O setor de casas de apostas é importante na economia global e opera hoje no País em uma zona cinzenta, apesar de já patrocinar clubes de futebol brasileiros. Isso deixa de movimentar a economia, gerar empregos, e o consumidor não tem a segurança jurídica de estar protegido por regras”, diz Danielle Maiolini Mendes, advogada especialista em direito esportivo na CSMV Advogados.
Mesmo as empresas que atuam hoje no País sem a obrigação de pagar impostos torcem pela regulamentação da atividade, mesmo que isso signifique, a princípio, alguma perda financeira.
“A regulamentação, certamente, irá contribuir para o desenvolvimento ainda maior do mercado, que tem grande potencial de crescimento no Brasil nos próximos anos. Atualmente, o governo não arrecada impostos, e isso acaba favorecendo o mercado paralelo”, diz Alexandre Fonseca, country manager da Betano no Brasil.
Veja também
- Projeto de lei de falências pode afetar PMEs; entenda
- Leilão da Pan entra na fase final; com marca avaliada em R$ 27 milhões, maior lance até agora foi de R$ 351 mil
- Sem lances no leilão da Pan até agora, Cacau Show diz que avalia compra, mas ‘dificilmente’ irá participar
- Após aumento de falências e recuperações judiciais, projeto de lei quer agilizar trâmite
- A poucos dias de leilão da marca Pan, Cacau Show é tida como maior interessada