A economia brasileira avançou 1,1% em 2019, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (4). Com isso, o Produto Interno Bruto (PIB) somou no ano passado R$ 7.256,9 bilhões em valores correntes, dentro das expectativas dos analistas.
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Foi o terceiro ano seguido de PIB positivo no país, mas foi também o menor crescimento dos últimos três anos. Em 2017 e de 2018, a atividade brasileira havia crescido igualmente 1,3%, interrompendo quedas em 2015 e 2016. Com isso, a economia voltou ao mesmo patamar do terceiro trimestre de 2013.
Por que o PIB desacelerou?
No início de 2019, os economistas previam um crescimento acima de 2% para a economia brasileira. Mas vários obstáculos frustraram estas previsões: o acidente com uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho (MG); a guerra comercial entre China e Estados Unidos, que ameaçou desacelerar a economia global; o atraso na aprovação da reforma da Previdência; e a crise econômica na vizinha Argentina.
“A crise da Argentina trouxe impactos para a exportação de manufaturados e o colapso da barragem da Vale, em Brumadinho, prejudicou muito a indústria extrativista”, recorda analista de investimentos da Easynvest, José Falcão.
No terceiro trimestre do ano passado, a economia brasileira deu sinais de recuperação, com seus indicadores da indústria, serviços e comércio apontando para o positivo. Mas os dados de dezembro decepcionaram e levaram os economistas a revisarem ainda mais para baixo suas previsões para o PIB.
Setor de serviços puxa a alta
Pelo ponto de vista da oferta, a indústria cresceu 0,5% no ano passado. Já o setor de serviços, que tem o maior peso dentro do PIB, avançou 1,3%, enquanto a atividade agropecuária teve uma variação positiva de 1,3% ao ano.
Pela óptica da despesa, o consumo das famílias (que é o mais importante dentro do PIB) avançou 1,8% em 2019, o resultado mais fraco desde 2016. Mesmo puxando a alta do PIB, este componente, que é um dos principais motores do crescimento, desapontou as expectativas.
Enquanto isso, os gastos do governo caíram 0,4% no ano, refletindo os cortes de gastos previstos para equilibrar as contas públicas.
Já os investimentos em bens de capital (Formação Bruta de Capital Fixo) avançaram 2,2%. Com isso, a taxa de investimentos no país subiu para 15,2%, bem inferior ao pico registrado em 2013, quando foi a 21%. A taxa de poupança caiu para 12,2%.
As exportações, por sua vez, recuaram 2,5%, enquanto as importações caíram 1,1%. A construção civil cresceu 1,6%, primeira alta após cinco anos.
Veja o resumo da variação do PIB por setores em 2019:
Oferta:
- Indústria: + 0,5%
- Agronegócio: + 1,3%
- Serviços: +1,3%
Demanda:
- Consumo das famílias: + 1,8%
- Gastos do governo: – 0,4%
- Investimentos (FBCF): + 2,2%
- Exportações: – 2,5%
- Importações: – 1,1%
PIB per capita
Segundo o IBGE, o PIB per capita (por habitante do país) ficou praticamente estagnado no ano passado, com uma variação positiva de apenas 0,3%. Em termos reais, ele alcançou R$ 34.533 em 2019.
Resultados do 4º trimestre
No último trimestre de 2019, a economia brasileira teve uma expansão de 0,5% em relação ao trimestre anterior. Já na comparação com o quarto trimestre de 2018, o crescimento foi de 1,7%.
Pelo lado da oferta, a indústria avançou 0,2% no trimestre ante os três meses anteriores. O setor de serviços, por sua vez, cresceu 0,6% na mesma comparação, enquanto a agropecuária caiu 0,4% no período.
Já no lado da demanda, o consumo das famílias (que é o principal componente do PIB), cresceu 0,5% no quarto trimestre ante o terceiro, já com ajuste sazonal. Os gastos do governo subiram 0,4% no período, enquanto os investimentos das empresas (FBFX) recuaram 3,3% no trimestre, frente aos três meses anteriores.