O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,69% em março, puxado pelo preço da gasolina, segundo divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (24).
A alta do IPCA-15 foi puxada pelo setor de transportes, que teve a maior variação e o maior impacto, com 1,50% e 0,30 ponto percentual, respectivamente.
O índice desacelerou em comparação ao mês anterior, de fevereiro, quando ficou em 0,76%. No entanto, ficou acima das expectativas da pesquisa da Reuters que era de 0,65% no mês.
No acumulado trimestral, o IPCA-15 ficou em 2,01%, menor do que os 2,54% registrados no mesmo período do ano passado. Em março de 2021, a prévia da inflação ficou em 0,95%. O IPCA-15 acumula em 12 meses até março alta de 5,36%.
Para Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, o IPCA-15 veio levemente acima do esperado sem grandes surpresas.
“O destaque de aumento ficou por conta de habitação e transporte, além de serviços. Os grupos de habitação e serviços sofrem com os juros altos. E transporte é um setor que se destaca por conta do alto custo de combustíveis, após o fim da isenção do ICMS.”
No entanto, ele destaca que a notícia mais relevante foi em relação aos núcleos que vieram em desaceleração.
“Isso é um ponto bem positivo e que faz o mercado reagir bem. Os DIs caíram aproximadamente 12 pontos logo na abertura justamente por conta desses núcleos que vieram bem melhores do que o histórico recente”, disse.
Gasolina cara
O aumento de 5,76% nos preços da gasolina, subitem com maior impacto individual no IPCA-15 de março (0,26 p.p.), foi determinante para a alta apresentada pelo grupo de transportes.
O etanol também contribuiu após registrar aumento de 1,96%. Em fevereiro havia tido queda de 1,65%. Já o óleo diesel (-4,86%) e gás veicular (-2,62%) registraram queda, diferentemente dos demais combustíveis (4,67%).
A alta de 9,02% nos transportes por aplicativo também pesou, após recuo de 6,05% no mês passado.
Variação grupos
De acordo com o IBGE, oito entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados para composição do indicador tiveram alta na comparação com o mês anterior, exceto o grupo de artigos de residência, único a apresentar deflação no mês.
- Vestuário: 0,11%
- Transportes: 1,50%
- Alimentação e bebidas: 0,20%
- Saúde e cuidados pessoais: 1,18%
- Habitação: 0,81%
- Despesas pessoais: 0,28%
- Artigos de residência: -0,18%
- Comunicação: 0,08%
- Educação: 0,75%
Pesquisa
O indicador leva em consideração famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.
A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.
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