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Finanças

Braiscompany sofre nova operação da Polícia Federal

Acusada de ser pirâmide financeira, a empresa de criptomoedas já trouxe R$ 258,2 milhões de prejuízos aos usuários.

Representação ilustrativa do Bitcon. Foto: Dado Ruvic/Reuters

*ARTIGO

A Braiscompany, empresa acusada de ser uma pirâmide financeira devido à promessa de retornos entre 6 a 8% mensal para clientes no mercado de criptomoedas, está sofrendo nova operação da Polícia Federal.

A nova operação, chamada Select, já vinha sendo esperada por clientes lesados pela companhia e entrou em atividade nesta última terça-feira (18). Até o momento, ela já resultou na apreensão de bens dos sócios da empresa que estão foragidos desde o início do ano, quando as denúncias e acusações sobre a companhia iniciaram.

Com atividades que alcançam clientes em todos os estados do Brasil e em mais de 14 países, a Braiscompany afirmava ter uma plataforma de negociação de criptomoedas. No entanto, era mentira, pois não possuía autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para oferecer esse tipo de serviço.

Segundo o MP-Procon, órgão do Ministério Público da Paraíba, a Braiscompany enganou pelo menos 3.364 consumidores, resultando em um prejuízo de aproximadamente R$ 258,2 milhões. Mas, devido à fuga dos principais nomes por trás da Braiscompany, os gerentes do Select — nomenclatura de hierarquia dentro da empresa, que ocasionou no nome da nova operação — ficaram sem respostas para dar aos clientes lesados.

Para se ter uma ideia das perdas, as atuais suspeitas sobre o caso indicam que o esquema pode ter movimentado R$ 1,5 bilhão nos últimos 4 anos, apenas nas contas dos suspeitos.

De todo modo, a operação Select da Polícia Federal é uma importante medida para coibir a atuação de empresas fraudulentas no mercado financeiro brasileiro. Contudo, apenas ela não basta para evitar que mais pessoas caiam em fraudes.

Para evitar golpes, é indispensável que os criptoinvestidores fiquem atentos a promessas de lucros elevados, rápidos e garantidos. Afinal, as criptomoedas são ativos de renda variável e não existe previsibilidade de ganhos

O que é pirâmide financeira?

Pirâmide financeira é um esquema fraudulento que visa obter lucro a partir do recrutamento de novos investidores. Geralmente, a promessa de ganhos é muito alta e irreal, e o dinheiro dos novos entrantes é usado para pagar os antigos.

Esse esquema existe tanto no setor financeiro tradicional quanto no mercado de cripto. O problema desse tipo de estrutura é que, em ambos casos, é insustentável a longo prazo. Quando desmorona, deixa muitos investidores sem seu capital e sem perspectiva de recuperar seus investimentos.

Um exemplo concreto de pirâmide financeira envolvendo criptomoedas é a OneCoin, que se descrevia como uma “criptomoeda educacional” e prometia retornos de investimento de até 300% em apenas um ano

A empresa, porém, em 2017 foi exposta como um esquema Ponzi, acarretando em prejuízos financeiros e na prisão de vários dos principais envolvidos no golpe.

OneCoin se descrevia como “oportunidade de ouro” para realizar investimentos em criptomoedas. Porém, era uma esquema de pirâmide. (Imagem: Reprodução/plataforma OneCoin)

Outro caso foi o da Bitconnect, que anunciava ganhos próximos a 40% ao mês através da sua cripto própria, mas que fechou, “do nada”, sua plataforma de empréstimos e trocas em janeiro de 2018 e deixou muitos usuários a ver navios.

É por essas e por outras que os investidores devem ser cautelosos ao realizar um investimento, principalmente quando se fala de criptomoedas.

Dicas para identificar e fugir de ‘esquemas’ 

Para não cair em golpes desse tipo, é importante que investidores estejam atentos a alguns pontos e tomar precauções, como:

  1. Fugir de empresas que não oferecem transparência: companhias legítimas oferecem informações claras sobre seus investimentos e sua política de segurança. Desconfie de “ofertas imperdíveis” que não oferecem transparência ou que exigem sigilo absoluto.
  2. Ter atenção com a pressão recrutadora: em pirâmides financeiras, os investidores são incentivados a recrutar novos participantes, que pagam pelos investimentos dos antigos. Se você sentir essa pressão, desconfie.
  3. Analisar o modelo de negócio: avalie se a empresa realmente é capaz de gerar receitas com a venda de produtos ou serviços relacionados a criptomoedas, pois somente assim ela se sustentará ao longo dos anos.
  4. Não acreditar em promessas de retornos certos: assim como ações e fundos imobiliários, as criptomoedas são ativos de renda variável. Ou seja, é impossível prever a manutenção do capital ou até mesmo dos ganhos.

Por fim, embora existam muitos golpes com criptomoedas, é importante lembrar que, ainda assim, elas são uma tecnologia revolucionária com potencial para transformar o modo como fazemos transações financeiras.

Mayara é co-autora do livro “Trends – Mkt na Era Digital”, publicado pela editora Gente. Multidisciplinar, apaixonada por tecnologia, inovação, negócios e comportamento humano.

*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.

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