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Finanças

Mercado de capitais desacelera, puxado por debêntures, IPOs e follow-ons

Volume de emissões de IPOs e follow-ons caiu 51% nos quatro primeiros meses do ano. Já o volume de renda fixa caiu 43% puxado por debêntures, segundo Ártica Investimentos.

Levantamento da Ártica Investimentos apontou que o mercado de capitais desacelerou de janeiro a abril de 2023 em comparação com igual período do ano passado. A queda em emissões de instrumentos de renda fixa e variável (IPOs e follow-ons) afetou o mercado.

“Esse declínio pode ser atribuído as condições adversas de mercado e econômicas que geraram volatilidade e maior seletividade de risco de credores frente a diversos setores”, diz o estudo.

ações
Crédito: Envato

Cautela com emissões

Os pedidos de recuperação judicial de Americanas (AMER3) e Light (LIGT3) são um exemplo. E, diante disso, companhias também têm mostrado uma maior cautela na emissão de títulos de dívida e na oferta de ações, “buscando minimizar os riscos e preservar a estabilidade financeira”, segundo o levantamento.

A alta taxa de juros acaba afastando parte dos investidores de ativos de renda variável o que faz com que empresas adiem ou cancelem os planos de abertura de capital. Tem ainda aquelas que buscam por estratégias alternativas para captação de recursos.

O volume de emissões de IPOs e follow-ons caiu 51% nos quatro primeiros meses do ano. Já o volume de renda fixa caiu 43% puxado por debêntures (-41%) – principal instrumento de captação no segmento.

Caem emissões de renda fixa

Já quanto ao montante das emissões em renda fixa, o montante captado foi de R$ 69 bilhões no início de 2023, o que é abaixo dos R$ 120 bilhões levantados em igual período de 2022.

A debêntures captaram R$ 43 bilhões, ante R$ 73 bilhões um ano antes. Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) alcançaram R$ 7 bilhões no período, enquanto as emissões de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) totalizaram R$ 6 bilhões. O montante representa queda de 22,2% e 33,3%, respectivamente.

Fiagros e FIIs aqueceram o mercado

Do outro lado, os Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagros) e Fundos Imobiliários (FIIs) representaram aproximadamente 10% do total de emissões no mercado primário de janeiro a abril de 2023, com crescimento de 19% em relação ao mesmo período de 2022.

Segundo o estudo, a consolidação do Fiagro no mercado tem impulsionado o crescimento dos instrumentos híbridos de investimento.

“Com maior flexibilidade e diversificação, esses instrumentos combinam características de renda fixa e renda variável, atraindo investidores em busca de retornos atrativos e menor volatilidade. Essa tendência reflete a evolução e inovação no mercado financeiro, abrindo novas oportunidades de investimento no setor agroindustrial para aporte de recursos em diferentes etapas da cadeia produtiva do agronegócio”, disse relatório.

Fundos de investimento continuam com resgates

Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os fundos de investimento (multimercado, ações e renda fixa) tiveram um saldo negativo de captação em R$ 118 bilhões nos quatro primeiros meses do ano. Isso significa que tiveram mais saques do que novos aportes no período. Abril representou o sexto mês consecutivo em que foi registrado mais resgates do que aportes.

Os segmentos renda fixa e multimercados foram os responsáveis pela maioria dos saques: R$ 47 bilhões cada. Os fundos de ações registraram R$ 29 bilhões em resgates no período. Os fundos do tipo de baixa duração (carteira de renda fixa com duracion menor que 21 dias) foram os que sofreram os maiores resgates.

Mas apesar das saídas líquidas, o patrimônio líquido dos fundos cresceu devido à valorização das carteiras, segundo a Ártica.

E apesar dos pedidos de recuperação judicial, fundos de investimento seguiram comprando debêntures no mercado secundário, já que houve aumento de 22% no período para R$ 376 bilhões. Já a renda variável recuou em igual proporção na carteira dos institucionais, para R$ 548 bilhões. Mas a preferência segue pelos títulos públicos federais, com R$ 2,7 trilhões.

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